O ARTIGO DEIXA CLARO QUE ESSAS OCUPAÇÕES NÃO SÃO NEM JUSTAS NEM DEMOCRÁTICAS. OU SERÁ QUE A DEMOCRACIA SERÁ IMPOSTA AOS EMPOBRECIDOS COM O USO DAS ARMAS?
JUNTO COM O POVO DA MARÉ E O DE TODAS AS FAVELAS OCUPADAS, NÃO PODEMOS ACEITAR QUE SE REPITA AQUI O QUE FOI APRENDIDO NO HAITI: UMA OCUPAÇÃO MILITAR SEM FIM, UM PROCESSO IMPOSITIVO E VIOLENTO DE ORDEM, UMA NEGAÇÃO DA CULTURA E DOS DIREITOS DAS PESSOAS, COMUNIDADES E POVOS. PODEMOS EXIGIR QUE A RETIRADA DO HAITI DE TODAS AS TROPAS MILITARES BRASILEIRAS ATÉ 2016 SEJA OPORTUNIDADE PARA REVER CRITICAMENTE E À LUZ DA VERDADEIRA DEMOCRACIA E DOS DIREITOS HUMANOS AS "OCUPAÇÕES" DAS FAVELAS BRASILEIRAS, PARA QUE A PRÁTICA MILITAR NO HAITI NÃO SE MULTIPLIQUE POR AQUI...
O Haiti é aqui!
25/05/2015 · DIREITOS HUMANOS, PAZ ARMADA
Gizele Martins - em http://luizbaltar.com.br/blog?c=Direitos%20Humanos
Há anos que esta frase circula por aí, mas nunca imaginei que um dia eu iria pensar e repetir esta frase com tanta certeza de que realmente o Haiti é aqui, é aqui na Maré também! Estamos com nossas ruas ‘ocupadas’ por tanques de guerra há um ano, assim como no Haiti. Estamos com a vida militarizada, assim como no Haiti. Estamos sofrendo tamanha censura, assim como no Haiti. Estamos virando números, assim como naquele país que está ‘ocupado’ há 11 anos por tanques de guerra da chamada democracia brasileira.
Na semana passada, nos dias 22 e 23 de maio, foi realizado o ‘Seminário Nacional sobre o Haiti: Construindo Solidariedade’, em São Paulo. Lá, aprendi um pouco mais sobre a realidade daquele povo, tive mais noção das violações de direitos que as tropas causaram e ainda causam lá. Tive mais ideia também de como sobrevivem os refugiados aqui no Brasil, país que eles tanto admiram e que tanto maltratam esta população, aqui e lá.
Não tenho ideia do quanto foi gasto para que as tropas brasileiras permanecessem ali durante todo este tempo, mas tenho noção do quanto se investe aqui na Maré. Neste Haiti aqui, são gastos mais de 1,7 milhão por dia. Aqui, nesta favela habitada por nordestinos, negros e indígenas que somam mais de 132 mil moradores, o que se investe é em armas, tanques, granadas, não se investe na valorização deste local, na cultura local, na melhoria das habitações, não se respeita o nosso dia a dia, não se investe em educação, quer dizer, a única coisa ‘investida’ na ‘educação’ mareense depois da entrada do Exército, foi a tal revistinha chamada de ‘O Recrutinha’, em que se valorizava os soldadinhos e nacionalismo, tentando colocar para as crianças daqui de que tais tanques são coisas boas sim para a vida mareense.
O que se pode perceber, é que a vida haitiana e a vida mareense, depois destas invasões de tanques permitidos por esta falsa democracia brasileira, não serão mais as mesmas. Não serão mais as mesmas, pois são inúmeras as mães que não verão mais os seus filhos, já que os soldados os mataram; em tais territórios a lei da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), é bem presente, aqui e lá, o que vale é a permissão para matar, é o agir como polícia; o encarecimento do solo na Maré, também é outro fato, sem contar no nosso dia a dia, pois não é mais o mesmo, a nossa cultura, esta sensibilidade da identidade favelada, está em constante transformação há um ano, transformação por causa da censura não dita, mas que nem é preciso pronunciá-la quando se tem em sua volta inúmeros tanques que matam.
A pergunta é: Por que tanto investimento em tanques que matam? Seria uma questão racial? Por que os haitianos são escravizados neste país chamado Brasil? Por que merecemos tanques de guerra? Por que não se investe em direitos humanos básicos para a vida ou sobrevivência desta população pobre? Não queremos uma vida militarizada, queremos de volta o nosso direitos de resistir, já que até isto tem sido nos tirado! Queremos um Haiti livre! Queremos uma Maré livre! Queremos o direitos de existirmos, de sermos, de falarmos, de gritarmos contra toda a opressão desta nojenta democracia que nos mata!
Haiti e Maré resistem!
Tirem as tropas do Haiti, tirem as tropas da Maré!
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