O secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon estará no Vaticano, no próximo dia 28, para se encontrar com o Papa Francisco. Durante a visita, as conversas dos dois líderes estarão centradas sobre o meio ambiente, ou mais exatamente: os problemas colocados pelas mudanças climáticas e a resposta que a comunidade internacional deve produzir caso deseje conter o fenômeno que está, mais do que nunca, ampliando as crises sociais, guerras e a imigração.
A reportagem é de Francesco Peloso, publicada por Vatican Insider, 23-04-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
As questões que os dois líderes abordarão foram confirmadas pelo secretário da ONU dias atrás, quando afirmou que falaria com Francisco sobre as “preocupações comuns” que há nas agendas dos dois líderes. Ban Ki-Moon também observou que esta é a primeira vez que um papa convida um secretário-geral das Nações Unidas para ir ao Vaticano.
A questão das mudanças climáticas estará no centro de uma conferência internacional a acontecer no dia 28 de abril e que se dedicará a discutir as implicações éticas presentes no fenômeno e desenvolvimento sustentável.
O evento, promovido pelas Pontifícias Academias das Ciências, junto com a ONG “Religion for Peace” e a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (ligada à ONU), será aberto com uma alocução de Ban Ki-Moon.
É, pois, evidente que a visita excepcional do secretário-geral está ligada aos objetivos dos eventos em pauta dos próximos meses.
Durante a visita do Papa Francisco aos Estados Unidos em setembro, ele será recebido na Sede das Nações Unidas, em Nova York. Antes dessa visita, o papa irá passar por Cuba depois de ter desempenhado um importante papel nas negociações que levaram à recente pacificação das tensões históricas entre estes dois países.
Antes do fim do ano (de 30 de novembro a 11 de dezembro) será realizada, em Paris, uma conferência mundial sobre o clima. Nela, a comunidade internacional buscará alcançar acordos sobre quais políticas e escolhas econômicas que combaterão o fenômeno das mudanças climáticas e o aquecimento global.
Na sequência deste evento estão as duas conferências de Kyoto e Copenhague, em que a primeira tem sido destacadamente severa no estabelecimento dos objetivos que cada país deve alcançar; e a segunda vem sendo conhecida por definir critérios menos comprometedores para os países.
O objetivo, agora, é encontrar um compromisso aceitável entre estes dois extremos. Para isso, a Santa Sé poderá ser um dos protagonistas nas negociações, contando com a autoridade moral do Papa Francisco, e, ao mesmo tempo, mostrando uma capacidade diplomática favorecida pelo fato de que ela – a Santa Sé – não tem interesses específicos afetados pelas negociações.
A conferência acontecerá no Vaticano e irá cobrir tópicos da encíclica e da conferência de Paris. Estarão participando nas discussões inúmeros líderes religiosos, pesquisadores e cientistas; após o discurso de abertura de Ban Ki-Moon, os participantes ouvirão o Cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e Paz, e Jeffrey Sachs, economista e diretor da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável.
Nos últimos dois anos, Sachs elogiou o Papa Francisco, particularmente, os seus ensinamentos nos quais expressa uma conexão entre a moralidade, o desenvolvimento e a globalização.
“O objetivo desta cúpula”, lê-se no texto de apresentação do encontro, “é conscientizar e criar um consenso sobre os valores do desenvolvimento sustentável em coerência com os valores das principais tradições religiosas e atenção particular aos pobres” e também “ampliar o debate mundial sobre o tema, indicando as dimensões morais que estão na base da proteção do ambiente antes da encíclica papal e ajudando a construir um movimento global em todas as religiões para o desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas durante 2015 e depois”.
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