quinta-feira, 4 de julho de 2013

NOVOS VENTOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA


Amigos e amigas, os acontecimentos estão exigindo, mais uma vez, que deixemos o tema da produção de energia elétrica a partir dos ventos para outro programa. As mobilizações que estão acontecendo em todo o país, e com imensa presença de jovens, estão provocando ventos novos em nossa organização política, em nossa democracia, e é sobre isso que faremos nossa reflexão.
            Faz muito tempo que nossos governantes e legisladores governam e fazem leis sem dar a mínima atenção às reivindicações sociais. Agora, por força das mobilizações, muitos deles estão aceitando reuniões com movimentos e lideranças populares e estão anunciando e encaminhando algumas mudanças, como no caso das passagens dos ônibus.
            Está cada vez mais claro, contudo, que as mobilizações têm como motivação mais profunda o cansaço e descrédito em relação aos políticos, ao modo como são tomadas as decisões e como são administrados os recursos públicos, e cansaço em relação à má qualidade das políticas públicas ligadas aos direitos sociais básicos. As pessoas já não se sentem representadas e querem, por isso, participar mais diretamente nas políticas que dizem respeito à sua vida.
            É nessa direção que se torna importante o debate sobre a prática do plebiscito, proposto pela presidente Dilma. É incrível, mas há alguns que querem que o plebiscito seja apenas um levantamento de opinião do povo sobre alguns pontos dessa reforma. Estes e outros insistem que só o Congresso pode fazer reforma política, e só ele pode decidir se pode ou não organizar o plebiscito.
Isso pode estar de acordo com a letra da Constituição, mas é contra a democracia. Plebiscito é uma consulta à soberania popular; o que ela decide se torna lei diretamente. Por isso, o melhor caminho seria este: consultar em plebiscito se a cidadania quer ou não que seja eleita uma assembléia constituinte para fazer a reforma política, e se quer que os candidatos sejam eleitos só por meio dos partidos políticos ou se prefere que haja candidatos independentes, por meio de outras organizações sociais; a partir da decisão soberana do povo, a Justiça Eleitoral organiza os passos para colocar em prática o que o povo exigiu.
Como se trata de reforma política, não é confiável que seja feita por quem está exercendo alguma forma de poder público, pois podem ceder aos seus interesses e reservar poder demais para si, marginalizando e impedindo a democracia direta. É por isso que as mobilizações sociopolíticas deveriam, sim, exigir a realização do plebiscito e lutar para que a reforma política seja realizada por uma Assembleia constituinte exclusiva, verdadeiramente representativa do povo brasileiro.



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