Roberto Malvezzi (Gogó)
São 332 barragens nas cabeceiras do Rio São Francisco. Cerca de 70%
cheias de rejeitos da mineração. Basta estourar a de Congonhas do Campo,
com rejeitos de metais pesados para minerar o ouro, que o Velho Chico
estará morto por 100 anos, calculam especialistas
da área.
Então, Brumadinho e Marianna, que não mandaram aviso, avisaram que
estamos com uma barragem de rejeito amarrada em cada pescoço. Nós somos
18 milhões de pessoas no Vale do São Francisco, sem falar agora dos
paraibanos que bebem também dessa água.
Mas, o aviso da velha mídia é que na região de Caldas, também Minas
Gerais, há uma represa com rejeitos de material radioativo. Isso mesmo. É
a bacia do Rio Grande, portanto do Paraná, portanto do Prata. Só na
bacia do Grande são 9 milhões de pessoas. O povo,
a Universidade e o MPF alertam para a insegurança da barragem diante de
acontecimentos incomuns na parede, leia-se vazamentos e infiltrações.
Porém, a Industrias Nucleares do Brasil (INB) já disse que não tem mais
de 1 bilhão de reais (Sic!) para desativar
a barragem.
Papa Francisco já disse que essa economia mata. Mata pessoas e mata a
natureza. Não há duas crises, há apenas uma crise de civilização. Na
verdade, ninguém sabe qual a segurança de rejeitos radioativos e de
mineração em toda face da Terra. Uma bomba pode aparecer
nas nossas vidas a qualquer momento.
Enquanto isso, o povo da região de Itacuruba, Pernambuco, se manifesta
mais uma vez contra a instalação de mais uma usina nuclear, dessa vez no
Baixo São Francisco. Horror em cima de horror.
Nem vamos falar do plástico que ocupa os oceanos, da contaminação por
metais pesados da agricultura, dos hormônios e antibióticos lançados em
toneladas nas águas. O capital não pode medir as suas próprias
consequências, tem apenas que seguir em frente.
A retaliação do lixo vai se tornando fantástica. Para quem gosta do
caos, somando a vingança do lixo com a vingança de Gaia – vide
Moçambique -, o espetáculo vai sendo dantesco e inimaginável,
apocalíptico. Ninguém vai poder reclamar da falta de emoção.
Divirtam-se.
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