É TÃO IMPORTANTE ESSA INFORMAÇÃO, QUE DECIDI DISPONIBILIZAR PARA AS AMIGAS E AMIGOS. E PEÇO A TODAS E TODOS QUE A ENVIEM AOS SEUS AMIGOS E AMIGAS. É UMA PRÁTICA IMPORTANTE PARA ENFRENTAR AOS FALSAS INFORMAÇÕES DE HOJE E ONTEM. AS QUE ALIMENTARAM A MENTIRA DE QUE A QUEIMA DAS FONTES FÓSSEIS NÃO CAUSARIAM NENHUM PROBLEMA CLIMÁTICO COMEÇARAM NO ANO 1970! É ISSO MESMO, E AINDA HÁ MUITA GENTE QUE SEGUEM OS NEGACIONISTAS DE HOJE, COM CERTEZA PAGOS AINDA PELOS DÓLARES QUE A EXXON E SUAS IRMÃS COLOCAM NO FUNDO DESTINADO A MANTER O CONSUMO DOS FÓSSEIS.
NADA DE INOCÊNCIA, DE FALTA DE INFORMAÇÃO. ELES PRÓPRIOS SABIAM A PARTIR DE SUAS PRÓPRIAS PESQUISAS!
PURA MALDADE, CRIME CONSCIENTE E HEDIONDO. É POR ISSO QUE ESSES CRIMINOSOS CONTRA O DIREITO DA MÃE TERRA E SEUS FILHOS E FILHAS - TODOS OS SERES VIVOS - PAGAM PARA QUE NÃO SEJA RECONHECIDO PELA JUSTIÇA O ECOCÍDIO - AS PRÁTICAS QUE PROVOCAM A MORTE DOS AMBIENTES VITAIS CRIADOS PELA TERRA E DOADOS AO TODOS OS SERES VIVOS, ENTE ELES OS SERES HUMANOS.
ASSUMAM, COM O SÍNODO DA AMAZÔNIA E COM TANTAS PESSOAS E MOVIMENTOS EM TODO O MUNDO, A LUTA EM FAVOR DO RECONHECIMENTO DA TERRA COMO SUJEITO DE DIREITOS E PELO RECONHECIMENTO DO ECOCÍDIO COMO CRIME.
Eles sabiam: a verdadeira conspiração por trás da questão climática
- Alexandre Araujo Costa
- 13/11/2019
A
rede de computadores anda infestada pelas chamadas “teorias de
conspiração”. Muitas delas são apenas histórias sem pé nem cabeça,
algumas quase inofensivas, mas outras nem tanto, como é o caso das
invencionices do chamado movimento antivacina. Outras são
mentiras plantadas com interesses bastante específicos, como o
caso de um certo presidente de topete estranho afirmando que “o
aquecimento global é uma farsa inventada pelos chineses”.
O
problema dessas “teorias” (usado de maneira imprópria, pois nada
têm a ver com o uso da palavra nas ciências) é duplo: se as pessoas
levam a sério as mentiras, podem ignorar evidências reais ou até
militar por causas inexistentes; se dão de ombros para qualquer
suposta conspiração, afinal a maior parte é pura invencionice
mesmo, podem terminar não dando a devida atenção aos (raríssimos)
casos em que uma conspiração (ou algo parecido) realmente exista.
Nestes
tempos de vazamento de informações à la Wikileaks e Vaza-Jato, a
divulgação de um certo material passou bastante despercebido,
mas não deveria. Afinal, ele mostra, como veremos, que a indústria
fóssil sabia há muitos anos do risco de caos climático e que o
negacionismo climático jamais teve qualquer fundamento em
debate científico real; pelo contrário, é uma cria de
laboratório dessa mesma indústria, que montou uma enorme fraude -
que persiste até hoje - apenas para defender seus interesses. Leiam.
Até o fim.
A mudança do clima no radar da indústria fóssil: o Relatório Stanford
Capa do relatório “Fontes, Abundância e Destino de Poluentes Atmosféricos Gasosos”, de 1968. Fonte: https://www.smokeandfumes.org
A
provável relação entre clima e concentração de CO2 é conhecida
desde o século 19 e já na década de 1930 surgiram evidências
observacionais de que a queima de combustíveis fósseis estaria
contribuindo para aquecer o planeta.
Principais
responsáveis pela extração, processamento e queima desses
combustíveis, a mudança climática já estava no radar das grandes
corporações petroquímicas há muito tempo, na verdade muito antes
de a Organização das Nações Unidas convocar especialistas para
comporem um painel sobre o tema (o IPCC, criado em 1988).
Com
efeito, há mais de meio século, em 1968, o American Petroleum
Institute (API) encomendou um relatório a ser preparado por
pesquisadores do Instituto de Pesquisa Stanford. Ressalte-se que
o API é a principal associação comercial da indústria do
petróleo e gás dos EUA, reunindo 650 companhias, inclusive a
Exxon, a Chevron e os braços estadunidenses da Shell e da BP. O
objetivo do relatório era saber, de especialistas, quais os
possíveis impactos da extração e queima de combustíveis fósseis
sobre o clima, pois isso poderia vir a afetar em algum momento a
lucratividade dessas empresas.
Quais as
conclusões do relatório Stanford? O mesmo alertava que “a
humanidade está realizando um vasto experimento geofísico” e
que “mudanças significativas de temperatura quase certamente
devem ocorrer em torno do ano 2000, trazendo consigo mudanças
climáticas”.
O que a Exxon sabia sobre o risco climático ao final dos anos 1970
Slide apresentado por James Black à direção da Exxon, com resultados de simulação climática, incluindo projeção para o futuro.
Fonte: https://insideclimatenews.org
Slide apresentado por James Black à direção da Exxon, com resultados de simulação climática, incluindo projeção para o futuro.
Fonte: https://insideclimatenews.org
A
falta de qualquer desdobramento concreto a partir do Relatório
Stanford já era um indício de que a indústria petroquímica não
havia ficado feliz com as conclusões do mesmo e, nesse contexto, a
Exxon resolveu, ela mesma, realizar estudos sobre as possíveis
alterações do clima causadas pelas emissões de CO2 resultantes de
sua atividade.
Nos anos 1970, ela montou um
grupo de pesquisa, com um orçamento não desprezível, para através
de gente "de dentro" responder à questão se queimar petróleo traria
riscos para a estabilidade climática do planeta ou não. O grupo
era liderado por James F. Black, pesquisador sênior do
Departamento de Pesquisa e Engenharia da Exxon, ligado à
companhia desde a sua antecessora (a Standard Oil), e que gozava
da confiança dos seus chefes.
Mesmo com um modelo climático bem menos complexo do que os disponíveis hoje em dia, as simulações apresentadas por Black mostravam resfriamento da estratosfera e aquecimento bem mais acentuado no Ártico do que no resto do planeta.
Já
em 1978, James Black apresentou projeções de aquecimento global que
são incrivelmente parecidas com aquelas produzidas pela
comunidade do clima muitos anos depois. A hipótese é que,
extrapolando o crescimento das emissões, poderíamos duplicar ou
até quadruplicar a concentração de CO2 até 2075. A projeção
climática correspondente apontava para um aquecimento em torno
de 1 ou 2°C após o ano 2000 (em 2016 chegamos a 1,2°C de anomalia de
temperatura em relação ao período pré-industrial) e um valor mais
provável em torno de 3°C em meados deste século.
O
nível de sofisticação da simulação era atestado pela projeção de
padrões que começam a ser observados e que passaram a constar das
simulações realizadas pela comunidade científica de clima
vários anos depois, incluindo:
1) um aquecimento bem mais acelerado no Ártico do que em latitudes mais baixas;
2)
o resfriamento da estratosfera, em contraste com o aquecimento
da superfície e da troposfera, que consiste em uma das maiores
evidências de que o aquecimento global está relacionado à
redução da radiação infravermelha que escapa da troposfera em
função do aumento da intensidade do efeito estufa e não a um
aumento da atividade solar ou algo do gênero e;
3)
o reconhecimento de que os impactos sobre a temperatura global
perdurariam por milênios mesmo que as emissões fossem
interrompidas em algum momento, permitindo que o planeta
voltasse a resfriar.
Efeito de um "pulso" de emissão de CO2 na escala de milhares de anos, na simulação de Black, que criou o termo "super-interglacial".
Efeito de um "pulso" de emissão de CO2 na escala de milhares de anos, na simulação de Black, que criou o termo "super-interglacial".
Black
também falava em uma janela “de cinco a dez anos” antes de tomar
medidas drásticas para mudar o modelo energético. Em outras
palavras, nos bastidores da Exxon, tanto o risco de um aquecimento
global descontrolado quanto à necessidade de termos iniciado na
década de 1980 uma transição energética que nos livrasse dos
combustíveis fósseis, já eram conhecidas.
Mas
o que a Exxon fez a partir disso? O desenrolar dessa história não
chega a ser de todo surpreendente, mas não é por isso que deixa de
ser profundamente indignante.
A opção consciente da Exxon pelo desastre climático
Trecho
de documento da Exxon, disponibilizado por ClimateFiles. Com
uma dose extraordinária de maldade, o documento propõe, como
objetivo da campanha de comunicação, fazer com que os defensores
do Protocolo de Kyoto parecessem "fora da realidade".
Vindo
de dentro, não tinha mais sentido questionar a informação. Era
fato: o desastre climático viria mais cedo ou mais tarde, os
combustíveis fósseis teriam de virar coisa do passado e - mais do
que a fonte de lucro - a própria razão de existir da Exxon estava em
xeque. A posição da companhia não poderia ser mais odiosa: a opção
consciente pelos negócios, pelo lucro, um enorme f*da-se para a
humanidade e para a própria vida no planeta como a conhecemos.
Em
1982, a Exxon encerrou o programa de pesquisas em clima. Tudo que
havia sido produzido foi engavetado e a companhia passou a
articular-se com grupos de direita e think tanks conservadores a
fim de iniciar uma cruzada para esconder a verdade sobre o risco
climático. Desde então, a Exxon financiou diversos grupos
negacionistas, tendo transferido para eles mais de 30 milhões de
dólares.
Não foi algo feito de maneira
aleatória. Foi caso pensado, com tática e estratégia. Os
documentos internos da Exxon demonstram isso. Havia um "Plano de
Comunicação da Ciência do Clima Global", cujo propósito era o de
reformatar completamente o debate público sobre a questão
climática que então se iniciava, após a criação da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (a UNFCCC) e a
realização da Eco-92 e das primeiras Conferências das Partes
(COPs), processo que viria a desaguar no (muito tímido) Protocolo
de Kyoto.
Estratégias
e táticas da coalizão liderada pela Exxon em seus ataques à
Ciência do Clima. Documento disponibilizado via ClimateFiles.
Segundo
a própria Exxon, esse plano só seria vitorioso quando o "cidadão
médio" viesse a questionar o que eles chamavam de "conhecimento
convencional", ou seja, a Ciência do Clima, para aderir à
narrativa negacionista ou pelo menos viesse a ter dúvidas. Idem
para o conjunto do empresariado e para a mídia, que deveria,
segundo o plano da coalizão liderada pela Exxon, mostrar os "dois
lados", isto é, abrir espaço tanto para a ciência quanto para a sua
negação deliberada e arquitetada com fins mesquinhos e
espúrios de preservar os lucros da indústria fóssil.
O
documento mostra toda a vilania e escrotidão da coalizão
liderada pela Exxon, ao colocar como um dos seus objetivos fazer
com que quem defendesse o Protocolo de Kyoto parecesse, perante o
público, como "fora da realidade".
Embora
não fossem exatamente novas, já que tudo fora inspirado na
sabotagem anticiência feita anos antes pela indústria do tabaco,
o nível de detalhamento das estratégias e táticas da
"coalizão" não deixa margem para dúvidas de como a Exxon e seus
comparsas conspiraram contra a comunidade científica, contra o
interesse público, contra a humanidade e a biosfera,
unicamente para defender seus lucros.
Era
necessário recrutar pessoas dentro da academia (em todo lugar
sempre tem algum sujeito de caráter duvidoso disponível para
vender a alma, não é?). Daí, seria necessário cavar espaço dentro da
mídia, via editorias de ciência, cartas e editoriais escritos por
esses "cientistas" recrutados, promover palestras de
negacionismo junto a universidades, sindicatos, comunidades
etc. Imaginem o que não constaria do plano se naquela época já
existissem o YouTube, o WhatsApp, o Facebook, o Instagram etc...
Potenciais financiadores e implementadores do projeto da "coalizão" anticiência.
Óbvio,
toda essa campanha anticiência sórdida não sairia do lugar sem
dinheiro! E no documento, que pode ser checado no site Climate
Files, aparece o orçamento detalhado, totalizando dois milhões
de dólares à época ou mais de três milhões, corrigindo para os dias
de hoje. Isso bancaria não apenas ações na mídia e palestras, mas até
como o negacionismo chegaria às escolas. Também é evidente que,
em havendo esse orçamento, alguém teria de bancá-lo.
Nenhuma
surpresa sobre os financiadores: associações empresariais
dos setores de mineração e petróleo, com destaque, mais uma vez,
para o API. Quem "tocaria" o barco seriam consultorias e
institutos ideologicamente ligados ao ultraconservadorismo
como ALEC, Marshall Institute etc.
Breves frases finais sobre a impossível "conspiração de cientistas"
As
corporações capitalistas têm um interesse que, para elas, está
acima de tudo: o próprio lucro. Às escondidas da opinião pública, à
revelia do interesse da maioria das pessoas e por meio de suas
associações e com recursos generosos, essas corporações têm
todas as condições - e o motivo - para conspirarem na defesa
desses interesses. E como mostramos, essa conspiração não apenas
aconteceu como deixou-nos um legado maldito: o negacionismo
climático, hoje multiplicado e difundido muito mais
rapidamente através dos meios digitais.
Por
outro lado, falar em "conspiração de cientistas" é um total
contrassenso. Primeiro, porque a motivação do trabalho
científico em geral não é o dinheiro. Em outras atividades,
pessoas com a alta qualificação dos cientistas poderiam ganhar
muito mais. Segundo, porque os cientistas são bem mais
competitivos entre si do que corporativistas. A ideia de superar
o trabalho do colega, ou até desbancar o entendimento
científico vigente sobre determinado assunto é atraente. Traz
prestígio, publicações em revistas conceituadas (como Science e
Nature), citações.
Mas, terceiro e
principalmente, porque não é da natureza do fazer científico.
Mesmo com as imperfeições e limites individuais e coletivos, a
ciência se guia pelas evidências e os pontos de vista são moldados
de tal modo que, mais cedo ou mais tarde, essas evidências
prevalecem e, se for o caso, até mesmo uma revolução científica
se impõe.
Não é que nós, cientistas, sejamos
vestais, ou que entre nós reine uma pureza moral e ética que impeça
desvios individuais e/ou temporários, alguns deles graves,
incluindo fraudes científicas. Mas simplesmente que não faz
sentido esperar que sejamos capazes de uma conspiração que
efetivamente envolva milhares de cientistas e pesquisadores,
estudantes e técnicos, todos imbuídos de um único propósito
espúrio, que no fim das contas ninguém consegue dizer direito qual
seria: vender bicicletas e painéis solares, atrapalhar a
competitividade econômica dos países ricos, conter o
desenvolvimento dos países pobres ou sabotar a economia como um
todo?
Desculpem, mas - diferentemente da
indústria do tabaco e da indústria do petróleo - não temos
"competência" para isso. Uma conspiração de cientistas daria
errado. A não ser a conspiração de levantar evidências, se
aproximar da verdade e melhor entender a realidade que nos cerca.
Alexandre Araujo é cientista do clima.
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=443926518258259368#editor/target=post;postID=2026005165289540608
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