segunda-feira, 9 de outubro de 2017

TEREMOS PRIMAVERA NO BRASIL?

Entramos em outubro, na estação da primavera, mas não se percebem mudanças geradoras de esperança. Acontecem, sim, chuvas mais intensas em algumas regiões, mas a regra é calor intenso combinado com pouca chuva. A prova disso está nas notícias em relação aos rios e às hidrelétricas. Rios importantes, como o São Francisco, o Tocantins e o Araguaia estão com pouquíssima água, assoreados, quase secos.

Mesmo assim, políticos da pior espécie – cegos porque não querem ver – continuam querendo ser guias de cegos por limitações de informação, e estão dando passos para aprovar no tal Congresso Nacional a transposição de águas do rio Tocantins para o São Francisco! E querem fazer isso sem reconhecer que o São Francisco e o Tocantins estão sendo mortos por quem os agridem em favor de seus negócios, e por isso sem que sejam implementadas, com a urgência de tempo de guerra, medidas eficazes de recuperação destes dois rios maravilhosos e fontes de vida para milhões de pessoas e de incontáveis outros seres vivos.

É falso mais uma vez o discurso de que a transposição do Tocantins, como a do São Francisco, teria a finalidade de garantir água para os milhões de sertanejos que vivem no Semiárido, e que já enfrentam quase sete anos de forte estiagem. Nada disso. O verdadeiro objetivo é garantir água para os empresários do agronegócio, especialmente o ligado à exportação de frutas, e para as mineradoras, que terão um dos centros especiais no porto de Pecém. Por isso, como está acabando a água do São Francisco, querem que o governo assuma, com recursos do povo, os custos da transposição do Tocantins.

Em outras palavras, que se danem as pessoas e a natureza! Em favor dos negócios de meia dúzia, a morte dos rios e o sofrimento e morte de milhões de pessoas e bilhões de outros seres vivos seria apenas um custo do progresso. E rindo da desgraça dos outros, ainda lembram que não se faz gemada sem quebrar ovos!

De fato, senhores empresários e políticos, cegos pelos seus seus negócios imediatos, vocês estão causando sofrimento e morte dos outros com indiferença, mas não esqueçam que chegará também a hora de vocês. Vocês estão matando a galinha dos ovos de ouro. Afinal, quem fará produção de agronegócio quando não houver água e o solo for deserto? Ninguém, não é mesmo? Pois vocês estão apressando esse dia!


            Ivo Poletto, do FMCJS

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