Grandes empresas frigoríficas e de laticínios estão aquecendo o planeta
Novo relatório revela como as estratégias de crescimento das 35 maiores empresas frigoríficas e de laticínios do mundo aumentam suas emissões, prejudicando esforços globais para evitar perigosas mudanças climáticas.
As maiores empresas globais de carnes e laticínios podem virar os piores poluidores do planeta nas próximas décadas, segundo um novo relatório do Instituto para Políticas em Agricultura e Comércio (IATP) e da GRAIN. Quando o planeta mais precisa reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, os imensos frigoríficos e laticínios promovem o consumo excessivo ao acelerarem a produção e as exportações, apesar dos compromissos que algumas delas assumiram para reagir à mudança do clima.
O relatório completo em português pode ser lido em: https://www.grain.org/arti cle/entries/6011-emissoes-impo ssiveis-como-a-industria-de- carne-e-laticinios-esta-aquece ndo-o-planeta
ALGUNS DADOS RELEVANTES ALCANÇADOS:
- As cinco maiores empresas de carne e laticínios do mundo: JBS (Brasil), Tyson Foods, Cargill e Dairy Farmers (US) e Fonterra (Nova zelandia), já são responsáveis por mais emissões anuais de gases de efeito estufa do que as petroleiras ExxonMobil, Shell ou BP.
- As emissões combinadas das 20 maiores empresas de carnes e laticínios superam as emissões de nações inteiras, como Alemanha, Canadá, Austrália ou Reino Unido e França.
- 10 companhias controlavam perto de ¼ de toda a produção global de carne e laticínios em todo o mundo em 2016, com operações concentradas em poucos países com alta produção e consumo de carne e leite, chamados de bloco de proteína excedente, que, somados à China, respondem por cerca de ¾ da emissões globais do setor de carne e laticínios.
- A maioria das 35 principais empresas de carnes e laticínios não consegue relatar completamente as emissões ou exclui suas emissões da cadeia de fornecimento (emissões da produção de ração animal até o metano gerado pelo gado), que respondem por 80-90% de suas emissões. Ao contrário, relatam aumento da produção, principalmente através de subsídio no preço dos grãos para ração produzido pelo agronegócio e acordos comerciais para diminuir qualquer barreira tarifária a fim de garantir o aumento da exportação.
- Apenas 14 das 35 maiores empresas de carne e laticínios anunciaram algum tipo de metas de redução de emissões. Destes, apenas 6 incluem as emissões da cadeia de fornecimento e 4 companhias fornecem estimativas abrangentes de emissões: Nestlé (Suíça), Danone (França), Friesland/Campina (Holanda) e NH Foods (Japão). Entretanto, apenas duas empresas se comprometeram a reduzir suas emissões absolutas: Nestlé, a maior companhia de alimentos do mundo, em 50% até 2050; e Danone, a segunda maior receita da cadeia de laticínios, se comprometeu a chegar “emissões liquidas zero” em 2050. Lembrando que tais metas são voluntárias, sem contar com um sistema independente de monitoramento e verificação.
- Entre as empresas que possuem estratégia de redução de emissões, há contraditoriamente, previsão de aumento de sua produção global entre 2015-2030, como no caso da Danone, em 70%. A redução das emissões de GEE neste período se daria com a adoção conjugada da i) diminuição da intensidade de emissões por kg por parte dos agricultores fornecedores da cadeia de produção (Danone, Fonterra) e; ii) adoção de mecanismos de compensação (offset), por meio de plantio de arvores e conversão de fazendas no Sul Global por meio de práticas agrícolas sustentáveis, embora o Acordo de Paris não aceite compensações para o cumprimento das metas voluntárias.
- Se o crescimento da indústria global de carne e laticínios continuar conforme projetado, o setor pecuário como um todo poderia responder por 80% do orçamento anual de gases de efeito estufa do planeta até 2050.
Devlin Kuyek, pesquisador da Grain:
- Ao invés de ter que suportar os custos da intensidade de suas emissões para proteger a agenda de crescimento das grandes companhias de carne e leite, agricultores podem, por meio do suporte de programas públicos, realizar uma transição para praticas agroecológicas (...),
Shefali Sharma, diretora do IATP:
— Não existe carne barata. É hora de percebermos que o consumo excessivo está diretamente ligado aos subsídios que fornecemos à indústria para continuar desmatando, esgotando nossos recursos naturais e criando um grande risco à saúde pública por meio do uso excessivo de antibióticos — alerta. Agora, o relatório mostra o papel fundamental que estas companhias desempenham também para as mudanças climáticas.
No relatório você pode saber mais sobre:
- CONCENTRAÇÃO CORPORATIVA E DE EMISSÕES NO BLOCO DE PAÍSES COM PROTEÍNA EXCEDENTE MAIS CHINA
- PORTAS GIRATÓRIAS OU CAPTURA CORPORATIVA DO ESTADO E DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
- ENFOQUE NA REDUÇÃO DE INTENSIDADE DE EMISSÕES E TRANSFERÊNCIA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PARA OS AGRICULTORES FORNECEDORES
- AUMENTO DA PRODUÇÃO/EXPORTAÇÃO DE CARNE E LATICÍNIOS, TRATADOS DE LIVRE COMERCIO E PRESSÃO SOBRE PEQUENOS AGRICULTORES
Para maiores informações:
Contatos:
Chris Palmquist, +1 712-242-6090
cpalmquist@iatp.org
Devlin Kuyek, +1 514-571-7702
devlin@grain.org
Shefali Sharma, +49 177 1469613
ssharma@iatp.org
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Larissa Packer
Grain
Rio de Janeiro
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