NADA MELHOR DO QUE A PALAVRA DE QUEM VIVE COM O CORAÇÃO O QUE SIGNIFICA CONQUISTAR UM PEDAÇO DE TERRA, RECUPERÁ-LO, CULTIVÁ-LO COM CARINHO E SEMENTES CRIOULAS, PRODUZINDO ALIMENTOS SEM VENENO, AGROECOLÓGICOS, VENDÊ-LOS POR PREÇO QUE CONCORRE COM OS PROCESSADOS DA AGROINDÚSTRIA... E QUEM CURTE REPLANTAR FLORESTA, RECUPERAR NASCENTES... E ACIMA DE TUDO, DE QUEM TEM ORGULHO DE TER A SUA ESCOLA.
NADA DISSO VALE PARA O GOVERNO CRIMINOSO DE MINAS GERAIS. PARA ELE E PARA O JUIZ QUE CONCEDEU REINTEGRAÇÃO DE POSSE, VALE MAIS O USINEIRO FALIDO, ESCRAVOCRATA, CHEIO DE DÍVIDAS COM O POVO, POR NÃO TER PAGO IMPOSTOS, NÃO TR INDENIZADO OS TRABALHADORES...
LEIA ESTE ARTIGO, E PENSE COMIGO: QUE PODER DIABÓLICO DOMINA AINDA TANTAS CABEÇAS, QUE AS LEVA A NEGAR TUDO QUE É REAL, SÓ PORQUE É DE POBRE, DE MST, E MESMO QUASE CONDENADAS À MORTE POR ABANDONO E FOME, PREFEREM TORCER A FAVOR DO USINEIRO?
A CADA DIA QUE PASSA, PARECE QUE SE TORNA MAIS URGENTE A REALIZAÇÃO DE UM PODEROSO EXORCISMO...
Para entender a situação do Quilombo Campo Grande
"De um lado
temos uma usina de cana de açúcar com uma única família proprietária.
Depois de décadas de uso excessivo da terra, desmatamento, trabalho
escravo e muitos processos trabalhista e dívidas, a usina pede falência.
Faliu não pagando salário pra ninguém, claro. Centenas de pessoas. Faliu devendo o valor das terras multiplicado por dez.
Do
outro lado temos as famílias que trabalhavam nesta usina e que ficaram
sem seus baixos salários. Sem nada. Se organizaram e lutaram para
conseguir uma parte da terra como o pagamento que não receberam. Para
produzir alimentos. Para alimentar os filhos.
Duas décadas de
trabalho. Temos hoje mais de 450 famílias e a produção de toneladas de
alimentos agroecológicos. Uma parte é certificada Orgânica pelo SPG que
faço parte da Orgânicos Sul de Minas.
Centenas de árvores
plantadas. Diversas nascentes e mina d'água reapareceram nas terras.
Centenas de famílias produzindo alimentos de qualidade. Não são
ultraprocessados ou comida envenenada, é milho de semente boa, feijão
orgânico, abóbora, hortaliças, ervas medicinais aos montes, o Café
Guaií. 15 mil sacas de café/ano ORGÂNICO. Muito trabalho e renda para
CENTENAS de famílias.
Durante a pandemia essas famílias doaram muitos quilos de comida orgânica na região para pessoas necessitadas.
A
P&G e a Unilever também doaram. Apareceu em todos os jornais e
sites, até nas propagandas da tv, só esqueceram de mencionar que eles
doaram comida ultraprocessados, sem qualidade nutricional, algumas com
prazo de validade expirando.
Ontem li de um brasileiro que essa
mamata iria acabar. Perguntei qual mamata? A mamata do latifundiário que
deve milhões pra União? Ele vai pagar? Vai pagar finalmente o que deve?
Ou a "mamata" de pegar na enxada e trabalhar de sol a sol pra produzir
comida orgânica? De cuidar do solo? A mamata de não usar veneno na
terra?
O brasileiro médio que aos quarenta anos recebe mesada do
papai porque não consegue produzir renda mensal para pagar as próprias
contas. O brasileiro que fala de boca cheia da meritocracia ou do
nepotismo.
Ou ainda o brasileiro que é pobre mas que sente um prazer
danado em defender o latifundiário escravocrata, chamo de síndrome do
Capitão do Mato, porque só pode né? Adoram falar que essas histórias de
MST não são boas não, é mentira, é tudo coisa de vagabundo.
Eu
sinto que falar de Reforma Agrária desperta um impulso de raiva em
algumas pessoas, de inveja. Onde já se viu esse monte de família pobre
lutando para conseguir um pedaço de terra pra plantar comida orgânica?
Que absurdo, esse monte de pobre aprendendo a plantar agrofloresta, a
fazer agroecologia. Construir escolas? Onde já se viu, que AUDÁCIA
deles. Tudo vagabundo. "Tem que comprar terra com dinheiro, suor". De
preferência terra de grilagem ou desmatamento de família latifundiária
escravocrata.
Esse proprietário latifundiário comprou essas
terras de quem né? Ah é, não comprou nada, só cortou todas as árvores,
plantou cana até a terra ficar desgraçada, gritar e não produzir mais,
então depois ele pediu falência.
Se fosse na Europa que o
brasileiro médio adora usar como referência, o MST ganharia um prêmio
pelo trabalho que faz no Quilombo Campo Grande e ainda receberia
subsídio do governo.
Ah, magina.
Eles ainda tem a
AUDÁCIA de querer comercializar comida orgânica por preços acessíveis,
colocando no chão essa a história do orgânico como nicho de mercado, de
comida de rico. Afinal, não é pra vender feijão orgânico por 8 reais/kg,
é pra vender por 25! Onde já se viu querer alimentar o povo com
orgânico?!
Bonito também é ver rico estudado montar "startup" de
orgânico. Com marketing bonito, com a foto do agricultor na lavoura de
mãos calejadas. É tão bonito que a gente vê essas startup ganhar MILHÕES
de dinheiros para desenvolver esse trabalho. E olha que uma cabeça de
brócolis deles passa de OITO reais no site bonito. O Armazém do Campo
vende por TRÊS, praticamente sem subsídio. Ah que absurdo reforma
agrária. Bonito é ver branco fazer permacultura na EcoVila.
Vai
passar um dia com alguma dessas famílias do Quilombo Campo Grande. Um
dia. Fica quietinho só olhando. Vai ver as hortas, conhecer o viveiro de
mudas que produzem, o trabalho das mulheres com as ervas medicinais.
Conhecer a dona Ricarda, a Débora, a Tuira, o Lucas e outros
agricultores da Cooperativa Camponesa. Vai ver as crianças que crescem
ali. Você volta sentindo estupidez da sua existência. Sentindo que é um
bosta, um frouxo.
Vai conhecer a ESCOLA que eles construíram com
as próprias mãos onde era um curral de gado que só tinha merda e que foi
o primeiro lugar que a polícia reintegrou ontem e colocou no chão hoje.
Passaram com o trator por cima da escola.
Ontem recolheram os montes de livros no colo, juntaram as mesas e carteiras das crianças nas costas. Não tem mais escola.
Essa história escancara o Brasil ao contrário.
Hoje
a polícia ainda está lá. Zema twitou (porque parece que só sabe fazer
isso) que suspenderia a reintegração, mas foi tudo papo furado pra
desmobilizar a militância online. Estão lá de prontidão, babando de
ânsia para passar o trator por cima das casas, das hortas e das árvores
desses agricultores. Passar o trator na terra de décadas trabalhada com
cuidado. Pra dar pro latifundiário que deve milhões, pra voltar a
plantar com veneno e a fazer escravidão.
Por Roberta Pessoa Tanu"
Tem uma frase do Victor Hugo que retrata dignamente o mundo que vivemos hoje:
- "É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos".
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