quarta-feira, 15 de novembro de 2017

É POSSÍVEL DEIXAR OS FÓSSEIS DE LADO ANTES DE 2050

COMO PODEMOS COBRAR QUE AS ENTIDADES DOS ESTADOS UNIDOS COLOQUEM TRUMP NO BANCO DOS RÉUS POR PROMOVER OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, RIDICULARIZAR OS QUE SOFREM COM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DOS QUE PERDEM A VIDA NOS EVENTOS EXTREMOS PROVOCADOS PELO AQUECIMENTO GLOBAL? E JUNTO COM ELE, OS FALSOS PROFETAS QUE O ASSESSORAM?

MAS  HÁ QUEM LUTA E DEMONSTRA SER POSSÍVEL MUDAR. BASTA QUERER, TER VONTADE POLÍTICA, NA VERDADE QUANDO ESTA VONTADE POLÍTICA FOR EXIGIDA POR MOVIMENTOS SOCIOPOLÍTICOS EM TODO O PLANETA. 

“...O governador da Califórnia, Jerry Brown, ridicularizou a tentativa de seu país de cuidar do planeta, enquanto dezenas de ativistas ambientais entoaram "Keep it in the ground" ("Mantenha os combustíveis fósseis no solo") durante o discurso de Barry Worthington, diretor-executivo da Associação de Energia dos EUA. Os manifestantes argumentaram que a promoção de combustíveis fósseis mais limpos é meramente uma desculpa para continuar lucrando com as indústrias de combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desacelera a transição para as energias renováveis...”


EUA promovem combustíveis fósseis "limpos" na COP23
Em evento paralelo à conferência do clima, representantes do país defendem tecnologias para reduzir emissões geradas por combustíveis fósseis. Ativistas criticam proposta como obstáculo a transição energética.

Data 14.11.2017
Autoria Irene Baños Ruíz (fc)

Usina a carvão Scherer, nos EUA

Usina a carvão Scherer, responsável por grande parte das emissões de CO2 nos EUA

A ausência da delegação oficial dos EUA chama atenção na 23ª Conferência do Clima (COP23), em Bonn, na Alemanha. No único evento paralelo à conferência organizado pelos americanos, delegados do país promoveram combustíveis fósseis "limpos" como uma solução para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Primeiramente anunciado sob o título "Ação de estímulo da inovação e implementação de tecnologias avançadas", o evento, nesta segunda-feira (13/11), foi finalmente apresentado como "O papel dos combustíveis fósseis mais limpos e eficientes e a energia nuclear na mitigação da mudança do clima".

O governador da Califórnia, Jerry Brown, ridicularizou a tentativa de seu país de cuidar do planeta, enquanto dezenas de ativistas ambientais entoaram "Keep it in the ground" ("Mantenha os combustíveis fósseis no solo") durante o discurso de Barry Worthington, diretor-executivo da Associação de Energia dos EUA.
Os manifestantes argumentaram que a promoção de combustíveis fósseis mais limpos é meramente uma desculpa para continuar lucrando com as indústrias de combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desacelera a transição para as energias renováveis.

"Os eventos dentro das negociações climáticas que promovem os combustíveis fósseis devem ser interrompidos", afirmou Jagoda Munić, diretora para a Europa da organização Friends of the Earth (FoE). "Os EUA têm sido deliberadamente provocativos ao organizarem isso. Não há espaço para combustíveis fósseis nestas negociações ou para um clima seguro no futuro."
No entanto, há uma questão válida na discussão. Uma vez que podemos depender de combustíveis fósseis por muito mais tempo do que esperávamos, não seria melhor ao menos torná-los mais limpos? "Combustíveis fósseis limpos" seriam um paradoxo?
Promotores do carvão numa conferência do clima
"Este painel só é controverso se escolhermos enterrar nossas cabeças na areia e ignorar as realidades do sistema energético global", disse David Barks, assistente especial da Casa Branca, em seu discurso de abertura.
O acesso universal à energia é necessário para ajudar a erradicar a pobreza e atingir objetivos de desenvolvimento – e isso só é possível com combustíveis fósseis, argumentou Barks.
"A ideia de que o mundo pode atingir objetivos ambiciosos de mitigação [das mudanças climáticas], apoiar o desenvolvimento de países pobres da maneira que deveríamos e assegurar o acesso à energia utilizando apenas energia eólica e solar é ingênua", disse.
Para o governador da Califórnia, Jerry Brown, no entanto, esse movimento dos EUA é simplesmente ridículo.
"Acredito que o governo federal não esteja fazendo nenhum progresso. Eles se transformaram numa espécie de Saturday Night Live [programa de humor da televisão americana] ou num programa de comédia", criticou. "Eles estão trazendo uma empresa de carvão para ensinar aos europeus como limpar o meio ambiente."
Para ativistas ambientais, a ideia é uma resposta clara ao apoio do presidente americano, Donald Trump, à indústria de combustíveis fósseis.
Combustíveis fósseis mais limpos?
No evento paralelo à COP23, representantes de companhias energéticas gigantes, como a Peabody Energy Corporation – a maior empresa do setor privado de carvão no mundo –, apresentaram formas de alcançar o ideal de combustíveis fósseis mais limpos.
"Existem tecnologias disponíveis hoje que podem reduzir drasticamente as emissões geradas pelo carvão e por outros combustíveis fósseis", afirmou Holly Krutka, vice-presidente de produção de carvão e tecnologias de emissões da Peabody.
Os principais passos para tornar os combustíveis fósseis "mais ecológicos" seriam instalar sistemas de alta eficiência e de baixas emissões em usinas e atualizar o processo de captura e armazenamento de carbono (CCS, em inglês) – capturando dióxido de carbono (CO2) de grandes emissores, como usinas de carvão, e o armazenando em um depósito para evitar que ele chegue à atmosfera.
No entanto, para Naomi Ages, líder do Climate Liability Project do Greenpeace dos EUA, "não existem combustíveis fósseis mais limpos". Segundo ela, esta é simplesmente uma estratégia desenvolvida pela indústria de combustíveis fósseis para retardar a transição do carvão para energias renováveis.
Ela argumenta, ainda, que o CCS e processos tecnológicos similares não garantem a redução de emissões no nível necessário para alcançar as metas estabelecidos pelo Acordo de Paris. Eles são também um desperdício de recursos que seriam melhor aplicados na expansão das energias renováveis e substituição de combustíveis fósseis, aponta.
Papel determinante
Uma equipe de pesquisadores internacionais da Universidade de Tecnologia de Lappeeranta (LUT), na Finlândia, mostrou na COP23 que é perfeitamente possível uma descarbonização completa do setor elétrico até 2050.
Ao usar energias renováveis apenas para o setor elétrico, as emissões poderiam cair 80% até 2030 e, embora um grande número de pessoas pudesse perder seus empregos, as energias renováveis criariam o dobro de novas vagas.
"A transição energética não é mais uma questão de viabilidade técnica ou econômica, mas de vontade política", afirmou Christian Breyer, chefe da equipe de pesquisa.
Embora indústrias como de transporte marítimo, ferro ou cimento ainda representem um grande desafio para se alcançar um sistema de energia totalmente renovável, Ages, do Greenpeace, acredita que isso pode ser facilmente superado com mais investimentos e políticas mais ambiciosas – ou seja, com vontade política.
Christoph Weber, professor de gestão científica e economia da energia na Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, frisou que as energias renováveis terão um papel determinante nas próximas décadas. Mas, abandonar os combustíveis fósseis não será fácil nem rápido, disse.
"Os combustíveis fósseis certamente não nos ajudarão a resolver nossos problemas climáticos, mas, por enquanto, devemos considerar todas as opções disponíveis – incluindo o CCS –, se quisermos manter o aquecimento global abaixo dos 2º C [meta do Acordo de Paris]", argumentou.
Por que mitigar?
Para os manifestantes reunidos dentro e fora do evento, claramente não há lugar para os combustíveis fósseis no futuro. Eles não estavam dispostos a permitir que o lobby dos combustíveis fósseis ofuscassem as negociações climáticas. Alguns deles brincavam dizendo: "Por que um dos delegados oficiais dos EUA iria querer mitigar as mudanças climáticas se elas são apenas uma farsa?"
"O governo Trump deveria ser responsabilizado criminalmente pelo que está fazendo nos EUA e em todo o mundo", disse Karen Orenstein, diretora de política econômica da organização americana Friends of the Earth. Segundo ela, o presidente Trump acabou de "vagar" pela Ásia "vendendo poluição climática".
"As ações de Trump demonstram um menosprezo cruel – e mesmo eventualmente uma malevolência genuína – em relação às pessoas de países pobres cujas vidas e meios de subsistência foram ameaçados, enfraquecidos e, em alguns casos, destruídos pelos efeitos devastadores das mudanças climáticas", concluiu Orenstein.

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