terça-feira, 12 de novembro de 2013

A CONFERÊNCIA DO CLIMA, DA ONU, RESPONDERÁ O DESASTRE DO TUFÃO HAIYAN?

Estou numa reunião do GT Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdade, no Rio de Janeiro. Ele faz parte do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e elaborou, num processo participativo, um documento com propostas sobre Adaptação às Mudanças Climáticas para os responsáveis pela Política pública em relação aos efeitos destas mudanças no Brasil.  O motivo da reunião é que este documento não foi levado em conta no processo governamental de elaboração do novo Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Mesmo assim, as entidades do GT forma convidadas a contribuir com o novo Plano. Diante disso, junto com outras ações conjuntas do GT, o que se está exigindo é que o documento seja reconhecido como contribuição da sociedade civil.

Como se percebe, é muito difícil conseguir ser ouvido e ser levado a sério pelo governo em temas tão espinhosos e desafiadores como as Mudanças Climáticas. Tudo indica que ele prefere ouvir e acolher as reivindicações das empresas e dos técnicos que defendem seus interesses.

É o que continua acontecendo também nas COP - Conferências sobre o Clima - da ONU. E tanto que, como nos adverte no artigo abaixo, a 19ª COP, que está sendo realizada em Varsóvia, Polônia, quase com certeza ficará indiferente ao o terrível desastre socioambiental que destruiu parte importante das Filipinas. E fica a pergunta: os governantes do mundo só se moverão quando não haverá mais condições de recuperação?

De nossa parte, contudo, como pessoas com sentimento de humanidade, não podemos acomodar-nos à indiferença dos governantes e aos interesses das empresas transnacionais. Precisamos transformar a indignação em pressões capazes de forçar as mudanças que já deveriam ter acontecido.


Conferência do clima e o tufão Haiyan.

Roberto Malvezzi (Gogó)

                Uma tragédia social e climática marca o início da 19ª conferência do clima da ONU: o tufão Haiyan que varreu as Filipinas, como que reduzindo a pó um país inteiro. Pior, com cálculo ainda estimativo de dez mil mortos.
                É comum em muitas análises da realidade contemporânea, inclusive vindo de certas esquerdas, o menosprezo pelas mudanças climáticas em processo. Embora o mundo da ciência nos alerte todos os dias sobre as consequências praticamente imprevisíveis de mudanças tão brutais, embora os fatos nos evidenciem de forma trágica o que já acontece, os responsáveis pela condução das políticas globais e dos países em particular parecem olhar a realidade como se ela ainda fosse um delírio. Mas, um tufão como esse nos mostra que a realidade pode ser pior que qualquer delírio.
                As ideologias são importantes porque nos permitem ver qual lugar ocupamos na sociedade e como os agrupamentos humanos, a partir de seus interesses, se organizam para disputar a sociedade. Mas, quando as ideologias – senso comum, religiões e filosofias, como estipulou Gramsci - perdem o senso do humanitário, então elas nos cegam e se tornam obstáculos para vermos o tal “óbvio ululante” que saltita diante de nossos olhos.
                As mudanças climáticas são e serão cada vez mais trágicas. Os mais pobres e desvalidos pagarão às centenas, aos milhares, aos milhões, com suas próprias vidas. Entretanto, segundo o discurso que vai da direita a certas esquerdas, não podemos parar o progresso em função das questões ambientais.
                Não há nenhum sinal que um fato assombroso como esse ressoe  em Varsóvia, onde se realiza a COP- 19. O capitalismo climático se afunda em cada tufão.
                Tudo indica o pior, mas o pior é recusar-se a ver a realidade dos fatos.

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