Mahatma Ghandhi, o
grande mestre da Índia, deixou claro que "A Terra provê o suficiente para
as necessidades de todos os homens, mas não para a voracidade de todos."
De fato, Jean Ziegler, especialista mundial sobre o direito humano à
alimentação, confirma: o que se produz atualmente já dá para alimentar 12
bilhões de pessoas. Então, por que há um bilhão de pessoas na pobreza,
subalimentadas, e muitas delas ainda morrem pela fome?
A resposta
não está na falta de generosidade da Terra; mesmo muito maltratada, ela ainda
ajuda a produzir muitos alimentos. A resposta está ligada à voracidade, ao
quase desespero e loucura com que algumas pessoas querem acumular riquezas. Por
não estarem nunca satisfeitas, terminam concentrando em suas mãos, em títulos
de bolsas, em bancos, propriedades e empresas o que falta para a maioria da
humanidade.
De fato,
dados recentes sobre o mapa da concentração até mesmo geográfica da riqueza, publicados
pelo jornalista Luiz Nassif, indicam que os que possuem bens com valor total de
8.600 possuem mais riqueza do que 3 bilhões e 500 milhões de pessoas; por outro
lado, 1% da população mundial, isto é, 70 milhões de pessoas, controla mais
riqueza do que os demais 6 bilhões e 930 milhões. Só que este dado ainda
esconde que a riqueza está muito mais concentrada. Na verdade, apenas 32
milhões de pessoas podem ser consideradas de fato ricas; e, mais ainda: 161
delas controlam 140 grandes corporações mundiais e, por isso, dominam
praticamente todo o sistema econômico e político do mundo.
Isso deixa claro que a frase do Ghandi precisa
ser atualizada: o que a terra não consegue prover é tudo que a voracidade de
poucos está concentrando em seu poder. A comida que falta para um bilhão de
pessoas, bem como a água tratada que falta para mais de dois bilhões, e o
ambiente sadio e a garantia de direitos econômicos, sociais, culturais e
ambientais que faltam para dois terços dos seres humanos - tudo isso se deve a
essa absurda concentração da riqueza e à subordinação dos governantes aos seus
interesses e caprichos.
Quem deseja o fim da fome e da pobreza, como a
Cáritas, que está lançando uma campanha internacional com este objetivo no dia
10 de dezembro, dia mundial dos direitos humanos, precisa saber que fome e
pobreza não são fenômenos naturais; elas são produzidas pelos poucos que
controlam a economia de mercado e os governos dos países, e superação delas depende
da criação de sociedades assentadas sobre a solidariedade entre as pessoas que
vivem com dignidade e simplicidade.
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