domingo, 1 de dezembro de 2013

INIMIGOS DA SAÚDE E ALIADOS DO GOVERNO?

Já publiquei notícia do aumento contínuo do sofrimento e morte causados por muitos tipos de câncer. Segundo pesquisas, em mais 15 anos o câncer estará causando mais morte do que as doenças cardiovasculares, as doenças do coração e das veias e artérias. Insistíamos ser importante buscar as causas desse crescimento espantoso, constatado por todas as pessoas. Agora temos alguns dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul que nos ajudam a entender o que está acontecendo. Vejam:

- no Rio Grande do Sul, estado que mais ajudou a introduzir de forma ilegal as sementes transgênicas, a agricultura usou 85 milhões de litros de agrotóxicos na safra de 2009/2010 – isto é, mais de 8 litros para cada gaúcho! Na região em que há mais monoculturas, o agronegócio aplicou 919 litros por quilômetro quadrado, igual a um consumo de 33,2 litros de agrotóxicos por habitante.

- no Brasil como um todo, a quantidade de agrotóxicos utilizados é igual a 4 litros e meio para cada brasileiro e brasileira.

Como todas as pesquisas deixam claro que os agrotóxicos são causadores de câncer, é correto concluir que essa agricultura é inimiga da saúde das pessoas. Sabendo que a agroecologia cresce em todas as regiões, e que agora conta com o reconhecimento do Plano Nacional de Agroecologia, podemos perguntar-nos: não se deveria cobrar do agronegócio o pagamento dos tratamentos demorados de câncer?

A realidade, contudo, deixa a gente confusa e revoltada: como aceitar que o governo federal e o dos estados tenham partidos e políticos que defendem e promovem o agronegócio como seus aliados? Será que valem a pena os dólares gerados com a venda das commodities do agronegócio, quando se tem presente os sofrimentos, os custos de tratamento e as mortes precoces provocadas por cânceres?


Quando a saúde das pessoas e da Terra se fizer presente no planejamento das políticas públicas, com certeza os que usam agrotóxicos e vendem alimentos e água contaminados, assim como os que promovem o uso de derivados do petróleo, não terão apoio de recursos públicos e poderão ser cobrados pelos prejuízos às pessoas e à Terra. Assim sendo, não chegou a hora de exigirmos que os governos só apoiem a produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, e invistam mais em transporte coletivo eficiente nas cidades, proibindo o uso de automóveis?

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