terça-feira, 18 de março de 2014

DESCOLONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA



Tive a alegria de estar, mais uma vez, em Manaus para participar de eventos com a temática da convivência com a Amazônia. Por causa de atraso no voo, do Seminário “A Amazônia para Além do Pensamento Ocidental” só participei com um texto que consegui enviar. Por ser um tema ligado à vida, este evento atraiu mais de 300 pessoas, a maioria delas jovens estudantes. No outro, promovido pela Cáritas da região, buscamos juntos motivações profundas para construir, com os povos da Amazônia, um modo de pensar e de agir inspirado em Jesus de Nazaré, construindo uma Amazônia em que todas as pessoas vivam com dignidade e convivam com a biodiversidade que a caracteriza.

O projeto dominante na Amazônia é a aplicação concreta do pensamento ocidental. Ele coloca o homem no centro de todo o progresso, afirmando que ele deve usar sua razão para dominar sobre a natureza, colocando-a a seu serviço; ou melhor, afirma que o indivíduo tem direito de apropriar-se de tudo que seus recursos financeiros e sua esperteza possibilitam controlar e usar a serviço de seus interesses. Na Amazônia, esse projeto avança por causa do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que dá força às grandes empresas de extração de minérios e de produção agropecuária voltadas para a exportação. Um dos apoios se faz presente nas grandes hidrelétricas, que ameaçam os rios, os povos ribeirinhos e a biodiversidade.

Essa civilização ocidental está aumentando o desequilíbrio ambiental, agravando os efeitos socioambientais das mudanças climáticas. E esse progresso, além de favorecer a poucos, é pensado fora da região e é voltado para fora; é, por isso, um projeto colonial.

Quem ama a Amazônia e seus povos, precisa apoiar as ações dos que lutam contra o projeto colonial que agride e destrói o bioma. É um trabalho desafiador porque muitas pessoas estão dominadas pelo projeto colonizador, e não é tarefa fácil libertarem-se do colonizador que invadiu suas mentes. Uma das condições para seu avanço está na consolidação do projeto de convivência com a Amazônia, que já está presente nas formas de vida tradicional dos povos da região e em outras iniciativas comunitárias, e é a meta da ARCA, a Articulação da Convivência com a Amazônia.

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