As cidades do planeta Terra ocupam menos de 2% da sua
superfície, mas é nelas que se consome a maior quantidade de energia. Isso faz
que elas sejam produtoras de 60% de todo o gás dióxido de carbono emitido para
a atmosfera. E elas produzem também outros gases que aumentam o aquecimento,
seja na geração de energia e no mau tratamento dos lixos, como no funcionamento
dos motores de veículos e nas indústrias.
Quem apresenta este quadro das cidades é o Programa das
Nações Unidas para Assentamentos Urbanos (ONU-HABITAT). E todo o esforço deste
organismo tem procurado encontrar jeitos diferentes de se viver nas cidades,
para que elas pesem menos no aquecimento global da Terra que agrava as mudanças
climáticas.
Um estudo feito pela CETESB em São Paulo chegou à conclusão
de que os automóveis são responsáveis por 77% da produção de monóxido de
carbono, de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio.
Para diminuir os estragos climáticos das cidades são
necessárias muitas mudanças no jeito de se viver nelas. A mais importante e
urgente é esta: criar meios de transporte de boa qualidade e que carregam muita
gente, para que a mobilidade das pessoas deixe de ser feita com automóveis,
quase sempre usados por uma pessoa. E que os meios de transporte de massa usem energia
produzida com a transformação do sol e dos ventos em energia elétrica nos
telhados das casas, nos prédios, nos espaços comuns, para que ela também deixe
de ser poluente.
Junto com essa mudança, será preciso replanejar as cidades
para que as pessoas não precisem deslocar-se tanto em seu território. Para
isso, será fundamental que as pessoas encontrem perto de sua moradia os
serviços públicos de saúde, educação, lazer, cultura, e mesmo os locais de
trabalho. Em outras palavras, em vez de dar tanta liberdade às empresas,
sacrificando as pessoas, será preciso organizar sua construção perto dos
bairros em que moram os que nelas trabalham, e exigir que elas também evitem o
máximo possível das poluições.
Por outro lado, é vital o serviço de saneamento básico em
toda a cidade, garantido água de qualidade para todas as pessoas, diminuindo a
produção de lixos e esgotos, reciclando tudo que for possível, produzindo biogás
e adubo orgânico.
Tudo isso é possível, mas não fácil. A conquista de cidades
humanizadas, menos poluentes, depende da tomada de consciência da maioria das
pessoas de que isso precisa ser feito urgentemente para evitar as mudanças
climáticas que tornarão cada vez mais difícil a vida; e depende se sua decisão
de pressionar os governantes para que governem com seu povo em favor da
construção de cidades centradas na busca de vida de qualidade para a geração
atual e para as futuras gerações.
[texto de Ivo Poletto para programa radiofônico]
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