segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DESCASO PELA VIDA E PELOS DIREITOS

Faz quatro anos e nove meses que aconteceu a enchente e o desastre socioambiental na Região Serrana do Rio de Janeiro, e milhares de famílias continuam sem os seus direitos garantidos. Em relação à moradia, só pequena parte recebeu, sem diálogo, sem alternativas e sob ameaças, um apertamento de 42 metros quadrados num conjunto do Minha Casa, Minha Vida, amontoando famílias de diferentes comunidades em local distante da cidade, sem transporte e sem qualquer serviço público.

A realidade da vida dos sobreviventes foi exposta no Seminário Desnaturalização dos desastres e mobilização comunitária: novo regime de produção de saber”, realizado nos dias 15 e 16 na Fiocruz. O novo saber procura articular o conhecimento acadêmico, científico, com a sabedoria popular e com sua mobilização para defender a vida e os direitos das pessoas e do meio ambiente.

O seminário foi realizado na cidade do Rio de Janeiro para que os afetados e afetadas pudessem denunciar o descaso e o abandono em que se encontram, rompendo a estratégia política de ocultação e esquecimento. Em ato público, foi feita a memória dos mortos e desaparecidos, e invocada sua presença para reforçar o compromisso de luta dos afetados e afetadas até que todos os seus direitos sejam conquistados e garantidos, começando pelo direito de participar na definição do local e do projeto de moradia.

Os próximos passos serão dados nas oficinas que serão realizadas nas comunidades da região serrana, reforçando as bases do MONADES, o Movimento Nacional de Afetados e Afetadas por Desastres Socioambientais. Os membros deste Movimento lutam para reconstruir as condições de sua vida e em favor de políticas públicas de prevenção de desastres, para que as pessoas vivam com segurança nos locais em que construíram suas casas, ou para que, quando for de fato necessário, a mudança de local de moradia seja feita com participação da comunidade, e que a nova casa seja igual ou melhor que a anterior, e a comunidade conte com todos os serviços públicos a que tem direito.

            
Ivo Poletto, do FMCJS

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