terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A ENERGIA SOLAR É CARA?

Há contradições nas falas dos governantes responsáveis pela política energética. Nos documentos da Empresa de Planejamento Energético, do Ministério de Minas e Energia encontramos sempre a mesma afirmação: a energia solar é cara e por isso não consegue concorrer de modo especial com a energia hídrica. Mas, em entrevistas, e certamente para justificar o pouco que está sendo feito pelo governo, afirma-se: a energia solar já é vantajosa nas casas, porque os investimentos podem ser recuperados em poucos anos.

Afinal, quando a energia solar é cara, então? Ela é cara para a produção de energia no modelo seguido em nosso país: produção em grandes usinas, linhas de transmissão quase infinitas e venda de energia nos locais de consumo. Então, ainda não tem preço vantajoso para estas empresas a produção de energia solar em fazendas de módulos fotovoltaicos. E como as empresas declaram: esta fonte é cara, o governo, submisso, repete: não é vantajoso investir nessa fonte.

Mas, e se é já vantajosa a produção nos telhados das casas, pois o investimento é recuperado em poucos anos, qual o motivo para que o governo não incentive este tipo de produção? Por que não desvia parte ou todos os bilhões oferecidos às empresas para construírem grandes usinas hidrelétricas, alterando a função dos rios amazônicos e gerando graves crimes socioambientais, ou usinas térmicas e nucleares, todas poluentes e ameaçadoras?

É esquisito o que se diz: as famílias podem tornar-se microprodutoras de energia, e podem trocar esta energia com as distribuidoras, mas não merecem nenhum estímulo: não se dispensa impostos dos componentes, não se facilita financiamentos e não se leva informação ao povo. Não se diga que é porque a produção é pequena e para uso individualizado. Afinal, se 40 milhões de residências do país produzissem, digamos, 200 kW cada uma, quanta energia seria produzida? E quantos bilhões de reais seriam necessários para estimular as famílias a se tornarem microprodutores de energia, sabendo que, ao ser anunciada esta prioridade, os preços dos componentes podem cair em torno de 40%?


Nosso país continua colonizado, pois aceita ser governado em favor de empresas que usam aqui tecnologias que elas estão abandonando nos países centrais. Precisamos exigir mudanças nas políticas para que vivamos melhor usando as abundantes fontes mais limpas de energia que o país tem.

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