domingo, 29 de janeiro de 2012

FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO E A CÚPULA DOS POVOS

Como o Fórum Social Temático - FST - foi anunciado e realizado como preparação para a Cúpula dos Povos na Rio+20, a metodologia seguida nele não deixa de preocupar. Quem e como se fará a sistematização do que houve de crítica ao capitalismo existente e de propostas para avançar na construção do outro outro mundo possível e urgentemente necessário? Além disso, a Cúpula dos Povos seguirá a metodologia do FST, valorizando atividades autogestionárias, que podem manter isoladas as iniciativas e propostas dos movimentos e entidades?

No FST, por exemplo, houve em torno de 900 atividades, mas como cada participante tomará conhecimento do trabalho dos outros? A riqueza da diversidade pode não se fazer presente nas unidades em processo, necessárias para enfrentar o poder agressivo do capitalismo dominante e para garantir a qualidade do processo de construção da nova civilização, em que todos e todas estão empenhados.

Creio que há necessidade de dialogar sobre a metodologia a ser seguida na Cúpula dos Povos. Uma das ideias já em circulação indica a necessidade de se dedicar as tardes a assembleias. Pela manhã, atividades autogestionárias; à tarde, esforço de sistematização, destacando uma ou mais dimensões do novo mundo em construção a cada dia. Para isso, mais do que palestras, as assembleias poderiam começar com a apresentação do que já se produziu de críticas e propostas em espaços preparatórios, como FST. Em seguida, colher as contribuições dos trabalhos da manhãs. Por fim, mesmo ficando claro que se trata sempre de pontos de chegada que são, ao mesmo tempo, pontos de partida, encaminhar a aprovação conjunta das sistematizações.

Estas propostas aprovadas tornam-se, ao mesmo tempo, expressão de compromissos dos e para os movimentos e entidades participantes e de propostas a serem enviadas aos negociadores oficiais da Rio+20.

Com isso, movimentos e entidades clareiam suas perspectivas comuns, que darão maior unidade às manifestações públicas e às lutas e trabalhos futuros. E o acolhimento ou não por parte dos governantes presentes na Rio+20 reforçara e legitimará as ações dos 99% da humanidade indignada com o que está acontecendo com a Mãe Terra e com seus filhos e filhas.

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