segunda-feira, 21 de julho de 2014

AS CIDADE E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS



As cidades do planeta Terra ocupam menos de 2% da sua superfície, mas é nelas que se consome a maior quantidade de energia. Isso faz que elas sejam produtoras de 60% de todo o gás dióxido de carbono emitido para a atmosfera. E elas produzem também outros gases que aumentam o aquecimento, seja na geração de energia e no mau tratamento dos lixos, como no funcionamento dos motores de veículos e nas indústrias.

Quem apresenta este quadro das cidades é o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos (ONU-HABITAT). E todo o esforço deste organismo tem procurado encontrar jeitos diferentes de se viver nas cidades, para que elas pesem menos no aquecimento global da Terra que agrava as mudanças climáticas.

Um estudo feito pela CETESB em São Paulo chegou à conclusão de que os automóveis são responsáveis por 77% da produção de monóxido de carbono, de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio.

Para diminuir os estragos climáticos das cidades são necessárias muitas mudanças no jeito de se viver nelas. A mais importante e urgente é esta: criar meios de transporte de boa qualidade e que carregam muita gente, para que a mobilidade das pessoas deixe de ser feita com automóveis, quase sempre usados por uma pessoa. E que os meios de transporte de massa usem energia produzida com a transformação do sol e dos ventos em energia elétrica nos telhados das casas, nos prédios, nos espaços comuns, para que ela também deixe de ser poluente.

Junto com essa mudança, será preciso replanejar as cidades para que as pessoas não precisem deslocar-se tanto em seu território. Para isso, será fundamental que as pessoas encontrem perto de sua moradia os serviços públicos de saúde, educação, lazer, cultura, e mesmo os locais de trabalho. Em outras palavras, em vez de dar tanta liberdade às empresas, sacrificando as pessoas, será preciso organizar sua construção perto dos bairros em que moram os que nelas trabalham, e exigir que elas também evitem o máximo possível das poluições.

Por outro lado, é vital o serviço de saneamento básico em toda a cidade, garantido água de qualidade para todas as pessoas, diminuindo a produção de lixos e esgotos, reciclando tudo que for possível, produzindo biogás e adubo orgânico.  

Tudo isso é possível, mas não fácil. A conquista de cidades humanizadas, menos poluentes, depende da tomada de consciência da maioria das pessoas de que isso precisa ser feito urgentemente para evitar as mudanças climáticas que tornarão cada vez mais difícil a vida; e depende se sua decisão de pressionar os governantes para que governem com seu povo em favor da construção de cidades centradas na busca de vida de qualidade para a geração atual e para as futuras gerações.
           
               [texto de Ivo Poletto para programa radiofônico]

Nenhum comentário:

Postar um comentário