O ALERTA É CLARO: DILMA, ANDAR COM OS INIMIGOS DOS POVOS INDÍGENAS E DE TODOS OS POBRES, DEIXANDO DE LADO OS QUE VOTARAM EM VOCÊ, CONFIANDO QUE CUMPRIRIA AS PROMESSAS, É MUITO PERIGOSO! ELES PODEM DAR UM TOMBO EM VOCÊ, MESMO PORQUE, PARA ELES, DEMOCRACIA SÓ SERVE E DEVE SER UTILIZADA QUANDO GARANTE SEUS INTERESSES. É SÓ ISSO QUE BUSCAM COM SUAS MOBILIZAÇÕES GOLPISTAS E FAVORÁVEIS A POLÍTICAS FASCISTAS E RACISTAS.
CUIDADO: SE VOCÊ SACRIFICA OS POBRES E FAVORECE OS RICOS DO CAPITAL FINANCEIRO, SERÁ DIFÍCIL OU ATÉ IMPOSSÍVEL OS POBRES DEFENDEREM SEU GOVERNO - QUE, NA VERDADE, É DELES, POIS FORAM ELES QUE CONFIARAM A RESPONSABILIDADE DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PARA VOCÊ!
MEU ALERTA À
PRESIDENTA DILMA.
Estimada Presidenta Dilma,
Entre 1967 e 1985 andei pelo Brasil “soprando as
cinzas” de povos já considerados extintos, buscando animar o fogo escondido sob
as cinzas da crueldade histórica e da violência então em curso, pela Ditadura
Militar contra os remanescentes povos indígenas brasileiros. Em 1969 criei a
OPAN-Operação Amazônia Nativa e em 1972 ajudei a criar o CIMI-Conselho
Indigenista Missionário, organizações que até hoje fortalecem a causa destes
povos. Considero-me também um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores aqui
no Norte, em especial, nos municípios de Itacoatiara e Presidente Figueiredo,
onde resido. Colaborei na redação do documento que contém as linhas do PT sobre
política indigenista, aprovado, por unanimidade, na primeira assembleia
nacional do Partido em 1980. Gostaria que lesse estas linhas de ação do Partido
e comparasse com o que está sendo aplicado pelo seu Governo hoje.
Assim, desde 1963, venho-me dedicando a causa destes
remanescentes indígenas cuja sobrevivência era, então, considerada uma “causa
perdida”. E a Ditadura Militar já destinava, previamente, as suas terras à
latifundiários e mineradores que até hoje estão de olho grande sobre as mesmas.
Assim as terras dos kiña ou Waimiri-Atroari, daqui, em cuja cercania moro, já
haviam sido destinadas a 14 empresas de mineração.
Colaborei também na organização das primeiras
assembleias indígenas do país, assembleias que mudaram a rota da política
genocida, montada pelos governos, desde os tempos do Brasil Colônia para o
extermínio desses povos. Convivi com eles e de passagem pelas cidades dava
notícias da sua situação à professores e alunos de universidades, à comunidades
e aos jornais. E enquanto você sofria nas prisões da Ditadura a solidão e a
tortura, no interior do país eu sofria a censura e a perseguição dos mesmos
militares. O CIMI do qual fui o primeiro secretário executivo sofreu
represálias pela Ditadura Militar como até hoje continua odiado pelos ditadores
modernos instalados no agronegócio, nas mineradoras e na bancada ruralista.
Mas, eis que a partir de 1974 esses povos indígenas
começam a se organizar. Mais e mais apoios começam a surgir por todo o Brasil e
aqueles povos pobres, os mais pobres do país, cujas terras eram objeto de
invasões de grandes projetos do Governo Federal, de grilagem da parte de
mineradoras e fazendeiros e cuja sobrevivência era considerada uma “causa
perdida”, começam a aparecer insistentes nos jornais e acabaram sendo os
primeiros a balançar a Ditadura Militar.
Recordo-me que na virada do ano de 1978-79, a CNBB
convidou o líder indígena Daniel Matenho Cabixi, para participar da Assembleia
do CELAM em Puebla/México. Os ditadores, por certo já temendo a força indígena,
não lhe deram o visto de saída do País.
Em 1980 quando do IV Tribunal Russell sobre os Direitos dos povos Indígenas das Américas, em Rotterdam quis repetir a determinação impedindo
a saída do cacique Mario Juruna Xavante, escolhido para presidir aquele
Tribunal. Pela primeira vez foi derrotada pela pressão nacional e
internacional. Durante a realização do Tribunal os militares ditadores foram
forçados a ceder e tive a honra de receber o cacique Juruna no Aeroporto de
Amsterdam e acompanhá-lo até o local da realização do Tribunal, onde ainda
chegou a tempo para presidir a sessão de encerramento.
É possível que você nunca tenha tido a experiência de
sentir a força que estas populações humildes, sem armas e sem voz, encerram,
achando, por isso, que só os poderosos, os donos das empresas e os políticos
lhe possam dar governabilidade. Tudo bem, com eles você chegará ao fim do seu
governo, mas de que forma? Com certeza, frustrada e derrotada nos ideais que a
levaram a sofrer prisão e torturas, e mais humilhada do que se tivesse governado
apenas um dia ao lado dos perseguidos e oprimidos por esses poderosos que agora
a dominam e a encurralam. Pois não foram certamente os indígenas os autores do
“panelaço”, durante a sua fala ao povo brasileiro e nem da recente parada
nacional dos caminhoneiros, como não foram os Mapuche do Chile que organizaram
em 1973 a greve dos caminhoneiros que derrubou o Governo Allende.
Além do mais os povos indígenas vivem o socialismo.
E o PT não é um partido socialista? Não estão eles abrindo caminho ao socialismo
que o PT está buscando? Por que, então, este desrespeito aos seus direitos e
abandono quando os favorecidos diretos são os maiores inimigos do socialismo?
Tudo isto é ininteligível neste seu governo, e intolerável.
Finalmente, muito maior e mais grave do que nós sofremos
durante a Ditadura Militar, foi o sofrimento dos povos indígenas neste mesmo
período, pois atingia não apenas adultos, mas a todo o povo igualmente. O mesmo
PARASAR que bombardeou os guerrilheiros do Araguaia nos anos 70, no mesmo
período, bombardeou aldeias Waimiri-Atroari. Daí a minha pergunta: Por que não
aliviar de uma vez o sofrimento destes povos? Sofrimento que continua igual?
Por quê?
Casa da Cultura do Urubuí – 10 de março de 15.
Egydio
Schwade
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