Roberto Malvezzi (Gogó)
Aconteceu o III CONGRESSO DE TEOLOGIA DA AMÉRINDIA, em El Salvador. Mais
de 700 pessoas presentes. Foi na Universidade Centroamericana (UCA),
onde seis padres jesuítas, a mulher do jardineiro e a filha do
jardineiro foram executados pelo regime militar de El
Salvador.
El Salvador também é a terra de São Oscar Romero, que será canonizado
por Francisco no dia 14 de outubro, junto com o Papa Paulo VI. Numa
outra capela onde foi assassinado, naquele altar, dizem as pessoas que
seu sangue se misturou com o sangue de Cristo. Um
serviço de áudio exibe suas últimas palavras e o som do tiro.
Na capela da Universidade onde estão enterrados os seis padres há
quadros pelas paredes, com pessoas sendo torturadas pelo regime militar
da época. É bom lembrar que havia uma escola de torturas -
Escola das Américas (School of the Americas) -
na América Central, Panamá, onde todos os torturadores da
América Latina foram preparados para o ofício por mestres dos Estados
Unidos.
No Brasil, como nos recorda um vídeo com D. Paulo Evaristo Arns, ricaços
brasileiros pagavam aos torturadores para assistir e gozar com os
sofrimentos horrendos dos torturados.
Por isso, quando no Brasil de hoje uma chapa presidencial concorre às
eleições defendendo a tortura e propagando os torturadores brasileiros
como heróis nacionais, é conveniente lembrar a quem se diz cristão a
afirmação contundente do Magistério da Igreja Católica
sobre a condenação sem provas e a prática da tortura. Quem sabe essas
palavras oficiais da Igreja sirvam para alertar tantos que se dizem
cristãos e que vão votar em torturadores.
A atividade dos ofícios encarregados do acertamento da
responsabilidade penal, que é sempre de caráter pessoal, deve tender à
rigorosa busca da verdade e deve ser conduzida no pleno respeito dos
direitos da pessoa humana: trata-se de assegurar os direitos
do culpado como os do inocente. Sempre se deve ter presente o
princípio jurídico geral pelo qual não se pode cominar uma pena sem que
antes se tenha provado o delito.
No curso das investigações deve ser escrupulosamente observada a regra que interdita a prática da tortura:
«O discípulo de Cristo rejeita todo recurso a tais meios, de modo algum
justificável e no qual a dignidade do homem é aviltada tanto
naquele que é espancado quanto no seu algoz»[830]. Os instrumentos
jurídicos internacionais referentes aos direitos do homem indicam
justamente a proibição da tortura como um princípio que em circunstância
alguma se pode derrogar (Compêndio da Doutrina
Social da Igreja, n0 404)
Nenhum comentário:
Postar um comentário