Entramos em outubro, na estação da primavera, mas não se
percebem mudanças geradoras de esperança. Acontecem, sim, chuvas mais intensas
em algumas regiões, mas a regra é calor intenso combinado com pouca chuva. A
prova disso está nas notícias em relação aos rios e às hidrelétricas. Rios
importantes, como o São Francisco, o Tocantins e o Araguaia estão com
pouquíssima água, assoreados, quase secos.
Mesmo assim, políticos da pior espécie – cegos porque não
querem ver – continuam querendo ser guias de cegos por limitações de
informação, e estão dando passos para aprovar no tal Congresso Nacional a
transposição de águas do rio Tocantins para o São Francisco! E querem fazer
isso sem reconhecer que o São Francisco e o Tocantins estão sendo mortos por
quem os agridem em favor de seus negócios, e por isso sem que sejam
implementadas, com a urgência de tempo de guerra, medidas eficazes de
recuperação destes dois rios maravilhosos e fontes de vida para milhões de
pessoas e de incontáveis outros seres vivos.
É falso mais uma vez o discurso de que a transposição do
Tocantins, como a do São Francisco, teria a finalidade de garantir água para os
milhões de sertanejos que vivem no Semiárido, e que já enfrentam quase sete
anos de forte estiagem. Nada disso. O verdadeiro objetivo é garantir água para
os empresários do agronegócio, especialmente o ligado à exportação de frutas, e
para as mineradoras, que terão um dos centros especiais no porto de Pecém. Por
isso, como está acabando a água do São Francisco, querem que o governo assuma,
com recursos do povo, os custos da transposição do Tocantins.
Em outras palavras, que se danem as pessoas e a natureza! Em
favor dos negócios de meia dúzia, a morte dos rios e o sofrimento e morte de
milhões de pessoas e bilhões de outros seres vivos seria apenas um custo do
progresso. E rindo da desgraça dos outros, ainda lembram que não se faz gemada
sem quebrar ovos!
De fato, senhores empresários e políticos, cegos pelos seus
seus negócios imediatos, vocês estão causando sofrimento e morte dos outros com
indiferença, mas não esqueçam que chegará também a hora de vocês. Vocês estão
matando a galinha dos ovos de ouro. Afinal, quem fará produção de agronegócio
quando não houver água e o solo for deserto? Ninguém, não é mesmo? Pois vocês
estão apressando esse dia!
Ivo
Poletto, do FMCJS
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