Tive a alegria de estar, mais uma vez, em Manaus para
participar de eventos com a temática da convivência com a Amazônia. Por causa
de atraso no voo, do Seminário “A Amazônia para Além do Pensamento Ocidental”
só participei com um texto que consegui enviar. Por ser um tema ligado à vida,
este evento atraiu mais de 300 pessoas, a maioria delas jovens estudantes. No
outro, promovido pela Cáritas da região, buscamos juntos motivações profundas
para construir, com os povos da Amazônia, um modo de pensar e de agir inspirado
em Jesus de Nazaré, construindo uma Amazônia em que todas as pessoas vivam com
dignidade e convivam com a biodiversidade que a caracteriza.
O projeto dominante na Amazônia é a aplicação concreta do
pensamento ocidental. Ele coloca o homem no centro de todo o progresso,
afirmando que ele deve usar sua razão para dominar sobre a natureza,
colocando-a a seu serviço; ou melhor, afirma que o indivíduo tem direito de
apropriar-se de tudo que seus recursos financeiros e sua esperteza possibilitam
controlar e usar a serviço de seus interesses. Na Amazônia, esse projeto avança
por causa do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que dá força às
grandes empresas de extração de minérios e de produção agropecuária voltadas
para a exportação. Um dos apoios se faz presente nas grandes hidrelétricas, que
ameaçam os rios, os povos ribeirinhos e a biodiversidade.
Essa civilização ocidental está aumentando o desequilíbrio
ambiental, agravando os efeitos socioambientais das mudanças climáticas. E esse
progresso, além de favorecer a poucos, é pensado fora da região e é voltado
para fora; é, por isso, um projeto colonial.
Quem ama a Amazônia e seus povos, precisa apoiar as ações
dos que lutam contra o projeto colonial que agride e destrói o bioma. É um
trabalho desafiador porque muitas pessoas estão dominadas pelo projeto
colonizador, e não é tarefa fácil libertarem-se do colonizador que invadiu suas
mentes. Uma das condições para seu avanço está na consolidação do projeto de
convivência com a Amazônia, que já está presente nas formas de vida tradicional
dos povos da região e em outras iniciativas comunitárias, e é a meta da ARCA, a
Articulação da Convivência com a Amazônia.
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