As notícias de que há localidades no Brasil Central em que a umidade caiu a 7 por cento impressionam a todas as pessoas. Incrível é que em nenhum momento os meios de comunicação, bem com os governantes, levantam a pergunta: o que está levando o Cerrado a ficar tão seco? Em lugar disso, lembram apenas que as pessoas devem beber muita água, passando a ideia de que essa queda incrível da umidade seria algo natural.
Será realmente algo natural? Mas, então, por que motivos está em queda constante nas últimas décadas e especialmente nos últimos anos?
É mais sábio ouvir as pessoas de mais idade que nasceram na região do que as informações superficiais e apenas quantitativas dos institutos metereológicos citados pela mídia. O que nos dizem? Não foi sempre assim. Na verdade, o clima está mudando nos últimos trinta anos,e está ficando cada ano mais complicado. Basta lembrar que não havia Semana da Pátria sem chuva. Agora, quando começam e quando se firmam? Já tivemos anos em que só em novembro elas se firmaram. Até as plantas estão atrapalhadas com o clima...
De fato, o que se fez no bioma Cerrado nos últimos trinta anos é assustador: foi retirada violentamente a cobertura vegetal de 70 por cento de seu solo! E junto com a pecuária, máquinas e mais máquinas, corretivos, fertilizantes, defensivos e outros produtos químicos foram jogados aos montes e sem cuidado algum sobre o solo. Não estaria neste comportamento ambicioso e irresponsável a causa maior do aumento da temperatura do bioma? E não se deve a esse aquecimento a redução do tempo de chuvas, a morte de córregos e até de rios?
Cabe, com certeza, a pergunta, por mais perturbadora que pareça: a queda constante da umidade do ar não está sendo causada pelo modo de agir de quem explora o Cerrado em busca de lucros e de poder? Se a sabedoria popular e os dados científicos forem levados a sério, essa mudança climática tem sua causa no tipo de economia implantada a toque de caixa nas últimas décadas.
De toda maneira, o que todas as pessoas precisam perguntar-se é se haverá condições de viver no Cerrado sem umidade no ar, já que a porcentagem dela na atmosfera vem caindo perigosa e continuamente. E se a resposta é que, com certeza, não seremos capazes de adaptar-nos a tanta secura, então já está passando da hora de uma ação decidida de todas as pessoas em favor de mudanças profundas no modo dominante de relação com o ambiente de vida do Cerrado. Se forem necessárias, que sejam exigidas das autoridades medidas políticas que corrijam o que deve ser corrigido, e que favoreçam as práticas que ajudem o Cerrado a recuperar seu equilíbrio, que foi tão bom para a vida durante milhares, milhões de anos.
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