“Vivemos numa ordem mundial criminosa e canibal, em que as pequenas oligarquias do
capital financeiro decidem de forma ‘legal’ quem vai morrer de fome e quem não. Portanto, estes especuladores financieios devem ser julgados e
condenados, reeditando uma espécie de Tribunal de Nüremberg”.
Há, então, uma ordem mundial criminosa e canibal, isto é, que se alimenta de sangue e carne humana. É criminosa, mas está assentada sobre leis que a justificam, mesmo quando decide quem vai morrer de fome. Nasce daí a dificuldade para que os especuladores financeiros sejam julgados e condenados: na "ordem atual" eles estão por cima, parecem pessoas de bem, ricos, criminosamente ricos.
Em que consiste o crime? Na decisão de deixar perto de uma quninta parte da humanidade passando fome ao lado da abundância da produção de alimentos. Na palavra dele, publicada em seu livro Destruição massiva. Geopolítica da Fome, recentemente lançado na Espanha,
“É inaceitável que num planeta com os
recursos agroalimentares suficientes para alimentar o dobro da população
mundial atual, haja quase uma quinta parte de seus habitantes sofrendo
subalimentação”
Outro articulista, J. Carlos de Assis, em texto publicado em Carta Maior no dia 9 último, intitulado BCE prepara mais uma etapa do genocídio na zona do Euro, afirma claramente:
"Acaba de ser cumprida pelas mãos dos dirigentes do BCE (Banco Central
Europeu) mais uma etapa do genocídio em curso na zona do euro pelo qual as
grandes massas estão sendo calculadamente sacrificadas em favor de uma pequena
elite de especuladores que se locupletaram com a desregulamentação financeira
das últimas décadas. O programa de compra de títulos públicos anunciado pelo
presidente do banco, Mario Draghi, é um acinte em face da crise social
europeia. Tranquiliza os ricos sob condição de violentar os pobres."
De fato, a conivência dos governos com essa máfia de banqueiros, com essa oligarquia do capital financeiro é tão ou mais criminosa do que as decisões e ações deles. Afinal, os governantes foram eleitos pela cidadania para garantir os direitos de toda a população, cumprindo os preceitos da Constituição de cada país. Diante das pressões e ameaças dessa máfia, poderiam consultar a cidadania por meio de plebiscitos, definindo o que todos, inclusive e especialmente os banqueiros, deveriam obedecer, sob pena de serem submetidos a julgamento e condenados. Ao não agirem democraticamente, podem e devem ser julgados junto com os banqueiros, seus aliados.
Frente à existência dessa "ordem mundial criminosa e canibal", Ziegler propõe “Ocupar massivamente os bancos, nacionalizá-los
e confiscar as arrogantes riquezas roubadas pelos especuladores financeiros”.
A conclusão que se pode tirar é que, diante do sequestro da democracia por governos vendidos aos poucos banquiros, o julgamento deve ser feito diretamente pela população. Para isso, é fundamental o crescimento da capacidade de mobilização e de ação dos movmentos sociais, organizando a crescente massa de indignados.
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