segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A CONCENTRAÇÃO DA RIQUEZA E O ESTRESSE DA TERRA



Mahatma Ghandhi, o grande mestre da Índia, deixou claro que "A Terra provê o suficiente para as necessidades de to­dos os homens, mas não para a voracidade de todos." De fato, Jean Ziegler, especialista mundial sobre o direito humano à alimentação, confirma: o que se produz atualmente já dá para alimentar 12 bilhões de pessoas. Então, por que há um bilhão de pessoas na pobreza, subalimentadas, e muitas delas ainda morrem pela fome?
A resposta não está na falta de generosidade da Terra; mesmo muito maltratada, ela ainda ajuda a produzir muitos alimentos. A resposta está ligada à voracidade, ao quase desespero e loucura com que algumas pessoas querem acumular riquezas. Por não estarem nunca satisfeitas, terminam concentrando em suas mãos, em títulos de bolsas, em bancos, propriedades e empresas o que falta para a maioria da humanidade.
De fato, dados recentes sobre o mapa da concentração até mesmo geográfica da riqueza, publicados pelo jornalista Luiz Nassif, indicam que os que possuem bens com valor total de 8.600 possuem mais riqueza do que 3 bilhões e 500 milhões de pessoas; por outro lado, 1% da população mundial, isto é, 70 milhões de pessoas, controla mais riqueza do que os demais 6 bilhões e 930 milhões. Só que este dado ainda esconde que a riqueza está muito mais concentrada. Na verdade, apenas 32 milhões de pessoas podem ser consideradas de fato ricas; e, mais ainda: 161 delas controlam 140 grandes corporações mundiais e, por isso, dominam praticamente todo o sistema econômico e político do mundo.
 Isso deixa claro que a frase do Ghandi precisa ser atualizada: o que a terra não consegue prover é tudo que a voracidade de poucos está concentrando em seu poder. A comida que falta para um bilhão de pessoas, bem como a água tratada que falta para mais de dois bilhões, e o ambiente sadio e a garantia de direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais que faltam para dois terços dos seres humanos - tudo isso se deve a essa absurda concentração da riqueza e à subordinação dos governantes aos seus interesses e caprichos.  
Quem deseja o fim da fome e da pobreza, como a Cáritas, que está lançando uma campanha internacional com este objetivo no dia 10 de dezembro, dia mundial dos direitos humanos, precisa saber que fome e pobreza não são fenômenos naturais; elas são produzidas pelos poucos que controlam a economia de mercado e os governos dos países, e superação delas depende da criação de sociedades assentadas sobre a solidariedade entre as pessoas que vivem com dignidade e simplicidade.

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