É bom, mas não basta desejar “feliz ano novo”. Para que esse
desejo tenha efeito é preciso estar decido a fazer tudo que for possível para
que o ano seja de fato novo, isto é, diferente e melhor do que o ano anterior,
fonte real de felicidade.
Olhando a sociedade brasileira em seu conjunto, e não apenas
os eventos comerciais e midiáticos como a Copa de futebol, que continuará
questionada pelo Movimento dos Atingidos pela Copa, 2014 já se conta com uma
agenda muito rica: em fevereiro, haverá o Congresso do MST, que se propõe um
avanço resumido no lema: “lutar, construir reforma agrária popular! Não se
trata de apenas de exigir do governo que faça reforma agrária; o que se busca é
que todos os setores populares, do campo e da cidade, compreendam que sem
reforma agrária o Brasil continuará um país para poucos e sem produzir
alimentos saudáveis para todas as pessoas. E não haverá reforma agrária popular
sem que os territórios dos povos indígenas e comunidades tradicionais sejam
demarcados e garantidos.
Esse congresso se liga com um desafio comum dos movimentos
sociais, o de mobilizar a cidadania para participar, em setembro, na Semana da
Pátria, do Plebiscito Popular por uma Assembleia Constituinte Exclusiva para fazer
a reforma política do Estado brasileiro que o povo quer. Esta é uma grande
oportunidade de avançarmos para uma democracia assentada sobre o poder popular,
único poder soberano, liberando-nos da dominação das elites econômicas e seus
aliados.
Outra mobilização importante acontecerá nos dias 7 a 10 de
agosto, em Brasília: o Fórum Social Temático sobre “Energia: para quê? para
quem? como?” Quer ser um encontro mundial de todos que lutam contra os riscos
da produção de energia nuclear; contra os crimes sociais e ambientais da
multiplicação de grandes hidrelétricas, de modo especial na Amazônia; contra as
usinas térmicas que usam fontes fósseis; e dos que lutam em favor da energia produzida
com a luz do sol, com os ventos, a biomassa e o movimento natural das águas, e
produzida em cada casa e localidade, perto de quem consome. Ele será uma
prática de pressão para que o governo federal mude a política energética, e o
faça junto com e em favor do povo, e não das empresas, que só querem ganhar
cada vez mais vendendo a energia como mercadoria. Nós queremos a energia como
bem e direito comum.
Teremos, por fim, as eleições, em outubro. Em quem votar?
Haverá candidatos que assumirão como parte de seu programa de governo o que os
movimentos e mobilizações sociais vão propor e exigir para que a sociedade
brasileira seja mais justa nos próximos anos? Se houver, cabe-nos não apenas
votar, mas cobrar os compromissos assumidos.
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