Peru, 8 de dezembro de 2014
Foi realizada, no fim da tarde desse primeiro dia, a
Abertura festiva da Cúpula dos Povos, com presença de algo mais do que quatro
mil pessoas. A maior parte são peruanos, mas é significativa a presença de povos
de outros países, de modo especial da América do Sul.
Foi uma cerimônia em que se misturaram músicos e cantores,
apresentando canções típicas dos povos do Peru, e palavras de representantes das
entidades, movimentos e redes que organizaram o evento. Justo que assim tenha
sido, pois cabia a eles e elas acolherem a todos os que aceitaram o convite e
estão dispostos a fazer desta Cúpula mais um acontecimento de afirmação dos
povos em relação aos processos que estão agravando as mudanças climáticas.
Na verdade, antes mesmo da Abertura, foram realizadas muitas
atividades autogestionadas, única forma de organizar espaços para tantas
inscrições e tanta vontade de debater e elaborar propostas sobre diferentes
dimensões da temática do aquecimento e mudanças climáticas.
Tristes são as notícias que chegam da COP 20, a Conferência
oficial da ONU. Alguém, e talvez de forma mais criativa, afirmou que se tratava
da consolidação de uma trampa, isto
é, de uma solene armadilha por parte de tantos representantes de governos,
empresas e grandes ONGs. Em que sentido, essa trampa? É que tudo indica que se abandonará a obrigação de colocar
em prática compromissos que efetivamente enfrentem o que causa das mudanças
climáticas, e serão anunciados compromissos voluntários de cada país, sem
nenhuma garantia de que serão colocados em prática. Tem sido até agora, nas 19,
e agora, nas 20 Conferências do Clima, um solene jogo de faz de conta. E quem
ri e celebra com champanhes tudo isso são as grandes empresas, que nunca
aceitaram e continuam fazendo tudo que podem para impedir que sejam assumidos
compromissos efetivos de mudanças profundas e estruturais no sistema de
produção e no modo de vida consumista.
Tudo indica que os participantes da Cúpula dos Povos não
poderão limitar-se a apresentar propostas aos membros da COP oficial, e mesmo a
fazer pressão pública sobre eles. Para serem efetivos e realizar o que desejam
os membros dos movimentos populares indígenas, camponeses e urbanos, de jovens
e de mulheres, bem como das entidades que muitos aqui representam, será
necessário definir ações de mobilização e pressão sobre os governos antes da
COP que será realizada no final do próximo ano e Paris, para que, finalmente,
assumam compromissos sérios e efetivos, enquanto ainda é tempo. Mais ainda,
deverão retornar aos seus territórios e comunidades comprometidos a ir
realizado o que é possível fazer com autonomia em relação ao Estado e às
grandes empresas.
Ivo
Poletto, do FMCJS
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