terça-feira, 1 de dezembro de 2015

JOVENS QUEREM DECISÕES MAIS CORAJOSAS DA COP 21


A COP21 acompanhada pela ASPEA e aos olhos dos jovens.







Youngo – Youth Climate Movement – abre a COP21 com discurso preocupante, mas esperançoso
Pela Equipa da Agência Jovem de Notícias

Desde a UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas) de 2005, na COP5, em Bonn, jovens e adolescentes têm dado contributos no processo de preparação, além de realizarem reuniões preparatórias chamadas “Conferências da Juventude”, que ajudam a construir e capacitar esses jovens para o processo das negociações.

As Nações Unidas criaram um órgão, desde então, que representa essa parcela dos participantes, denominada YOUNGO (eleitorado observador de juventude das organizações não governamentais). Em termos práticos, foi dada à YOUNGO a responsabilidade de dirigir plenários, discutir segmentos de alto escalão sobre a COP/CMP, fazer requisições individuais e coletivas, realizar workshops de capacitação, encontrar oficiais de Convenções, como também ocupar cadeiras nas discussões e promover o dia da juventude e futuras gerações durante as COPs.

No primeiro dia de evento em Paris, na COP21, a YOUNGO fez sua primeira declaração e lançaram um documento apresentando as suas expectativas do órgão para os acordos que definirão a COP21.
“Respire fundo: esta será a última vez que qualquer ser vivo vai presenciar os níveis de CO2 abaixo de 400ppm. Acorde: após longos anos dormindo, desde 1992 até 2015, chegou a hora de acordar”, disse Juan Jose Vazquez Milling, representante da YOUNGO, em sua comunicação de abertura na COP21.

“Estamos aqui, em cada COP, para mostrar que podemos e vamos contribuir. Representamos metade dos seres humanos de todo o mundo e podemos ser uma voz moral forte. Ainda estamos à procura dos valores universais que nos podem guiar através dessas negociações. Pedimos aos negociadores que continuem a apreciar a nossa voz e a usá-la como uma inspiração para as próximas negociações”, contou Madie Little, outra oradora representante da YOUNGO.

No seu discurso, Juan Jose deu o alerta para a responsabilidade dos negociadores em relação ao futuro do nosso planeta como o conhecemos e como o queremos para as futuras gerações. “Estamos a encarar uma emergência planetária através de eventos ambientais extremos: cheias, tempestades, secas e elevação do nível mar demonstram a crise climática, junto com os impactos sociais e políticos que causam. Os cientistas já afirmaram, se os INDCs continuarem desse jeito, a temperatura do planeta vai aumentar 6 graus, sendo que o ideal para o limite do planeta Terra seria 1,5 graus”, contou.

“As pessoas podem não entender a complexidade da ciência do clima: os jargões, gráficos, siglas. O que sabemos é que o nível dos nossos mares estão a subir, o nosso planeta Terra está a morrer lentamente, a água salgada está a invadir a terra, com consequências negativas na agricultura e afetando a qualidade a água potável. Os nossos peixes e corais estão a morrer. O clima tem mudado tanto que já não conseguimos prevê-lo, tememos as secas tanto quanto as enchentes. Esta é a nossa realidade”, disse Ky, outra oradora do Fiji.

A juventude está em peso na COP21 e tiveram a oportunidade de alinhar o discurso na COY11, que aconteceu uma semana antes. A participação deste grupo de cidadãos jovens mostra que se os governos não forem ambiciosos, cobrará pela sua falta de coragem política. “Nós, os jovens, queremos ver o mundo através de uma lente moral mais forte, queremos ver um acordo que seja justo, ambicioso e fundamentada nos princípios da convenção”, afirmou Juan Jose. Ainda segundo ele, os partidos devem deixar de se descomprometerem e assumir as responsabilidade pelos seus atos: “As partes devem tomar medidas, reconhecendo as responsabilidades comuns diferenciadas e seguindo ações justas, sabendo que a cada ano aumentam os prejuízos para os mais vulneráveis”.

As enormes diferenças de emissões precisam ser definidas para não ultrapassar os 1,5 graus, só assim as nossas populações não vão morrer de fome, ou morrer de sede ou serem mortos em inundações. Não adianta achar que guerra e exploração vão resolver algo, o mundo unido pode reverter a situação que estamos a presenciar. O nosso futuro precisa de ser decidido nesses próximos dias da COP e, se depender da juventude, o planeta jamais correrá o risco que está correr.


Joaquim Ramos Pinto
Presidente da Direção Nacional
ASPEA - Associação Portuguesa de Educação Ambiental
Rede Lusófona de Educação Ambiental
Caretakers of the Environment International/Portugal
Affiliate of the Earth Charter
Rede PlanTEA

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