Vou comentar uma notícia que o professor da USP, Ricardo
Abramovay, publicou no artigo “A revolução silenciosa das energias renováveis”[1]:
a produção de energia solar no mundo está dobrando a cada dois anos, e já se
produz tal quantidade que, se dobrar mais oito vezes, nos próximos 16 anos toda
a energia que a humanidade precisa será produzida por meio da transformação dos
raios do sol em energia elétrica.
Esta notícia é tão extraordinária que ninguém pode estranhar
que haja gente que divide dela. Mas, se a gente tiver presente que só a China
está aumentando, a cada ano, sua produção de energia solar fotovoltaica em mais
de 12 GW, isto é, uma quantidade quase igual a toda a energia elétrica
produzida pela hidrelétrica de Itaipu, dá para entender que é possível, sim,
alcançar o feito de produzir com os raios do sol toda a energia que a
humanidade precisa.
Na verdade, mesmo com a tecnologia que temos hoje, já dá
para calcular quantos quilômetros fará um automóvel flex usando o etanol
produzido num hectare de terra durante um ano: ele andará em torno de 43 mil e
800 quilômetros. Agora, se o mesmo hectare for coberto por células
fotovoltaicas, com a energia elétrica produzida um carro elétrico andará 1
milhão e 500 mil quilômetros.
Outra comparação: com a água do lago de Itaipu se consegue
produzir 14 GW de energia elétrica, isto é, 25% de toda a energia produzida no
Brasil; se toda a área do lago fosse coberta com painéis fotovoltaicos, a
produção de energia elétrica seria o dobro, isto é, mais da metade de toda a
energia consumida no Brasil.
Sabendo disso tudo, como entender que no Brasil, com o sol
maravilhoso que cai em todo o seu território, só se produza, até agora, 0,013 GW
de energia solar, isto é, praticamente nada? A única explicação é essa: a
política energética é controlada e favorece os grandes grupos econômicos que
ganham com a construção de grandes usinas e com a venda de energia.
Então está na hora de mudar nossa política energética. O
Brasil precisa assumir o sol como a fonte principal de energia, e os ventos
como sua complementação. É com este objetivo que será realizado o Fórum Social
Temático Energia para que? Para quem?
Como?, nos dias 7 a 10 de agosto em Brasília. Informe-se em www.fst-energia.org, inscreva-se,
participe.
[1]
IHU – 2 de julho – Emissões:
responsabilidades diferenciadas? – Roberto Abramovay - professor titular
da FEA e do IRI/USP, pesquisador do CNPq e da Fapesp, e autor de "Muito Além da Economia Verde, ed. Planeta Sustentável", em
artigo publicado por Carbono Brasil no dia 30 de
junho
de 2014.
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