Antes da recente reunião do grupo de países mais ricos, chamado G20, os Estados Unidos lançaram no mercado mundial mais 600 bilhões de dólares. O objetivo dessa medida é mais do que clara: criar condições favoráveis aos produdos estadunidenses através de uma guerra cambial. É o que já se vê no Brasil, por exemplo, com a valotização do real em relação ao dólar. Com isso, muitos empresários, que sempre buscam as melhores oportunidades de ganhar mais, preferem comprar produtos em dólar, aumentando dificuldades para os produtos brasileiros.
Tudo aparentemente normal na relação entre sociedades capitalistas. Afinal a regra de ouro no capialismo é usar a concorrência para vencer. Mas, na reunião do G20, alguns governantes, e entre eles Lula e Dilma, reclamaram da falta de solidariedade do governo dos Estados Unidos, tanto em relação aos países do grupo como aos demais. De fato, Obama não deve ter pensado em solidariedade ao aprovar o derrame de bilhões de dólares no mundo. Ele agiu assim para criar oportunidades para o seu país, e se isso implica cobrar a conta dos demais, que cada um enfrente os problemas com as armas que tem. No caso dos Estados Unidos, como ainda é dono da moeda de conversão mundial, por que não faria uso dela?
A reflexão que cabe aqui é essa: se alguém quer pensar em relações internacionais assentadas sobre o valor solidariedade, deve evitar grupos formados para defender o mercado capitalista neoliberal. O lugar em que é possível vivenciar essa qualidade humana será entre países que decidem abandonar o mau hábito de buscar oportunidades para explorar os demais, abrindo caminhos práticos de cooperação e complementaridade; além disso, entre países decididos a defender os direitos da Terra, para que continue sendo um planeta para todos os povos e para todos os seres vivos, relacionando-se também com ela de forma solidária e não exploradora.
Apenas para provocar a reflexão autocrítica: relações internacionais solidárias podem ser construídas sem que os países envolvidos pratiquem esta qualidade humana nas relações socioeconômicas e socioambientais em seu interior? Se examinamos a realidade brasileira, por exemplo, em que políticas sociais diminuem um pouco a miséria de milhões mas, ao mesmo tempo, aumenta uma das mais escandalosas concentrações e renda e riqueza do planeta, pode-se dizer que é uma sociedade assentada sobre a solidariedade entre os seres humanos e com a Terra? E se não é praticada em casa, com que força pode lutar por maior solidariedade internacional?
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