COMENTANDO A NARRATIVA DE JO 10,27-30, ANTONIO PAGOLO NOS LEVA A ESTA REFLEXÃO:
ESCUTAR A SUA VOZ E SEGUIR
OS SEUS PASSOS
A cena é tensa e
conflituosa. Jesus está a passear dentro do recinto do templo. De repente, um
grupo de judeus rodeia-O acossando-O com ar ameaçador. Jesus não se intimida,
critica-os abertamente pela sua falta de fé:«Vós não acreditais porque não
sois ovelhas minhas». O evangelista diz que, ao terminar de falar, os
judeus tomaram pedras para apedreja-Lo.
Para provar que não são
ovelhas Suas, Jesus atreve-se a explicar-lhes o que significa ser dos Seus. Só
destaca os traços, os mais essenciais e imprescindíveis: «As Minhas
ovelhas escutam a minha voz… e seguem-Me». Depois de vinte séculos, os
cristãos necessitamos recordar de novo que o essencial para ser a Igreja de
Jesus é escutar a Sua voz e seguir os Seus passos.
Em primeiro lugar é
despertar a capacidade de escutar Jesus. Desenvolver muito mais nas nossas
comunidades, essa sensibilidade, que está viva em muitos cristãos simples que
sabem captar a Palavra que vem de Jesus em toda a Sua frescura e sintonizar com
a sua Boa Nova de Deus. João XXIII disse numa ocasião que «a Igreja é como uma
velha fonte de aldeia de cuja torneira há-de correr sempre água fresca». Nessa
Igreja velha de vinte séculos temos de fazer correr a água fresca de Jesus.
Se não queremos que a nossa
fé se vá diluindo progressivamente em formas decadentes de religiosidade
superficial, no meio de uma sociedade que invade as nossas consciências com
mensagens, slogans, imagens, comunicados e reclames de todo o género, temos de
aprender a colocar no centro das nossas comunidades a Palavra viva, concreta e
inconfundível de Jesus, nosso único Senhor.
Mas não basta escutar a Sua
voz. É necessário seguir Jesus. Chegou o momento de decidirmos entre
contentar-nos com uma «religião burguesa» que tranquiliza as consciências mas
afoga a nossa alegria, ou aprender a viver a fé cristã como uma aventura
apaixonante de seguir a Jesus.
A aventura consiste em
acreditar ao que Ele criou, dar importância ao que Ele deu, defender a causa do
ser humano como Ele a defendeu, aproximar-nos dos indefesos e desvalidos como
Ele se acercou, ser livres para fazer o bem como Ele, confiar no Pai como Ele
confiou e enfrentar-nos com a vida e a morte com a esperança com que Ele se
enfrentou.
Se quem vive perdido, só ou
desorientado, pode encontrar na comunidade cristã um lugar onde se aprende a
viver juntos de forma mais digna, solidária e liberta seguindo Jesus, a Igreja
estará a oferecer à sociedade um dos seus melhores serviços.
Pe. José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel
Álvarez Perez
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