O Deus de Jesus x o deus dos tiranos
Roberto Malvezzi (Gogó)
O Deus de Jesus de Nazaré sempre será um mistério. Não só porque é o
Criador de tudo que existe, inclusive cada um de nós, mas porque saiu de
sua grandeza para tornar-se um ser humano na barriga de uma jovem
periférica, num país periférico, num povo periférico,
nas condições mais precárias daquele tempo. Aceitar que Deus saiu de
sua grandeza para tornar-se um de nós é mesmo absurdo, portanto,
compreendo perfeitamente quem não acredita e até ri de nossa fé. Não é
maldade, mas o mistério é mesmo maior que nossa compreensão.
O Deus de Jesus é poderoso, mas respeita cada pessoa, o problema
particular de cada ser, mas ao mesmo tempo é o Senhor do Universo. Para
Ele, o pequeno e o grande, o espetacular, o inimaginável andam juntos em
pé de igualdade. É desse Deus que falamos no Natal
cristão, aquele que se torna um de nós, que mora conosco e eleva tudo e
todos à grandeza de seu projeto definitivo.
O problema do Deus de Jesus é que Ele é amor, portanto, não pode usar de
violência para impor seu projeto, mas o anuncia, oferece e depende de
cada um aceitar seguir seus caminhos, ou mesmo recusar suas dádivas.
Outro é o “deus dos tiranos”, esse que está em moda hoje no Brasil. O
deus que está acima de tudo, de todos, que odeia os pobres, os negros, a
população LGBT, que tem armas, que tortura, que mata, que pune os
indefesos, que rouba os direitos dos trabalhadores,
a saúde dos doentes. Esse é o deus de mercenários bilionários, num país
de milhões de desempregados e até com a volta da fome e da miséria.
Por isso, o Deus de Jesus se escreve com “D”. Por isso o deus dos
tiranos se escreve com “d”. O deus dos tiranos é o deus de Hitler. “Brasil
acima de Tudo e
Deus acima de todos”, esse é o lema do atual governo brasileiro.
“Deutschland über alles”, é o Deus de Hitler que o atual governo trouxe para o Brasil.
Não nos espantemos. Esse deus parece poderoso, mas é fraco, normalmente desaparece com o ditador que o criou.
O Deus de Jesus, na sua fragilidade-amorosa, está sempre presente no meio de nós, até o pleroma, quando Deus será tudo em todos.
Uma luz brilha nas trevas.
Feliz Natal a todos e todas.
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