quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A LUTA PELA VIDA NA E DA TERRA CONTINUA

MARCHA PELA VIDA NO E DO PLANETA

Lima, 10 de dezembro de 2014

O grito mais repetido na marcha organizada pela Cúpula dos Povos no dia de hoje, foi MUDEMOS O SISTEMA, NÃO O CLIMA. Algo em torno de 20 mil pessoas, vindas de muitos países, marcharam pelas ruas e avenidas de Lima apresentando à cidade e ao mundo seu desejo de que os governantes dos países levem a sério os sinais e gritos da Terra para construir os acordos necessários para enfrentar as causas do aquecimento global que já está provocando mudanças climáticas.

Tem sido muito forte a presença dos povos indígenas, em maior número do Peru, mas também de outros países. Forte pelo seu número, mais fortes ainda pelas suas denúncias e seus apelos em favor de Pachamama, a Mãe Terra. Suas mensagens chegam com a força de quem sabe que sempre manteve relações equilibradas, harmoniosas com a Terra. Sentem-se à vontade tanto para colocar em questão o modo de vida criado e imposto pelo sistema capitalista, como para apresentar o convite e desafio do Bem Viver como forma de vida a ser assumido por todas as pessoas.

Não foi fácil, mas a marcha confirmou a unidade entre as forças que lutam em defesa do ambiente da vida. E vale a pena apostar e contribuir para que esta unidade se aprofunde, porque as forças interessadas em manter e aprofundar a espoliação dos bens naturais para transformá-los em mercadorias também se reuniram em Lima e certamente aumentarão sua ação conjunta para continuar seus negócios e concentrar ainda mais riqueza e poder. Na verdade, elas desejam bens naturais para produzir mercadorias e, ao mesmo tempo, desejam ter o controle sobre bens naturais preservados pelos povos indígenas e camponeses como justificativa para continuarem emitindo gases de efeito estufa e para utilizá-las como novas fontes de especulação financeira. É isso que buscam com os tentadores projetos de Redd e de Pagamento por serviços ambientais: o domínio sobre esses territórios preservados e a financeirização do que resta de bens comuns; como sobremesa, querem degustar a venda especulativa dos diferentes Títulos de Carbono, em relação aos quais se consideram proprietários por terem pago alguns dólares aos povos que preservaram amorosamente, mas não se consideram nem querem ser "donos" da Terra.

A Cúpula ainda não foi encerrada. No dia de amanhã será feito um esforço de sistematizar o que foi produzido e sugerido nas muitas Atividades realizadas. E espera-se, e deseja-se, que sejam assumidas e planejadas ações articuladas para exigir que a próxima COP, a vigésima primeira, seja de fato uma Conferência do Clima, definindo compromissos efetivos de mudanças para salvar a vida na Terra e da Terra.

            Ivo Poletto, do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social

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