Em rápida viagem ao México, em que tive oportunidade de marcar presença numa reunião oficial da igreja católica do país, contribuindo na tomada de consciência em relação ao aquecimento global e às mudanças climáticas provodas por ele, bem como sobre a responabilidade dos cristãos em relação a estes fenômenos, amigos me possibilitaram visitar, nas poucas horas de que dispunha, um lugar mágico chamado Teotihuacán.
Trata-se de um conjunto de pirâmides construídas há mais de 1.500 anos por povos indígenas que desapareceram por causa de eventos sociais e ambientais que os atingiram. Teotihuacán significa lugar dos deuses. Não apenas os deuses de um povo, e sim lugar sagrado em que foram reunidos deuses de diversos povos. A pirâmide maior era local de adoração do Sol. Perto dela, outra pirâmide ligava com a deusa Lua. As pirâmides estão localizados num conjunto arquitetônico que impressiona, mesmo se muitas das construções se encontram em ruínas. Na verdade, foi uma verdadeira cidade sagrada, com avenidas, ruas, muitas construções, tudo ligado às visitas e cultos.
Não tive tempo para visitar tudo, menos ainda para buscar informações que me ajudassem a compreender a riqueza desta civilização. Mas foi oportunidade para sentir-me ligado às riquezas culturais dos povos indígenas, tão desprezadas e até aniquiladas pela cultura trazida pelos colonizadores europeus. Senti como faz falta a presença destas culturas, religiões e espiritualidades tão ligadas aos fenômenos naturais da Terra. As formas religiosas trazidas pelo catolicismo estavam entrelaçadas com os interesses colonizadores, e preferiram levar o povo a desligar-se de tudo que constitui o ambiente da vida no Planeta, orientando-o para cultos ligados a esperanças espiritualizadas, válidas mais para depois da morte do que para a vida cotidiana. Mesmo com esta orientação institucional, contudo, o povo encontrou maneiras de expressar sua religiosidade cristã de forma mais ligada ao dia-a-dia da vida, interligando cultos dos povos de longa história com os promividos pela igreja oficial do poder dominante.
Não resta nenhuma dúvida de que um dos desafios típico dos tempos atuais, marcados pela urgente necessidade de mudar as estruturas ligadas ao progresso que causa desequilíbrios climáticos da Terra, está ligado com a revalorização das práticas culturais, políticas, econômicas e religiosas dos povos indígenas sobreviventes. A humanidade precisa deles para encontrar caminhos que corrijam a dependência quase cega à ciência, à razão, à economia geradora de mercantilização de tudo, que marca a civilização dominante em nosso Planeta.
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