quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PELA CONVIVÊNCIA COM A AMAZÔNIA

Participei hoje da quarta reunião de um grupo voluntário de entidades do Amazonas que se propõem uma meta em comum: articular e tornar conhecidas as práticas dos povos amazônidas que já estão construindo a Convivência com a Amazônia.

Elas têm em comum a consciência de que o projeto político e econômico dominante na Amazônia foi, uma vez mais, elaborado fora da região e está sendo implantado a ferro e fogo com características coloniais. Ele não nasce dos povos amazônidas nem deseja saber sua opinião sobre ele. Não leva em conta as potencialidades e limites do bioma, Pelo contrário, ele é imposto aos povos, que devem aceitar os sacrifícios de sua implantação como contribuição a um projeto maior de crescimento econômico, apresentado ideologicamente como desenvolvimento nacional. E os bioma, bem esse não passa, para os promotores desse projeto, de parte da natureza que o ser humano tem o direito de dominar, subjugar, colocar a seu serviço...

A Conivência com a Amazônia significa a construção de relações entre os seres humanos baseadas em práticas de cooperação e de participação democrática em todas as decisões que dizem respeito à sua vida, incluindo a forma de produzir e distribuir o que realmente é necessário para viver com saúde e alegria, isto é, sobre a economia a ser realizada. Mais do que isso, ela significa o estabelecimento de relações de convivência, respeito, cuidado e amor com a Terra, com tudo que compõe o bioma Amazônia. É a esse conjunto de valores e de formas de convivência que os povos indígenas denominam Bem Viver.

A crítica ao projeto dominante é, hoje, exigência dos seres humanos livres e conscientes e da Terra. Sim, a Terra está manifestando, através das mudanças climáticas, que já não consegue manter-se equilibrada a serviço da vida, e os eventos extremos, como as secas e enchentes que aconteceram na Amazônia nos últimos anos, são o seu grito exigindo que os seres humanos, e de modo especial os mais ricos, deixem de jogar para a atmosfera mais e mais gases que provocam aquecimento para manter em funcionamento um tipo de progresso que favorece uma minoria da humanidade.

O que o grupo de entidades está buscando é um esforço comum para gerar uma mobilização regional que, partindo e tendo por base as práticas populares já empenhadas na construção da Convivência com a Amazônia, possa questionar o caráter destrutivo do projeto dominante e apresentar a todas as pessoas de boa vontade a proposta e o convite para que se unam em torno do projeto alternativo de Convivência com a Amazônia.

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