DE TODA MANEIRA CRESCE O NÚMERO DE PESSOAS E ENTIDADES COMPROMETIDAS COM O ENFRENTAMENTO DE TUDO QUE TEM A VER COM O AUMENTO E AGRAVAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.
O Brasil é o segundo país no mundo em volume de tornados e São Paulo é o maior detentor destas ocorrências.
A reportagem é de Júlio Ottoboni, publicada por Envolverde, 06-05-2015.
Os eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas continuará a castigar o Estado de São Paulo ainda mais, principalmente as áreas conurbadas como as regiões metropolitanas da capital, do Vale do Paraíba e de Campinas. A grande concentração urbana em faixas contínuas ocupando imensas áreas tem provocado episódios potencializados das alterações nos microclimas regionais.
Eventos como secas prolongadas intercaladas com grandes tempestades e a presença de fenômenos com alto poder destrutivo como os tornados serão cada vez mais frequentes. Os invernos deverão ser mais curtos, os verões ainda mais quentes e as tempestades substituirão de vez as chuvas brandas e prolongadas. Assim como epidemias agravadas pelo desequilíbrio ambiental, como dengue e malária. O cenário é dos piores.
O alerta vem dos principais centros de pesquisas do país, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ambos de São José dos Campos, além de estudos de diversas universidades como da Unicamp e da USP entre outras, inclusive do exterior.
No último dia 20 um tornado F3 na escala Fujita atingiu em cheio a cidade Xanxerê, Santa Catarina, e outros 33 povoados em seu caminhado. No seguinte, foi a vez da cidade de Ponte Serrada ser devastada pelo fenômeno. O Brasil é o segundo país no mundo em volume de tornados e São Paulo é o maior detentor destas ocorrências. O Vale do Paraíba registra casos significativos quanto ao fenômeno, como os ocorridos em São José dos Campos, Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, Taubaté entre outras cidades paulistas. No trecho fluminense, Volta Redonda e Resende já registraram o surgimento de tornados.
Há 20 anos, esse fenômeno formado a partir de nuvens de cumulonimbus, nome técnico às formações de tempestades, sequer era reconhecido pelos meteorologistas brasileiros que diziam ser inexistente esse tipo de ocorrência em território nacional.
Catástofre em Teresópolis
Catástofre em Teresópolis
De acordo com uma pesquisa publicada nesta semana pela revista científica britânica Nature feita pelo Instituto de Ciências Atmosféricas e Climáticas da universidade ETH Zurique, cerca de 75% de altas temperaturas extremas registradas no planeta estão ligadas diretamente ao aquecimento global. E 18% das precipitações extremas também têm a mesma origem e são decorrentes de ações antrópicas.
O pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, Antonio Donato Nobre, é um dos cientistas que tem alertado para a necessidade de se preparar para o novo modelo de clima na região e sobre a necessidade urgente de ações mitigadoras.
“Existe uma vasta literatura sobre o assunto, os eventos extremos vão aumentar de frequência e intensidade com asmudanças climáticas globais. Temos pelo menos 20 anos de alertas dados. Agora, no caso de alertas sobre tornados individuais, precisamos ter uma rede de radares doppler e mesmo assim o melhor que se consegue de antecedência é alguns poucos minutos. Não era mais fácil termos cuidado do clima planetário, termos preservado nossas florestas, termos replantado o que foi destruído?”, questionou o cientista.
Para do Cemaden e criador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), Carlos Nobre, a situação é grave e merece uma atenção redobrada por parte de todos.
“Só para dar uma ideia, de outubro de 2013 a março de 2014, choveu cerca de 50% do que deveria ter chovido nesses seis meses. De outubro de 2014 ao final de março de 2015 choveu 75% do que seria esperado e ficou 25% abaixo da média ainda, o que é bem seco, mas muito diferente da mega seca que foi há um ano”, observou.
“Só para dar uma ideia, de outubro de 2013 a março de 2014, choveu cerca de 50% do que deveria ter chovido nesses seis meses. De outubro de 2014 ao final de março de 2015 choveu 75% do que seria esperado e ficou 25% abaixo da média ainda, o que é bem seco, mas muito diferente da mega seca que foi há um ano”, observou.
Para Nobre, as mudanças climáticas vão diminuir o espaçamento entre as recorrências. Inexiste no momento como saber qual será essa diminuição.
“Podemos dizer que eventos dessa natureza, que eram muito raros, vão acontecer com mais frequência e em seus extremos. A mudança climática cria essa situação, onde havia uma certa variabilidade de fenômenos extremos raros começam a ficar mais frequentes”.
No caso das áreas conurbadas a tendência é que se tornem cada vez mais quentes e com isso, propícias as grandes tempestades e secas mais rigorosas. E a ilha de calor já mudou o ciclo das chuvas em São Paulo e continuará a alterar nas faixas de aglomerados urbanos. Atualmente, na capital paulista chove de 30% a 35% a mais do que há 80 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário