segunda-feira, 4 de março de 2013

QUEM SERÁ O NOVO PAPA?


A cada novo noticiário dos meios de comunicação, mudam os nomes e aumenta o número dos prováveis. Nos últimos dias, por exemplo, teria aumentado o cacife de dois brasileiros, o cardeal de São Paulo, dom Odilo Sherer, e o ex-arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz. Continuam ao lado de outros candidatos, é claro, sendo um deles do Canadá...

Diante de tanto interesse da grande mídia mundial e nacional, é justo levantar algumas perguntas e tecer alguns comentários.

Quais seriam as fontes de informação da mídia? Seriam fontes oficiais ou oficiosas do Vaticano? Ou seriam notícias divulgadas e, talvez, patrocinadas por fontes ligadas a movimentos católicos que cercam e promovem cardeais que os apóiam ou são membros deles?

É importante lembrar que nem sempre as fontes são confiáveis. Os tais “especialistas” citados podem ser como os “economistas” que, na véspera da explosão da crise do capital financeiro de 2008 nos Estados Unidos, geravam notícias, citavam dados e pesquisas para garantir que os bancos e financeiras estavam saudáveis e mereciam total confiança.

É preciso, então, verificar criticamente a fonte das notícias. Sabe-se que os dois cardeais brasileiros citados estão ligados e são promovidos por dois diferentes movimentos conservadores, sendo que um deles, sediado em São Paulo, revela até em suas vestes, botas e símbolos, que defende um catolicismo beligerante e inspirado e modelos vigentes na Idade Média.

Por outro lado, qual seria o motivo que leva a mídia a noticiar crescimento de papáveis de perfil claramente conservador? É possível ou provável que não interessa ao capital que a financia falar de cardeais que são críticos do neoliberalismo e que poderiam implementar mudanças estruturais na gestão da igreja católica, já que isso reforçaria a indignação das vítimas desse tipo de progresso econômico.

Na verdade, o debate provocado pela renúncia, mais do que legítima, de Bento VI, está sendo muito mais profundo do que o show dos noticiários fantásticos. Há muitos que se perguntam se o papa será eleito ou nomeado? Afinal, quem são os eleitores senão cardeais nomeados pelo papa? Não há sequer consulta aos bispos nessas nomeações. Quando se têm presente as últimas eleições da presidência da CNBB, por exemplo, a maioria dos bispos não elegeu nenhum dos dois cardeais que a mídia anuncia estarem com chances de serem nomeados papa.

Isso e muito mais leva à pergunta mais desafiadora: afinal, o papa seria eleito pelo Espírito Santo? Se esta questão for levantada por algum dos participantes das reuniões prévias e do consistório, certamente a Igreja Católica terá que esperar mais tempo para que Bento VI seja substituído por um novo papa. Afinal, até que ponto o Espírito Santo estará de acordo que a eleição seja limitada a nomeados segundo a preferência pessoal do papa em exercício – visto que renúncia demonstrou que se trata de missão dada a uma pessoa humana, e que ela pode, legitimamente, afirmar que não quer ou não tem mais condições de exercê-la? Não poderia acontecer que o Espírito Santo, se ouvido, preferisse o caminho da colegialidade episcopal aberto pelo Concílio Vaticano II, que, se levada a sério, abriria para uma generalizada participação responsável dos católicos de todo o mundo na definição do modo de promover e garantir a unidade e, por isso, no modo de escolha das pessoas de fé que devem estar a serviço dela?

Como os católicos não são consultados em nada que se refere à hierarquia clerical, resta-nos trabalhar com seriedade no aprofundamento de uma opinião pública em relação à melhor forma de a Igreja Católica ser e organizar-se para estar a serviço do Reino de Deus; isto é, para atuar em favor de tudo que Deus deseja para toda a humanidade a partir e com os que sofrem por causa da injustiça, da opressão e da exploração praticadas pelos poderosos. Essa é, certamente, uma forma ativa de orar para que o Espírito Santo fure os bloqueios e jogos de poder que aprisionam a Igreja a formas de organização que atrapalham e até impedem seu testemunho de fidelidade a Jesus de Nazaré.

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