Adital - 15.10.12 - América Latina
Perto de Deus...
perto dos pobres – Documento final do Congresso Continental de Teologia
Participaram 750
pessoas entre jovens e adultos, laicas e laicos, religiosas e religiosos,
sacerdotes e bispos e irmãs e irmãos de outras denominações cristãs.
Provenientes dos diferentes países da América Latina e do Caribe, da América do
Norte e da Europa. Temos vivenciado um verdadeiro kairós e mobilizado a
comunidade teológica do Continente.
Primeiramente
queremos comunicar que saímos fortalecidos em nossa esperança, uma esperança
que nos impulsiona a colocar nossa vida a serviço do Reino de Deus. Oramos
evocando a caminhada eclesial desde o início do Concílio Vaticano II e dos 40
anos de teologia da libertação. Refletimos criativamente em painéis e oficinas
sobre aspectos importantes do povo de Deus e que desafiam a nossa tarefa
teológica e pastoral.
Constatamos e
assumimos nossas diferenças e diversidades históricas, geográficas, culturais,
de processos sociais e eclesiais. Nos enriquecemos com elas, muito
especialmente quando lembramos e celebramos o testemunho de martírio de quem
nas últimas décadas tem dado amostras extraordinárias de fidelidade ao Deus da
vida, dentro de nosso povo, sobretudo entre os pobres.
Recordamos
especialmente a figura iluminada e cativante do Papa João XXIII, de quem
evocamos o gesto de abrir portas e janelas para que a Igreja católica
aprendesse que para ser mãe e mestra necessitava tornar-se filha e discípula.
Recordamos, também, a Paulo VI que acertou em colocar lucidez e audácia nos
trabalhos do Concílio e na caminhada do povo de Deus do imediato pós-concílio.
Esta recordação nos transmitiu com emoção e força Mons. José M. Pires de 94
anos; ele foi padre conciliar.
Reafirmamos nossa
convicção de que o caminho que iniciamos em Medellín, continuará sendo nosso
caminho neste tempo. Tomamos consciência, também, das exigências que supõe o
novo contexto cultural, social, político, econômico, ecológico, religioso e
eclesial, agora globalizado, depredado e excludente.
Confirmamos que a
Teologia da Libertação está viva e continua inspirando as buscas e os
compromissos das novas gerações de teólogos. Mas às vezes as brasas se escondem
por debaixo das cinzas. Neste sentido, esse congresso se converteu em um sopro
que se reacendeu o fogo desta teologia que quer continuar sendo fogo que acende
outros fogos na Igreja e na sociedade.
Conscientes de que a
"Igreja deve escutar os signos dos tempos e interpretá-los à luz do
Evangelho” (GS 4), queremos passar aos tempos dos signos e fazer um processo de
construção coletiva que articule nosso pensar, sentir e atuar. Este processo supõe
um esforço de escuta atenta de diferentes testemunhos e experiências,
convicções e olhares, em uma ação que nos desafia hoje de nossos diferentes
contextos e nos leva a apostar por um presente que tenha futuro.
Os tempos mudaram.
Isto nos levou a fazer uma pausa e articular nossa teologia latino-americana
com realidades e saberes que não estiveram presentes nos trabalhos do Vaticano
II, nem nos primeiros momentos da Teologia da Libertação. Para nós são novos
clamores que vêm dos migrantes, das mulheres, dos povos originários e
afro-descendentes, das novas gerações e de todos os novos rostos de exclusão
que emergem desde a invisibilidade.
Estes gemidos são
frutos de um sofrimento, que buscamos compartilhar com paixão com os que são
privados de uma vida digna, de um "bem viver” (Sumakausai) como Deus quer.
Acreditamos que este
Congresso marque o começo de uma nova etapa. Para isso está sendo organizado.
Algo novo está brotando e cada vez nos damos mais conta (Is. 43,13). Queremos
que esse futuro esteja marcado pela fidelidade, fecundidade, a criatividade e a
alegria. Na nossa tarefa teológica deve acertar a assumir os novos desafios em
plena sintonia com a Palavra de Deus, sob a ação do Espírito e em profunda
comunhão com os pobres que para nós são os preferidos de Jesus. Tem que ser
assim já que "todo o que tem a ver com Cristo, tem a ver com os pobres e
tudo o que é relacionado com os pobres chama a Jesus Cristo” (DA 393).
Durante o congresso
olhamos para adiante e olhamos distantes, até o futuro; nos deixa com sonhos e
com vontade de torná-los realidade. Um dos mais importantes é estimular
teólogos e teólogas jovens que amparam a herança dos teólogos da primeira
geração da Teologia da Libertação. Esta herança transmitiu Gustavo Gutiérrez ao
lembrar com emoção aos teólogos jovens que em sua tarefa teológica sejam
rigorosos, profundos, próximos das comunidades inseridas no mundo e que deem
sua vida pelos pobres. Com sua frase "Perto de Deus, perto dos pobres”
evocou a todos os participantes o melhor da teologia latino-americana. Com isso
reunimos o melhor deste Congresso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário