terça-feira, 22 de maio de 2012

POR UMA ASSEMBLEIA DOS POVOS PERMANENTE, DEMOCRÁTICA E SEM DONOS

Pode-se dizer que a autoconvocação dos movimentos e organizações sociais do mundo para a Cúpula dos Povos, a ser realizada no Rio de Janeiro entre os dias 15 e 23 de junho de 2012, é expressão de soberania popular mundial. Mesmo com limites, será um espaço aberto para definir o que os povos querem que se faça para recuperar o meio ambiente da vida na Terra, gravemente agredido pelo sistema de crescimento econômico sem fim promovido e imposto pelas empresas e governos capitalistas.

De toda forma, será a primeira prática de uma Cúpula, ou Conferência, internacional autônoma em relação aos governos dos países que constituem a ONU, e autônoma, por isso, em relação à própria ONU. Como as decisões ou embromações da Rio+20 serão tomadas por representantes de governos submetidos e a serviço dos grupos econômicos que controlam e usam do mercado capitalista globalizado, é praticamente certo que nada de novo e sério será definido, repetindo os circos a que foram reduzidas as muitas conferências realizadas a parir de ECO´92. Se os avanços seguirem a lógica e os rumos das anteriores, a Rio+20 promoverá a proposta de Economia Verde elaborada e vista como indispensável pelas grandes corporações capitalistas. Será mais uma tentativa de tapar o sol com a peneira: dizer que com a incorporação dos bens naturais ao mundo das mercadorias será possível manter o crescimento econômico de forma ambientalmente equilibrada.

Diante da constatação de que a ONU não consegue ser espaço de articulação mundial independente dos grupos e países capitalistas dominantes, não será tarefa e desafio da Cúpula dos Povos abrir um processo constitutivo de uma Assembleia dos Povos permanente, democrática, sem donos? Esse processo poderia ser realizado no período de um ano, com dinâmica e metodologia participativa, encerrado com uma Cúpula dos Povos com o objetivo específico de definir a missão, os princípios, os valores em que se fundará a Assembleia Permanente dos Povos, bem como o planejamento inicial de suas ações e as mediações organizativas necessárias.

Se a Cúpula dos Povos não assumir este desafio, quem dará este passo absolutamente necessário para evitar que a humanidade siga para o abismo criado e recriado pelo capitalismo liberal e neoliberal? Para quem leva a sério o que já se conhece das causas e das conseqüências socioambientais do aquecimento e das mudanças climáticas, é absolutamente urgente dar um passo capaz de despertar o senso crítico e a esperança dos povos da Terra, gerando uma energia política soberana capaz de exigir democraticamente as transformações estruturais que devem ser feitas para reconstruir relações de cooperação e cuidado com a Terra, única mãe da vida que conhecemos.

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