Tive a alegria
de participar, nesta semana, em Manaus, de mais um encontro da Articulação pela
Convivência com a Amazônia, e nele se decidiu organizar um ciclo de debates
sobre o que é e como promover a Convivência com a Amazônia. No meu
entendimento, é uma forma de vida que reconhece, como fazem os povos
tradicionais, que as pessoas e povos foram acolhidos por este berço de
biodiversidade criado pela Terra em sua longa história. A Amazônia e os outros
seis biomas existentes no Brasil são um dom gratuito, um presente da Terra e de
Deus, para quem crê ser ele Criador. Por isso, em vez de considerar-se dono e
com direito de explorar as riquezas da natureza, as pessoas e povos convivem
com ela, respeitando e cuidando de todos os seres vivos e de tudo que torna
possível a vida. Ao produzir o que necessitam para viver e serem felizes, as
pessoas e os povos agem em cooperação e respeito com as energia geradoras de
vida da Terra. Nada de explorá-la, gerando desequilíbrios.
Como se vê, a
Articulação decidiu colocar em debate o projeto dominante de Amazônia, centrado
na exploração das suas riquezas, na extração de minérios, na comercialização da
madeira, no uso dos rios para formar lagos que alimentam hidrelétricas, na
derrubada de floresta para implantar a pecuária e produção de grãos no sistema
do agronegócio. Um debate urgente, porque se não forem valorizadas e
multiplicadas as práticas de convivência com o bioma, a Amazônia será destruída
pela exploração capitalista.
Por outro lado, acontecerá nesta semana na
África do Sul uma conferência internacional sobre a produção e uso de energia
que não destruam a vida humana na Terra. De fato, a Terra não aguentará que se
continue produzindo energia com fontes fósseis, átomos de urânio, água dos
rios. Será preciso, e com urgência, diminuir o consumo de energia, revendo o
que realmente precisamos para sermos felizes; e será preciso produzir o que
realmente for necessário de forma descentralizada e com participação das
comunidades e usando fontes menos poluentes, como o sol, os ventos, o movimento
natural das águas, a biomassa. E a energia não poderá ser mercadoria, fonte de
lucros de empresas; deverá ser um bem público e colocado a serviço da
vida.
Ivo Poletto, para a RCR
Nenhum comentário:
Postar um comentário