SALVEMOS NOSSO DIREITO À RESPIRAÇÃO, FONTE DA EXISTÊNCIA.
O direito universal à respiração. Artigo de Achille Mbembe
17 Abril 2020
"Se, de fato, a Covid-19 é a expressão espetacular do impasse planetário em
que se encontra a humanidade, então não se trata senão, nem mais nem menos, de
recompormos uma Terra habitável, porque ela oferecerá a todos a possibilidade
de uma vida respirável. Trata-se, pois, de recuperar os recursos do nosso mundo
com o fim de forjar novas terras. A humanidade e a biosfera estão
ligadas", escreve Achille Mbembe, filósofo, historiador e professor de
história e ciência política na Universidade de Witwatersrand (África do
Sul) e na Universidade de Duke (EUA), em artigo publicado
por AOC media - Analyse Opinion Critique e reproduzido por Buala
e Carta Maior, 14-04-2020. A tradução é de Mariana Pinto dos Santos
e Marta Lança
Eis o
artigo.
Se a Covid-19 é expressão espetacular do impasse planetário no
qual a humanidade se encontra, então trata-se, nada mais nada menos, de
recompormos uma Terra habitável, e assim ela poderá oferecer a todos uma vida
respirável. Seremos capazes de redescobrir a nossa pertença à mesma espécie e o
nosso inquebrável vínculo à totalidade do vivo? Talvez esta seja a derradeira
questão, antes que a porta se feche para sempre.
Algumas pessoas enunciam já um pós-Covid-19. Por que não? No entanto, para a maioria de
nós, especialmente nas zonas do mundo em que os sistemas de saúde foram
devastados por anos de negligência organizada, o pior ainda está para vir. Na
ausência de camas hospitalares, máquinas respiratórias, testes em quantidade,
máscaras, desinfectantes à base de álcool e de outros dispositivos de
quarentena para quem já foi atingido, infelizmente prevemos que muitos não
passarão pelo buraco da agulha.
A
política do vivo
Há algumas semanas, perante o tumulto e a
consternação que se anunciava, tentamos descrever estes nossos tempos. Tempos
sem garantia ou promessa, num mundo cada vez mais dominado pelo medo do seu
próprio fim, dissemos. Mas, ainda, tempo caracterizado por uma desigual
redistribuição da vulnerabilidade e por novos e ruinosos compromissos
com formas de violência tão futuristas quanto arcaicas, acrescentamos
[1]. E, pior, tempo de brutalismo [2].
Além das suas origens no movimento arquitetônico de
meados do século XX, definimos brutalismo como o processo contemporâneo pelo
qual o poder enquanto força geomórfica é atualmente constituído, se exprime, se
reconfigura, atua e se reproduz. E fá-lo pela fratura e fissura, pela
acumulação de barris, pela perfuração e pelo esvaziar de matéria orgânica
(p.11), por fim, pelo que chamamos de esgotamento (p. 9-11).
A este propósito, assinalamos os modos moleculares,
químicos e até radioativos desses processos: Não será a toxicidade, isto é, a
multiplicação de produtos químicos e resíduos perigosos, uma dimensão
estrutural do presente? Tais substâncias e resíduos não atacam apenas a
natureza e o ambiente (ar, solo, água, cadeias alimentares), mas igualmente os
corpos expostos ao chumbo, ao fósforo, mercúrio, berílio,
aos fluidos refrigerantes (p.10).
De fato, referíamo-nos aos "corpos vivos
expostos à exaustão física e a todo o tipo de riscos biológicos, muitas vezes
invisíveis". No entanto, falamos de vírus (quase 600 mil, transportados por todo o tipo de
mamíferos) apenas metaforicamente, no capítulo dedicado aos corpos-fronteira.
Porém, o que estava em causa [3] era, de novo, a política do vivo como
totalidade. E o coronavírus é obviamente o seu nome.
Humanidade
errante
Nestes tempos púrpuros — assumindo que a
característica que distingue os tempos é a sua cor — talvez devamos, por
conseguinte, começar por prestar homenagem a todos os que já nos deixaram. Uma
vez atravessada a barreira dos alvéolos pulmonares, o vírus infiltrou-se na circulação sanguínea. De seguida
atacou os órgãos e outros tecidos, começando pelos mais expostos.
Seguiu-se uma inflamação sistêmica. Quem, antes do
ataque, já apresentava problemas cardiovasculares, neurológicos
ou metabólicos, ou patologias ligadas à poluição, sofreram os mais
furiosos ataques. Sem fôlego e privados de máquinas respiratórias, muitos
partiram repentinamente, sem qualquer possibilidade de se despedirem. Os restos
mortais foram imediatamente cremados ou enterrados. Em solidão. Disseram-nos
para nos livrarmos deles o mais rapidamente possível.
Já que vamos por aí, por que não adicionar a estas
pessoas todas as outras, que prefazem dezenas de milhões, vítimas de HIV, cólera, malária, ebola, de vírus nipah, febre tifóide,
febre amarela, zika, chikungunya, a diversidade de cancros, epizootias
e outras pandemias zoonóticas, como a peste suína ou a febre
catarral ovina (ou língua azul), e todas as epidemias imagináveis
e inimagináveis que devastaram, durante séculos, povos sem nome em terras
distantes. Isto sem contar com substâncias explosivas e outras guerras
predatórias e de ocupação que mutilam e dizimam dezenas de milhares e atiram
para os caminhos do êxodo outras centenas de milhares de pessoas. A humanidade
errante.
Além disso, como esquecer o desmatamento intensivo, os mega-incêndios e a destruição de
ecossistemas, a ação nefasta das empresas que poluem e destroem a
biodiversidade, e hoje em dia — uma vez que o confinamento faz parte de nossa
condição — as multidões que habitam as prisões do mundo e outras pessoas cuja
vida é despedaçada contra muros e outras técnicas de criar fronteiras, sejam os
inúmeros check points que pontuam vários territórios, ou os mares, oceanos,
desertos e tudo o mais?
Ontem e anteontem, tratava-se apenas de aceleração,
de redes tentaculares de conexão abrangendo o globo inteiro, da inexorável
mecânica da velocidade e da desmaterialização. Era no computacional que se
supunha residir tanto o futuro dos humanos e da produção material como o
destino do vivo. Lógica omnipresente, com a ajuda da circulação a alta
velocidade e a memória em massa, bastaria transferir para um duplo digital
todas as capacidades dos vivos e pronto [4]. O estágio supremo da nossa breve
história na Terra, o humano poderia finalmente ser transformado em
dispositivo plástico. O caminho fora traçado para a realização do velho projeto
de extensão infinita do mercado.
No meio da intoxicação geral, é neste rumo
dionisíaco, descrito aliás em Brutalisme, que o vírus vem estancar-se sem, no entanto, o interromper
definitivamente, mesmo quando tudo fica na mesma.
Agora, porém, vive-se a
asfixia e a putrefação, amontoamento e cremação de cadáveres, numa palavra, a
ressurreição de corpos vestidos, de vez em quando, com a sua mais bela máscara
funerária e viral. Para os seres humanos, a Terra estaria prestes a
transformar-se numa roda dentada, a Necrópole universal? Até onde terá de
chegar a propagação de bactérias de animais selvagens entre os humanos se, na
realidade, a cada vinte anos, são cortados quase cem milhões de hectares de
floresta tropical (pulmões da Terra)?
Desde o início da revolução industrial no Ocidente que cerca de 85% das
áreas úmidas foram drenadas. À medida que continua inabalável a destruição de
habitats, as populações de saúde precária são, quase diariamente, expostas a
novos agentes patogênicos. Antes da colonização, os animais selvagens,
principais reservatórios de patogênicos, estavam confinados a ambientes onde
somente viviam populações isoladas. Foi o caso, por exemplo, dos últimos países
silvicultores do mundo, os da Bacia do Congo.
As comunidades que viviam nesses territórios e
dependiam de recursos naturais têm sido expropriadas. Têm sido expulsas em prol
da venda de terras por regimes tirânicos e corruptos, e pela concessão de
grandes cedências estatais a consórcios agroalimentares, deixaram de conseguir
manter a sua autonomia alimentar e energética que, durante séculos, lhes
permitiu viver em equilíbrio com a mata.
Nunca
aprendemos a morrer
Nestas condições, uma coisa é preocuparmo-nos com a
morte de outro, ao longe. Outra, é de súbito tomar consciência da própria
putrescibilidade, de viver na vizinhança da própria morte, de contemplá-la
enquanto possibilidade real. À partida, é esse o terror suscitado pelo
confinamento a muita gente, a obrigação de, por fim, responder pela sua vida e
nome.
Responder aqui e agora pela nossa vida sobre a Terra com outros (incluindo os vírus) e pelo
nosso nome em comum: é isto que o momento patogênico impõe à espécie humana.
Momento patogênico, mas também momento catabólico por excelência, o da
decomposição dos corpos, da triagem e da eliminação de todo o tipo de
detritos-de-homens — a grande separação e o grande confinamento, em resposta à
surpreendente propagação do vírus e em consequência da extensiva digitalização do
mundo.
Não importa o quanto nos tentemos livrar dele. No
final, tudo nos traz de volta ao corpo. Tentamos enxertá-lo noutros suportes,
fazer um corpo-objecto, um corpo-máquina, um corpo digital, um corpo
ontofânico.
Ele regressa sob a forma angustiante de uma enorme
mandíbula, veículo de contaminação, vector de pólen, de esporos e de bolor.
Saber que não estamos sós nessa provação, ou de que
seremos muitos a escapar, trará apenas um vão conforto. E se assim não for é
porque nunca aprendemos a viver com o que é vivo, a preocuparmo-nos
verdadeiramente com os danos causados pelo homem nos pulmões da Terra e no seu organismo.
Numa palavra, nunca
aprendemos a morrer. Com o advento do Novo Mundo e, alguns séculos mais tarde,
a aparição das raças industrializadas, nós escolhemos, numa espécie de
vicariato ontológico, delegar a nossa morte noutrem e fazer da própria
existência um grande repasto sacrificial.
Em breve deixará de ser possível delegar a morte
noutrem. O outro não morrerá mais em nosso lugar. Não seremos apenas condenados
a assumir, sem mediação, a nossa própria morte. Haverá cada vez menos
possibilidades de adeus. Aproxima-se a hora da autofagia e, com ela, o fim da
comunidade, porque dificilmente haverá comunidade digna desse nome se dizer
adeus, isto é, fazer a memória do vivo, deixar de ser possível.
Pois a comunidade, ou melhor, o em-comum, não
assenta apenas na possibilidade de dizer adeus, isto é, de ter um encontro
único com os outros e a honrá-lo de novo de cada vez. O em-comum assenta também
na possibilidade da partilha sem condição e de, a cada vez, recuperar qualquer
coisa de absolutamente intrínseca, ou seja, de incomensurável, incalculável, e
por isso sem preço.
O
digital, novo buraco na terra causado pela explosão
Manifestamente, o céu não deixa de escurecer. Presa
no ciclo vicioso da injustiça e das desigualdades, uma boa parte da humanidade está ameaçada pela grande asfixia, ao mesmo
tempo que prolifera o sentimento de que o nosso mundo alivia. Se, nestas
condições, ele existir no dia seguinte, não poderá ser à custa de alguns,
sempre os mesmos, como na Antiga economia. Deverá ser para todos os habitantes
da Terra, sem distinção de espécie, raça, sexo, cidadania, religião ou qualquer
outra marca de diferenciação. Por outras palavras, não poderá haver alívio
senão à custa de uma gigantesca ruptura, produto de uma imaginação radical.
Não basta tapar o buraco. No meio da cratera é
preciso tudo inventar, a começar pelo social. Pois quando trabalhar,
aprovisionar, informar-se, manter o contacto, nutrir e conservar as ligações,
conversar e trocar, beber juntos, celebrar o culto ou organizar funerais, não
pode ter lugar senão por interpostos ecrans, é tempo de tomar
consciência de que estamos cercados de anéis de fogo por todo o lado. Em grande
medida, o digital é o novo buraco que a explosão criou na terra. Trincheira,
entranhas e paisagem lunar ao mesmo tempo, é o bunker onde homem e
mulher isolados são convidados a refugiar-se. Acredita-se que, através do
digital, o corpo, a carne e os ossos, o corpo físico e mortal, se liberte do
peso e da inércia. No fim desta transfiguração, poder-se-á finalmente
atravessar o espelho, resgatados à corrupção biológica e restituídos ao
universo sintético dos fluxos. Ilusão porque, do mesmo modo que dificilmente
haverá humanidade sem corpo, também a humanidade não conhecerá a liberdade fora
da sociedade ou da dependência da biosfera.
Guerra
contra o vivo
É preciso portanto começar de novo, se, para as necessidades da nossa própria sobrevivência, for imperativo
devolver a tudo o que é vivo (incluindo a biosfera) o espaço e a energia de que
necessitam. Na sua versão noturna, a modernidade foi, do princípio ao fim, uma
interminável guerra travada contra os vivos. Ela está longe de acabar. A
sujeição ao digital é uma das modalidades dessa guerra. Conduz diretamente ao
empobrecimento e à dessecação de áreas inteiras do planeta.
É de temer que, finda esta calamidade, longe de
santificar todas as formas do estar vivo, o mundo infelizmente não evite um
novo período de tensão e brutalidade. No plano
geopolítico, a lógica da força e do poder continuará a prevalecer. Na ausência
de infraestruturas comuns, uma feroz divisão do globo acentuar-se-á e as linhas
de segmentação intensificar-se-ão. Muitos Estados procurarão reforçar as suas
fronteiras na esperança de se proteger da exterioridade. Lutarão igualmente por
reprimir a sua violência constitutiva, que descarregarão, como de costume, nos
mais vulneráveis entre os seus. A vida atrás de ecrans e em enclaves
protegidos por segurança privada tornar-se-á a norma.
Em África, em particular, e bem dentro das
regiões do Sul do mundo, a extração consumidora de energia, a expansão agrícola
e a predação, razão de ser da venda de terras e da destruição de florestas,
continuarão sem entrave. A alimentação e o arrefecimento de chips e
super-computadores disso depende. O fornecimento e o encaminhamento de recursos
e de energia, necessários à infraestrutura da computação planetária, far-se-ão
à custa de uma maior restrição da mobilidade humana. Manter o mundo à distância
será a norma, para poder expulsar para o exterior todo o tipo de riscos. Porém,
como não ataca a nossa precariedade ecológica, esta visão catabólica do mundo,
inspirada em teorias de imunização e de contágio, não permitirá sair do impasse planetário em que nos encontramos.
Direito
fundamental à existência
Podemos dizer que a propriedade principal das
guerras travadas contra o vivo era cortar o fôlego. Enquanto entrave maior à
respiração e à reanimação dos corpos e dos tecidos humanos, a Covid-19 inscreve-se na mesma trajetória. De fato, em que
consiste a respiração senão na absorção de oxigênio e na rejeição de
dióxido de carbono, ou na troca dinâmica entre sangue e tecidos? Mas
ao ritmo com que segue a vida na Terra, e tendo em conta o que ainda sobeja da
riqueza do planeta, estaremos assim tão longe do momento em que haverá mais
dióxido de carbono para inalar do que oxigênio a inspirar?
Antes deste vírus, a humanidade já estava ameaçada de asfixia. Se tiver
de haver guerra, deverá ser, em consequência, não contra um vírus em particular, mas contra tudo o que condena a grande
maioria da humanidade à paragem prematura de respiração, tudo o que ataca
fundamentalmente as vias respiratórias, tudo o que, na longa duração do capitalismo, confinou segmentos inteiros de populações e
raças inteiras a uma respiração difícil, ofegante, a uma vida pesada. Mas para
daí sair é preciso ainda compreender a respiração, para lá de aspectos
puramente biológicos, como aquilo que nos é comum e que, por definição, escapa
a qualquer cálculo. Falamos, assim, de um direito universal de respiração.
Simultaneamente acima do chão e nosso chão comum, o
direito universal à respiração não é quantificável. Não é
apropriável. É um direito relativo à universalidade, não apenas de cada membro
da espécie humana, mas do vivo na sua totalidade. É preciso então compreendê-lo
como um direito fundamental à existência. Enquanto tal, não pode ser confiscado
e, por isso, escapa a toda a soberania, uma vez que recapitula o princípio
soberano em si. Ele é, além do mais, um direito originário de habitação da
Terra, um direito próprio da comunidade universal dos habitantes da Terra, humanos e não-humanos [5].
Coda
O processo foi mil vezes intentado. Podemos recitar
de olhos fechados as principais acusações. Seja a destruição da biosfera, o resgate das mentes pela
tecnociência, a desintegração das resistências, os reiterados ataques contra a
razão, a crescente cretinice das mentalidades, ou a ascensão dos determinismos
(genéticos, neural, biológico, ambiental), as ameaças à humanidade são cada vez
mais existenciais.
De todos estes perigos, o maior será que toda e
qualquer forma de vida se torne impossível. Entre quem sonha transferir a nossa
consciência para máquinas e quem está persuadido de que a próxima mutação da
espécie reside na emancipação da nossa pandilha biológica, a diferença é
insignificante. A tentação eugenista não desapareceu. Pelo contrário, está na
base dos recentes progressos das ciências e da tecnologia.
Entretanto, esta paragem repentina surge, não da história,
mas de algo ainda difícil de entender. Por ser forçada, esta interrupção não é
um feito da nossa vontade. É, de diversas formas, simultaneamente imprevista e
imprevisível. Ora, é de uma interrupção voluntária, consciente e plenamente
consentida que precisamos, de outro modo pouco restará. Restará somente uma
série ininterrupta de acontecimentos imprevistos.
Se, de fato, a Covid-19 é a expressão espetacular do impasse planetário em
que se encontra a humanidade, então não se trata senão, nem mais nem menos, de
recompormos uma Terra habitável, porque ela oferecerá a todos a possibilidade
de uma vida respirável. Trata-se, pois, de recuperar os recursos do nosso mundo
com o fim de forjar novas terras. A humanidade e a biosfera estão ligadas. Uma
não tem futuro sem a outra. Seremos capazes de redescobrir a nossa pertença à
mesma espécie e o nosso inquebrável vínculo à totalidade do vivo? Talvez esta
seja a derradeira questão, antes que a porta se feche para sempre.
Notas de
referência
[1] Achille Mbembe et Felwine Sarr,
Politique des temps, Philippe Rey, 2019, p. 8-9.
[2] O mais recente livro do autor
tem precisamente este título, Brutalisme, ed. La Découverte, 2019. (N.T.)
[3] Achille Mbembe, Políticas da
Inimizade, Antígona, 2016.
[4] Alexandre Friederich, H . Vers
une civilisation 0.0, Editions Allia, 2020, p. 50.
[5] Sarah Vanuxem, La propriété de
la Terre, Wildproject, 2018; e Marin Schaffner, Un sol commun. Lutter, habiter,
penser, Wildproject, 2019.
http://www.ihu.unisinos.br/598111-o-direito-universal-a-respiracao-artigo-de-achille-mbembe
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