NOTA PÚBLICA
O
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra de Goiás vem
compartilhar a importante conquista das famílias acampadas na ocupação estadual
Leonir Orback, localizada na fazenda Ouro Branco, de propriedade da Usina Santa
Helena.
No
final do dia 08 de agosto, o Tribunal de Justiça de Goiás, decidiu pela
suspensão da reintegração de posse da Usina, que havia sido autorizada pelo
juiz da Comarca de Santa Helena, Thiago Brandão Boghi, o mesmo que lidera o
processo de criminalização do MST em Goiás.
A
decisão do tribunal acolheu os argumentos de que: a) o imóvel ocupado não
cumpre a função social especialmente porque a empresa encontra-se em
recuperação judicial e que, contraditoriamente, cede parte considerável da área
para cultivo de soja; b) o novo Código de Processo Civil brasileiro incentiva a
mediação de conflitos e a decisão da justiça de Santa Helena simplesmente
ignora tal orientação, decidindo pela reintegração sem dar qualquer
possibilidade de defesa das famílias; c) a realização de um despejo em uma área
comprovadamente de uma empresa fraudulenta em detrimento ao Direito à Reforma
Agrária poderia alavancar
um grave conflito no local.
Esta
decisão expõe a carga ideológica dos processos conduzidos pela Comarca de Santa
Helena e deixa claro para as famílias o vínculo entre o judiciário local e as
forças do agronegócio. Também vai ao encontro da inocência dos dois presos
políticos e dos dois exilados, ao deixar claro que a luta das famílias é uma
luta justa e digna, pela reforma agrária, não uma ação criminosa.
Embora
parcial e temporária, essa pequena vitória reafirma a importância da pressão
popular para a realização da reforma agrária e também a veracidade das
acusações do MST sobre a Usina Santa Helena, devido o não cumprimento da função
social da propriedade em todos os seus aspectos econômicos, trabalhistas,
sociais e ambientais.
Reconhecemos
a importância da solidariedade de indivíduos e organizações sindicais,
populares, religiosas e partidárias, que desde a região de Rio Verde, de todo o
estado de Goiás, até de âmbito nacional e internacional, vêm contribuindo com a
resistência aos processos de criminalização do MST e somando forças pela
desapropriação da Usina Santa Helena. Destacamos, em especial, a fundamental
mediação realizada pelos bispos Dom Guilherme Werlang e Dom Washington Cruz
nestes últimos dias em busca de evitar um conflito.
Seguiremos
na luta pelo assentamento das 6.500 famílias acampadas em Goiás, pela melhoria
da vida nos assentamentos e pela libertação dos nossos presos e perseguidos
políticos.
Lutar! Construir Reforma
Agrária Popular!
Leonir Orback, Presente!
Goiânia, 09 de agosto de 2016
DIREÇÃO ESTADUAL DO
MST-GO
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