domingo, 6 de outubro de 2013

CONVIVÊNCIA COM A AMAZÔNIA E NOVA POLÍTICA ENERGÉTICA



Tive a alegria de participar, nesta semana, em Manaus, de mais um encontro da Articulação pela Convivência com a Amazônia, e nele se decidiu organizar um ciclo de debates sobre o que é e como promover a Convivência com a Amazônia. No meu entendimento, é uma forma de vida que reconhece, como fazem os povos tradicionais, que as pessoas e povos foram acolhidos por este berço de biodiversidade criado pela Terra em sua longa história. A Amazônia e os outros seis biomas existentes no Brasil são um dom gratuito, um presente da Terra e de Deus, para quem crê ser ele Criador. Por isso, em vez de considerar-se dono e com direito de explorar as riquezas da natureza, as pessoas e povos convivem com ela, respeitando e cuidando de todos os seres vivos e de tudo que torna possível a vida. Ao produzir o que necessitam para viver e serem felizes, as pessoas e os povos agem em cooperação e respeito com as energia geradoras de vida da Terra. Nada de explorá-la, gerando desequilíbrios.
Como se vê, a Articulação decidiu colocar em debate o projeto dominante de Amazônia, centrado na exploração das suas riquezas, na extração de minérios, na comercialização da madeira, no uso dos rios para formar lagos que alimentam hidrelétricas, na derrubada de floresta para implantar a pecuária e produção de grãos no sistema do agronegócio. Um debate urgente, porque se não forem valorizadas e multiplicadas as práticas de convivência com o bioma, a Amazônia será destruída pela exploração capitalista.
 Por outro lado, acontecerá nesta semana na África do Sul uma conferência internacional sobre a produção e uso de energia que não destruam a vida humana na Terra. De fato, a Terra não aguentará que se continue produzindo energia com fontes fósseis, átomos de urânio, água dos rios. Será preciso, e com urgência, diminuir o consumo de energia, revendo o que realmente precisamos para sermos felizes; e será preciso produzir o que realmente for necessário de forma descentralizada e com participação das comunidades e usando fontes menos poluentes, como o sol, os ventos, o movimento natural das águas, a biomassa. E a energia não poderá ser mercadoria, fonte de lucros de empresas; deverá ser um bem público e colocado a serviço da vida. 
            Ivo Poletto, para a RCR

Nenhum comentário:

Postar um comentário