Nesta
segunda-feira (07) evento organizado pelo Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) levará ao Vaticano a conjuntura do Brasil e a
paralisação nas demarcações de terras indígenas. A mesa “Povos indígenas
e luta pela terra: desafios, ameaças e resistências”, que acontece
simultânea ao Sínodo da Amazônia, contará com a presença da relatora
especial das Nações Unidas para direito dos Povos Indígenas, Victoria
Tauli-Corpuz, do presidente do Cimi e bispo sinodal, dom Roque Paloschi,
dos indígenas Adriano Karipuna (RO) e Jair Maraguá (AM) e Marline
Dassoler, do secretariado nacional do Cimi.
O Instrumentum Laboris (IL) do Sínodo sublinhou a demarcação dos
territórios indígenas e o reconhecimento do seu direito à terra como um
elemento central para o debate da vida na Pan-Amazônia. No evento,
panelistas farão a ponte entre o que se debate na reunião sinodal e as
violências sofridas pelos povos no Brasil. Dom Roque Paloschi,
presidente do Cimi e um dos bispos presentes no Sínodo, trará à mesa os
primeiros diálogos ocorrentes na assembleia que se estende até o dia 27.
“Nós não queremos mais uma Igreja colonial, mas companheira e de
escuta”, pontuou Dom Paloschi durante a Assembleia do Cimi, ocorrida em
setembro.
Adriano Karipuna, liderança do povo Karipuna em Rondônia, Brasil,
antecipa o que estará em sua fala: “Nosso território tem sofrido
constante invasão de grileiros que retiram madeira e loteiam as terras
indígenas já demarcada. São invasões que ocorrem com autorização do
Estado brasileiro”. O que aponta a liderança Karipuna é uma política
orquestrada para “transformar a Amazônia em terra sem lei, livre para a
destruição em massa”, afirma o indígena. Em 2018 foram registrados 109
casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e
danos diversos ao patrimônio”, enquanto em 2017 haviam sido registrados
96 casos. Nos nove primeiros meses de 2019, dados parciais e
preliminares do Cimi contabilizam 160 casos do tipo em terras indígenas
do Brasil.
Jair Maraguá traz as realidades dos povos que enfrentas as pressões de
garimpeiros. “O rio é nossa fonte de vida. Tomamos água, nos banhamos,
comemos o peixe. Infelizmente hoje o que vem junto com nosso alimento é o
mercúrio e o cianeto”, lamenta a liderança ao relatar a intoxicação por
substâncias usadas na extração de minérios. “As ameaças que sofremos
devido ao garimpo coloca nossa vida em risco”.
Com território em fase de demarcação desde 2001, o representante vindo
do Amazonas reforça a posição de Adriano Karipuna: A não demarcação das
terras indígenas intensifica as ameaças. “Vivemos um governo que diz que
não irá demarcar. Além de desrespeitar a Constituição Federal, ele
legitima a violência com os povos. A demarcação é o primeiro passo para o
respeito aos nossos direitos”, sustenta Jair Maraguá.
O
Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2018
divulgado pelo Cimi em setembro denuncia o substancial aumento da
grilagem, do roubo de madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da
implantação de loteamentos em seus territórios tradicionais. Adriano
Karipuna e Jair Maraguá trazem ao Sínodo e as esferas internacionais
práticas que colocam em risco a própria sobrevivência de diversas
comunidades indígenas no Brasil.
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Evento simultâneo ao Sínodo: Povos indígenas e luta pela terra: desafios, ameaças e resistências
Data e horário: 07 de outubro, segunda feira, 19h30
Local: Roma, Itália, Centro Internacional Juvenil San Lorenzo
Contato:
Guilherme Cavalli – em Roma
+353 83 175 83 85
Adi Spezia
61 99641-6256
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