Estamos na Semana Santa. Os que seguem a Jesus recordam como
Ele foi preso, torturado e condenado de forma absolutamente injusta, acusado de
ações subversivas por ter criado oportunidades para que o povo levantasse a
cabeça, acreditasse em si e criasse novas formas de relação entre as pessoas
acolhendo e construindo o Reino de Deus. Foi considerado um perigo para os
amigos do império romano e para os que usavam o sistema religioso do Templo
para dominar e explorar o povo.
Este foi o julgamento dos donos do poder, mas Deus e de
muita gente do povo não concordaram com eles, já que Jesus passou a vida
fazendo o bem, amando as pessoas, atraindo-as para uma caminhada de libertação,
e o fez com tal firmeza e fidelidade que recebeu de Deus, como reconhecimento
amoroso e em resposta à crucificação, vida nova pela ressurreição. Nasce deste
fato a esperança segura de que o amor libertador, mesmo se passar por
condenações injustas, é fonte de vida que une com Deus, de vida eterna.
A luz que a ressurreição de Jesus irradia se faz presente na
vida de todas as pessoas que amam, das pessoas que se transformam para amar ainda
mais. É uma luz que ajuda a tomar consciência e a ter coragem de superar
limites, visões equivocadas, práticas egoístas e predadoras. É uma luz que
renova a vida e leva a lutar pela vida de todas as pessoas, de todos os demais
seres vivos e da Mãe Terra.
Compreendida e vivida dessa forma, a Páscoa deveria ser um
tempo revolucionário no Brasil, em que há tantas pessoas que creem em Jesus.
Deveria ser um tempo para forçar mudanças em favor da justiça e da vida, em
favor da geração da energia que precisamos a partir do uso do sol e do vento,
deixando de agredir o ambiente da vida com a queima de petróleo, gás, carvão,
átomos de urânio e deixando de agredir rios e os seres que vivem neles,
florestas e os seres vivos e comunidades humanas que vivem nelas para construir
represas e aumentar a emissão de metano na atmosfera.
Sei que isso não está acontecendo porque muitas pessoas que
creem em Jesus foram levadas a viver a Páscoa apenas como algo ligado à
salvação individual, e não como um convite seguro de que vale a pena ser e
viver como Jesus, apaixonados pela justiça e pela vida, pela prática do amor
libertador. Meus votos de Páscoa são para que todas as pessoas passem a viver uma Páscoa de mudança, de transformação, sendo cidadãos e
cidadãs ativas em favor de políticas públicas que promovam a vida.
Ivo Poletto
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