A revisão de Lovelock.
Roberto Malvezzi (Gogó)
James
Lovelock, o cientista da teoria de Gaia, surpreende mais uma vez. Agora,
fazendo uma revisão da mais pavorosa previsão sua a respeito do
aquecimento global, afirma textualmente que ele "não está acontecendo na
velocidade prevista". Em outras palavras, a previsão que até o final
desse século só haveria seres humanos nas regiões geladas onde hoje
estão os pólos, foi refeita.
Em si, a afirmação de Lovelock é um alívio. Afinal, a
extinção massiva da vida, inclusive da humana, já não aparece num
horizonte tão curto em termos históricos.
Diante dessa revisão logo surgiram as hienas do
status quo, afirmando que as previsões das mudanças climáticas estão
sendo enterradas. Entretanto, a afirmação do cientista é que elas "estão
acontecendo, mas numa velocidade mais lenta que a que ele previa".
Portanto, não é hora de continuarmos com a emissão
de CO2 na quantidade agora emitida, na derrubada das florestas, nas
mudanças do Código Florestal, sob o pretexto que as mudanças climáticas
são mais lentas que o previsível. Essa é a filosofia das cabeças que se
recusam a encarar os fatos.
Os fenômenos extremos estão acontencendo e se
agudizando; as geleiras derretendo; a perda dos aquíferos em expansão; a
corrosão da biodiversidade em aceleração; a perda de solos
agricultáveis ídem. Um simples grau a mais na temperatura média da Terra
já ocasiona problemas climáticos, com consequetes tragédias,
suficientes para nos precavermos.
Com a revisão de Lovelock, permanecem ainda mais
vivas e pertinentes as previsões do IPCC, com o aumento da temperatura
média da Terra até o final do século entre dois e quatro graus. Segundo
esse bloco de cientistas, o esforço humano deveria ser para tentar
conter a mudança da temperatura no limite de dois graus, para que a
tragédia não seja fora de qualquer controle.
A boa notícia que vem da revisão de Lovelock é que
podemos ter mais chances, talvez um pouco mais de tempo, para evitarmos o
pior.
Mais que nunca, ao invés de acelerarmos a
depredação, seria hora de aumentar a precaução, com preservação das
florestas, a mudança na matriz energética, a diminuição do consumo, o
cuidado com os solos e água, assim por diante. Enfim, reinventarmos
nossa civilização.
É o que gostaríamos de ver sinalizar a Rio+20, é o que defende a Cúpula dos Povos.
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