AS VIDAS BARRADAS DE BELO MONTE
Eliane Brum contou, na Folha de São Paulo de domingo, a história de uma das famílias despejadas durante a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, e o “processo de conversão dos povos da floresta em pobres urbanos”.
No relato, o marido conta que “tinha uma vida melhor até mesmo do que qualquer pessoa de São Paulo. Se eu quisesse ir pra roça eu ia; se eu não quisesse, a roça ia estar lá no outro dia. Se eu quisesse pescar eu ia, mas se eu preferisse tirar açaí, em vez disso, eu tirava. Eu tinha rio, eu tinha mato, eu tinha sossego. Na ilha eu não tinha porta. E eu tinha lugar." E sua esposa complementa “E lá na ilha a gente não adoecia. Aqui a gente adoece de quentura”.
O artigo segue com mais depoimentos, contando da violência urbana crescente em Altamira e do abandono e da ausência de futuro dos desalojados. Tudo em nome de um Brasil que precisa de cada vez mais de energia. Eliane colheu um depoimento final, de Aranô, filho de um ribeirinho e de uma indígena do povo juruna: “sempre tivemos o antes, o agora e o depois. O antes é passado, o agora é um pesadelo. E o depois?”
(ClimaInfo, 20fev18)
Nenhum comentário:
Postar um comentário