segunda-feira, 24 de agosto de 2020

NASA DEMONSTRA QUE 54% DOS INCÊNDIOS NA AMAZÔNIA SE DEVEM AO DESMATAMENTO

CLIMAINFO - 24 de agosto de 2020 

NASA contraria Bolsonaro: 54% das queimadas na Amazônia de 2020 têm origem no desmatamento 

 Bolsonaro e Mourão têm relativizado as queimadas na Amazônia com “dados” que mostrariam a maior parte dos focos de incêndio na região acontecendo em áreas já desmatadas. Para eles, o avanço do desmatamento não teria relação com o crescimento das queimadas. 

Mais uma vez, a ciência contraria a “neorealidade” do Planalto. Um novo sistema de monitoramento com imagens do VIIRS, desenvolvido pela NASA com as Universidades da Califórnia em Irvine (EUA) e de Cardiff (Reino Unido), indica que 54% dos focos de incêndio registrados neste ano na Amazônia estão associados ao desmatamento. O sistema é o 1º capaz de apontar em tempo real não apenas a localização dos focos, mas também a razão pela qual eles ocorrem - incêndios florestais, queimadas pequenas para limpeza de pastagem, queima natural ou incineração de árvores após o desmate, segundo informa O Globo. Os dados do VIIRS indicam também que os focos de incêndio aumentaram ao longo do último mês, mesmo com a vigência da moratória de queimadas decretada pelo governo em julho. 

Na Folha, os pesquisadores responsáveis pelo novo sistema manifestaram preocupação com a intensificação do desmate e das queimadas na Amazônia. “Aparentemente, nós estamos caminhando para uma situação comparável à de 2019 ou até pior”, disse Paulo Brando, da Universidade da Califórnia em Irvine. “A preocupação é que se uma seca mais severa ocorrer e fizer com que a floresta fique mais inflamável, nós poderemos ver um dos piores desastres ambientais na Amazônia no século XXI”. 

Em tempo: Na Deutsche Welle, Martin Kuebler ressaltou as marcas que os incêndios estão deixando na Amazônia ao longo dos últimos anos. Mais do que a vegetação carbonizada, o fogo consome também o solo, que perde nutrientes e fica empobrecido, o que prejudica o processo de regeneração natural da floresta. Mesmo árvores maiores, que sobrevivem com mais facilidade às queimadas, acabam sucumbindo algum tempo depois por conta da dificuldade de sobreviver em um ambiente desfavorável. 

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73% do desmatamento para garimpo na Amazônia em julho se concentrou em áreas protegidas 

Somente no mês de julho passado, 73% do desmatamento na Amazônia relacionado ao garimpo ocorreu em Unidades de Conservação e Terras Indígenas (TI), áreas que deveriam estar protegidas, segundo demonstra levantamento feito pelo Greenpeace.

 A partir de dados do sistema DETER-INPE, o levantamento identificou a supressão de 2.369 hectares de vegetação para exploração de garimpo na Amazônia neste período, com o Pará concentrando 91% dessa devastação - sendo que apenas duas cidades, Itaituba e Jacareacanga, respondem por 70% do desmatamento associado ao garimpo. Um total de 55% desse desmatamento ocorreu dentro de três áreas protegidas: Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, TI Munduruku e TI Kayapó, todas no Pará. “Os dados confirmam que o avanço do garimpo sobre as Terras Indígenas e Unidades de Conservação tem sido contínuo”, explica Carolina Marçal, do Greenpeace Brasil. “Essa realidade explicita a vulnerabilidade em que se encontram essas áreas e os Povos Indígenas diante da corrida desenfreada pelo ouro, que se alastra como uma epidemia pela Amazônia”. 

O levantamento foi matéria do Congresso em Foco e d'O Globo.

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