quinta-feira, 14 de novembro de 2019

ELES SABIAM: A VERDADEIRA CONSPIRAÇÃO POR TRÁS DA QUESTÃO CLIMÁTICA

É TÃO IMPORTANTE ESSA INFORMAÇÃO, QUE DECIDI DISPONIBILIZAR PARA AS AMIGAS E AMIGOS. E PEÇO A TODAS E TODOS QUE A ENVIEM AOS SEUS AMIGOS E AMIGAS. É UMA PRÁTICA IMPORTANTE PARA ENFRENTAR AOS FALSAS INFORMAÇÕES DE HOJE E ONTEM. AS QUE ALIMENTARAM A MENTIRA DE QUE A QUEIMA DAS FONTES FÓSSEIS NÃO CAUSARIAM NENHUM PROBLEMA CLIMÁTICO COMEÇARAM NO ANO 1970! É ISSO MESMO, E AINDA HÁ MUITA GENTE QUE SEGUEM OS NEGACIONISTAS DE HOJE, COM CERTEZA PAGOS AINDA PELOS DÓLARES QUE A EXXON E SUAS IRMÃS COLOCAM NO FUNDO DESTINADO A MANTER O CONSUMO DOS FÓSSEIS.

NADA DE INOCÊNCIA, DE FALTA DE INFORMAÇÃO. ELES PRÓPRIOS SABIAM A PARTIR DE SUAS PRÓPRIAS PESQUISAS!

PURA MALDADE, CRIME CONSCIENTE E HEDIONDO. É POR ISSO QUE ESSES CRIMINOSOS CONTRA O DIREITO DA MÃE TERRA E SEUS FILHOS E FILHAS - TODOS OS SERES VIVOS - PAGAM PARA QUE NÃO SEJA RECONHECIDO PELA JUSTIÇA O ECOCÍDIO - AS PRÁTICAS QUE PROVOCAM A MORTE DOS AMBIENTES VITAIS CRIADOS PELA TERRA E DOADOS AO TODOS OS SERES VIVOS, ENTE ELES OS SERES HUMANOS.

ASSUMAM, COM O SÍNODO DA AMAZÔNIA E COM TANTAS PESSOAS E MOVIMENTOS EM TODO O MUNDO,  A LUTA EM FAVOR DO RECONHECIMENTO DA TERRA COMO SUJEITO DE DIREITOS E PELO RECONHECIMENTO DO ECOCÍDIO COMO CRIME.

 Eles sabiam: a verdadeira conspiração por trás da questão climática

A rede de com­pu­ta­dores anda in­fes­tada pelas cha­madas “te­o­rias de cons­pi­ração”. Muitas delas são apenas his­tó­rias sem pé nem ca­beça, al­gumas quase ino­fen­sivas, mas ou­tras nem tanto, como é o caso das in­ven­ci­o­nices do cha­mado mo­vi­mento an­ti­va­cina. Ou­tras são men­tiras plan­tadas com in­te­resses bas­tante es­pe­cí­ficos, como o caso de um certo pre­si­dente de to­pete es­tranho afir­mando que “o aque­ci­mento global é uma farsa in­ven­tada pelos chi­neses”.

O pro­blema dessas “te­o­rias” (usado de ma­neira im­pró­pria, pois nada têm a ver com o uso da pa­lavra nas ci­ên­cias) é duplo: se as pes­soas levam a sério as men­tiras, podem ig­norar evi­dên­cias reais ou até mi­litar por causas ine­xis­tentes; se dão de om­bros para qual­quer su­posta cons­pi­ração, afinal a maior parte é pura in­ven­ci­o­nice mesmo, podem ter­minar não dando a de­vida atenção aos (ra­rís­simos) casos em que uma cons­pi­ração (ou algo pa­re­cido) re­al­mente exista.

Nestes tempos de va­za­mento de in­for­ma­ções à la Wi­ki­leaks e Vaza-Jato, a di­vul­gação de um certo ma­te­rial passou bas­tante des­per­ce­bido, mas não de­veria. Afinal, ele mostra, como ve­remos, que a in­dús­tria fóssil sabia há muitos anos do risco de caos cli­má­tico e que o ne­ga­ci­o­nismo cli­má­tico ja­mais teve qual­quer fun­da­mento em de­bate ci­en­tí­fico real; pelo con­trário, é uma cria de la­bo­ra­tório dessa mesma in­dús­tria, que montou uma enorme fraude - que per­siste até hoje - apenas para de­fender seus in­te­resses. Leiam. Até o fim.

A mu­dança do clima no radar da in­dús­tria fóssil: o Re­la­tório Stan­ford


Capa do re­la­tório “Fontes, Abun­dância e Des­tino de Po­lu­entes At­mos­fé­ricos Ga­sosos”, de 1968. Fonte: https://​www.​smo​kean​dfum​es.​org 

A pro­vável re­lação entre clima e con­cen­tração de CO2 é co­nhe­cida desde o sé­culo 19 e já na dé­cada de 1930 sur­giram evi­dên­cias ob­ser­va­ci­o­nais de que a queima de com­bus­tí­veis fós­seis es­taria con­tri­buindo para aquecer o pla­neta.

Prin­ci­pais res­pon­sá­veis pela ex­tração, pro­ces­sa­mento e queima desses com­bus­tí­veis, a mu­dança cli­má­tica já es­tava no radar das grandes cor­po­ra­ções pe­troquí­micas há muito tempo, na ver­dade muito antes de a Or­ga­ni­zação das Na­ções Unidas con­vocar es­pe­ci­a­listas para com­porem um painel sobre o tema (o IPCC, criado em 1988).

Com efeito, há mais de meio sé­culo, em 1968, o Ame­rican Pe­tro­leum Ins­ti­tute (API) en­co­mendou um re­la­tório a ser pre­pa­rado por pes­qui­sa­dores do Ins­ti­tuto de Pes­quisa Stan­ford. Res­salte-se que o API é a prin­cipal as­so­ci­ação co­mer­cial da in­dús­tria do pe­tróleo e gás dos EUA, reu­nindo 650 com­pa­nhias, in­clu­sive a Exxon, a Che­vron e os braços es­ta­du­ni­denses da Shell e da BP. O ob­je­tivo do re­la­tório era saber, de es­pe­ci­a­listas, quais os pos­sí­veis im­pactos da ex­tração e queima de com­bus­tí­veis fós­seis sobre o clima, pois isso po­deria vir a afetar em algum mo­mento a lu­cra­ti­vi­dade dessas em­presas.

Quais as con­clu­sões do re­la­tório Stan­ford? O mesmo aler­tava que “a hu­ma­ni­dade está re­a­li­zando um vasto ex­pe­ri­mento ge­o­fí­sico” e que “mu­danças sig­ni­fi­ca­tivas de tem­pe­ra­tura quase cer­ta­mente devem ocorrer em torno do ano 2000, tra­zendo con­sigo mu­danças cli­má­ticas”.

O que a Exxon sabia sobre o risco cli­má­tico ao final dos anos 1970


Slide apre­sen­tado por James Black à di­reção da Exxon, com re­sul­tados de si­mu­lação cli­má­tica, in­cluindo pro­jeção para o fu­turo.
Fonte: https://​ins​idec​lima​tene​ws.​org 

A falta de qual­quer des­do­bra­mento con­creto a partir do Re­la­tório Stan­ford já era um in­dício de que a in­dús­tria pe­troquí­mica não havia fi­cado feliz com as con­clu­sões do mesmo e, nesse con­texto, a Exxon re­solveu, ela mesma, re­a­lizar es­tudos sobre as pos­sí­veis al­te­ra­ções do clima cau­sadas pelas emis­sões de CO2 re­sul­tantes de sua ati­vi­dade.

Nos anos 1970, ela montou um grupo de pes­quisa, com um or­ça­mento não des­pre­zível, para através de gente "de dentro" res­ponder à questão se queimar pe­tróleo traria riscos para a es­ta­bi­li­dade cli­má­tica do pla­neta ou não. O grupo era li­de­rado por James F. Black, pes­qui­sador sê­nior do De­par­ta­mento de Pes­quisa e En­ge­nharia da Exxon, li­gado à com­pa­nhia desde a sua an­te­ces­sora (a Stan­dard Oil), e que go­zava da con­fi­ança dos seus chefes.

Mesmo com um mo­delo cli­má­tico bem menos com­plexo do que os dis­po­ní­veis hoje em dia, as si­mu­la­ções apre­sen­tadas por Black mos­travam res­fri­a­mento da es­tra­tos­fera e aque­ci­mento bem mais acen­tuado no Ár­tico do que no resto do pla­neta.

Já em 1978, James Black apre­sentou pro­je­ções de aque­ci­mento global que são in­cri­vel­mente pa­re­cidas com aquelas pro­du­zidas pela co­mu­ni­dade do clima muitos anos de­pois. A hi­pó­tese é que, ex­tra­po­lando o cres­ci­mento das emis­sões, po­de­ríamos du­plicar ou até qua­dru­plicar a con­cen­tração de CO2 até 2075. A pro­jeção cli­má­tica cor­res­pon­dente apon­tava para um aque­ci­mento em torno de 1 ou 2°C após o ano 2000 (em 2016 che­gamos a 1,2°C de ano­malia de tem­pe­ra­tura em re­lação ao pe­ríodo pré-in­dus­trial) e um valor mais pro­vável em torno de 3°C em me­ados deste sé­culo.

O nível de so­fis­ti­cação da si­mu­lação era ates­tado pela pro­jeção de pa­drões que co­meçam a ser ob­ser­vados e que pas­saram a constar das si­mu­la­ções re­a­li­zadas pela co­mu­ni­dade ci­en­tí­fica de clima vá­rios anos de­pois, in­cluindo:
1) um aque­ci­mento bem mais ace­le­rado no Ár­tico do que em la­ti­tudes mais baixas;
2) o res­fri­a­mento da es­tra­tos­fera, em con­traste com o aque­ci­mento da su­per­fície e da tro­pos­fera, que con­siste em uma das mai­ores evi­dên­cias de que o aque­ci­mento global está re­la­ci­o­nado à re­dução da ra­di­ação in­fra­ver­melha que es­capa da tro­pos­fera em função do au­mento da in­ten­si­dade do efeito es­tufa e não a um au­mento da ati­vi­dade solar ou algo do gê­nero e;
3) o re­co­nhe­ci­mento de que os im­pactos sobre a tem­pe­ra­tura global per­du­ra­riam por mi­lê­nios mesmo que as emis­sões fossem in­ter­rom­pidas em algum mo­mento, per­mi­tindo que o pla­neta vol­tasse a res­friar.


Efeito de um "pulso" de emissão de CO2 na es­cala de mi­lhares de anos, na si­mu­lação de Black, que criou o termo "super-in­ter­gla­cial".

Black também fa­lava em uma ja­nela “de cinco a dez anos” antes de tomar me­didas drás­ticas para mudar o mo­delo ener­gé­tico. Em ou­tras pa­la­vras, nos bas­ti­dores da Exxon, tanto o risco de um aque­ci­mento global des­con­tro­lado quanto à ne­ces­si­dade de termos ini­ciado na dé­cada de 1980 uma tran­sição ener­gé­tica que nos li­vrasse dos com­bus­tí­veis fós­seis, já eram co­nhe­cidas.
Mas o que a Exxon fez a partir disso? O de­sen­rolar dessa his­tória não chega a ser de todo sur­pre­en­dente, mas não é por isso que deixa de ser pro­fun­da­mente in­dig­nante.

A opção cons­ci­ente da Exxon pelo de­sastre cli­má­tico

 
Trecho de do­cu­mento da Exxon, dis­po­ni­bi­li­zado por Cli­ma­te­Files. Com uma dose ex­tra­or­di­nária de mal­dade, o do­cu­mento propõe, como ob­je­tivo da cam­panha de co­mu­ni­cação, fazer com que os de­fen­sores do Pro­to­colo de Kyoto pa­re­cessem "fora da re­a­li­dade".

Vindo de dentro, não tinha mais sen­tido ques­ti­onar a in­for­mação. Era fato: o de­sastre cli­má­tico viria mais cedo ou mais tarde, os com­bus­tí­veis fós­seis te­riam de virar coisa do pas­sado e - mais do que a fonte de lucro - a pró­pria razão de existir da Exxon es­tava em xeque. A po­sição da com­pa­nhia não po­deria ser mais odiosa: a opção cons­ci­ente pelos ne­gó­cios, pelo lucro, um enorme f*da-se para a hu­ma­ni­dade e para a pró­pria vida no pla­neta como a co­nhe­cemos.

Em 1982, a Exxon en­cerrou o pro­grama de pes­quisas em clima. Tudo que havia sido pro­du­zido foi en­ga­ve­tado e a com­pa­nhia passou a ar­ti­cular-se com grupos de di­reita e think tanks con­ser­va­dores a fim de ini­ciar uma cru­zada para es­conder a ver­dade sobre o risco cli­má­tico. Desde então, a Exxon fi­nan­ciou di­versos grupos ne­ga­ci­o­nistas, tendo trans­fe­rido para eles mais de 30 mi­lhões de dó­lares.

Não foi algo feito de ma­neira ale­a­tória. Foi caso pen­sado, com tá­tica e es­tra­tégia. Os do­cu­mentos in­ternos da Exxon de­mons­tram isso. Havia um "Plano de Co­mu­ni­cação da Ci­ência do Clima Global", cujo pro­pó­sito era o de re­for­matar com­ple­ta­mente o de­bate pú­blico sobre a questão cli­má­tica que então se ini­ciava, após a cri­ação da Con­venção-Quadro das Na­ções Unidas sobre Mu­danças Cli­má­ticas (a UNFCCC) e a re­a­li­zação da Eco-92 e das pri­meiras Con­fe­rên­cias das Partes (COPs), pro­cesso que viria a de­sa­guar no (muito tí­mido) Pro­to­colo de Kyoto.


 
Es­tra­té­gias e tá­ticas da co­a­lizão li­de­rada pela Exxon em seus ata­ques à Ci­ência do Clima. Do­cu­mento dis­po­ni­bi­li­zado via Cli­ma­te­Files.

Se­gundo a pró­pria Exxon, esse plano só seria vi­to­rioso quando o "ci­dadão médio" vi­esse a ques­ti­onar o que eles cha­mavam de "co­nhe­ci­mento con­ven­ci­onal", ou seja, a Ci­ência do Clima, para aderir à nar­ra­tiva ne­ga­ci­o­nista ou pelo menos vi­esse a ter dú­vidas. Idem para o con­junto do em­pre­sa­riado e para a mídia, que de­veria, se­gundo o plano da co­a­lizão li­de­rada pela Exxon, mos­trar os "dois lados", isto é, abrir es­paço tanto para a ci­ência quanto para a sua ne­gação de­li­be­rada e ar­qui­te­tada com fins mes­qui­nhos e es­pú­rios de pre­servar os lu­cros da in­dús­tria fóssil.

O do­cu­mento mostra toda a vi­lania e es­cro­tidão da co­a­lizão li­de­rada pela Exxon, ao co­locar como um dos seus ob­je­tivos fazer com que quem de­fen­desse o Pro­to­colo de Kyoto pa­re­cesse, pe­rante o pú­blico, como "fora da re­a­li­dade".

Em­bora não fossem exa­ta­mente novas, já que tudo fora ins­pi­rado na sa­bo­tagem an­ti­ci­ência feita anos antes pela in­dús­tria do ta­baco, o nível de de­ta­lha­mento das es­tra­té­gias e tá­ticas da "co­a­lizão" não deixa margem para dú­vidas de como a Exxon e seus com­parsas cons­pi­raram contra a co­mu­ni­dade ci­en­tí­fica, contra o in­te­resse pú­blico, contra a hu­ma­ni­dade e a bi­os­fera, uni­ca­mente para de­fender seus lu­cros.

Era ne­ces­sário re­crutar pes­soas dentro da aca­demia (em todo lugar sempre tem algum su­jeito de ca­ráter du­vi­doso dis­po­nível para vender a alma, não é?). Daí, seria ne­ces­sário cavar es­paço dentro da mídia, via edi­to­rias de ci­ência, cartas e edi­to­riais es­critos por esses "ci­en­tistas" re­cru­tados, pro­mover pa­les­tras de ne­ga­ci­o­nismo junto a uni­ver­si­dades, sin­di­catos, co­mu­ni­dades etc. Ima­ginem o que não cons­taria do plano se na­quela época já exis­tissem o You­Tube, o What­sApp, o Fa­ce­book, o Ins­ta­gram etc...


 
Po­ten­ciais fi­nan­ci­a­dores e im­ple­men­ta­dores do pro­jeto da "co­a­lizão" an­ti­ci­ência.

Óbvio, toda essa cam­panha an­ti­ci­ência sór­dida não sairia do lugar sem di­nheiro! E no do­cu­mento, que pode ser che­cado no site Cli­mate Files, apa­rece o or­ça­mento de­ta­lhado, to­ta­li­zando dois mi­lhões de dó­lares à época ou mais de três mi­lhões, cor­ri­gindo para os dias de hoje. Isso ban­caria não apenas ações na mídia e pa­les­tras, mas até como o ne­ga­ci­o­nismo che­garia às es­colas. Também é evi­dente que, em ha­vendo esse or­ça­mento, al­guém teria de bancá-lo.

Ne­nhuma sur­presa sobre os fi­nan­ci­a­dores: as­so­ci­a­ções em­pre­sa­riais dos se­tores de mi­ne­ração e pe­tróleo, com des­taque, mais uma vez, para o API. Quem "to­caria" o barco se­riam con­sul­to­rias e ins­ti­tutos ide­o­lo­gi­ca­mente li­gados ao ul­tra­con­ser­va­do­rismo como ALEC, Marshall Ins­ti­tute etc.

Breves frases fi­nais sobre a im­pos­sível "cons­pi­ração de ci­en­tistas"

As cor­po­ra­ções ca­pi­ta­listas têm um in­te­resse que, para elas, está acima de tudo: o pró­prio lucro. Às es­con­didas da opi­nião pú­blica, à re­velia do in­te­resse da mai­oria das pes­soas e por meio de suas as­so­ci­a­ções e com re­cursos ge­ne­rosos, essas cor­po­ra­ções têm todas as con­di­ções - e o mo­tivo - para cons­pi­rarem na de­fesa desses in­te­resses. E como mos­tramos, essa cons­pi­ração não apenas acon­teceu como deixou-nos um le­gado mal­dito: o ne­ga­ci­o­nismo cli­má­tico, hoje mul­ti­pli­cado e di­fun­dido muito mais ra­pi­da­mente através dos meios di­gi­tais.

Por outro lado, falar em "cons­pi­ração de ci­en­tistas" é um total con­tras­senso. Pri­meiro, porque a mo­ti­vação do tra­balho ci­en­tí­fico em geral não é o di­nheiro. Em ou­tras ati­vi­dades, pes­soas com a alta qua­li­fi­cação dos ci­en­tistas po­de­riam ga­nhar muito mais. Se­gundo, porque os ci­en­tistas são bem mais com­pe­ti­tivos entre si do que cor­po­ra­ti­vistas. A ideia de su­perar o tra­balho do co­lega, ou até des­bancar o en­ten­di­mento ci­en­tí­fico vi­gente sobre de­ter­mi­nado as­sunto é atra­ente. Traz pres­tígio, pu­bli­ca­ções em re­vistas con­cei­tu­adas (como Sci­ence e Na­ture), ci­ta­ções.

Mas, ter­ceiro e prin­ci­pal­mente, porque não é da na­tu­reza do fazer ci­en­tí­fico. Mesmo com as im­per­fei­ções e li­mites in­di­vi­duais e co­le­tivos, a ci­ência se guia pelas evi­dên­cias e os pontos de vista são mol­dados de tal modo que, mais cedo ou mais tarde, essas evi­dên­cias pre­va­lecem e, se for o caso, até mesmo uma re­vo­lução ci­en­tí­fica se impõe.

Não é que nós, ci­en­tistas, se­jamos ves­tais, ou que entre nós reine uma pu­reza moral e ética que im­peça des­vios in­di­vi­duais e/ou tem­po­rá­rios, al­guns deles graves, in­cluindo fraudes ci­en­tí­ficas. Mas sim­ples­mente que não faz sen­tido es­perar que se­jamos ca­pazes de uma cons­pi­ração que efe­ti­va­mente en­volva mi­lhares de ci­en­tistas e pes­qui­sa­dores, es­tu­dantes e téc­nicos, todos im­buídos de um único pro­pó­sito es­púrio, que no fim das contas nin­guém con­segue dizer di­reito qual seria: vender bi­ci­cletas e pai­néis so­lares, atra­pa­lhar a com­pe­ti­ti­vi­dade econô­mica dos países ricos, conter o de­sen­vol­vi­mento dos países po­bres ou sa­botar a eco­nomia como um todo?

Des­culpem, mas - di­fe­ren­te­mente da in­dús­tria do ta­baco e da in­dús­tria do pe­tróleo - não temos "com­pe­tência" para isso. Uma cons­pi­ração de ci­en­tistas daria er­rado. A não ser a cons­pi­ração de le­vantar evi­dên­cias, se apro­ximar da ver­dade e me­lhor en­tender a re­a­li­dade que nos cerca.

Ale­xandre Araujo é ci­en­tista do clima.

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