“Se saio para o campo, eis os feridos pela espada;
se entro na cidade, eis as vítimas da fome;
até os profetas e sacerdotes atravessam a terra e não compreendem!” (Is 14:18)
Foi
com indignação e assombro que assistimos, durante a reunião de
diretoria, realizada no dia 19 de dezembro, ao vídeo da ação de despejo
realizada contra camponeses e camponesas do município de Pinhão, estado
do Paraná.
O
despejo das famílias é consequência do cumprimento de uma reintegração
de posse em favor da empresa pertencente à família Zattar.
As
imagens das pessoas tendo suas casas derrubadas por máquinas, sem ao
menos conseguirem retirar seus pertences, são chocantes. Assim como
chocam as imagens da destruição do Posto de Saúde e da Igreja da
comunidade.
Estas
ações têm sido recorrentes, assim como o assassinato de lideranças
camponesas em diferentes regiões de nosso país. A chacina de Pau D’Arco é
o símbolo maior, neste ano, dos impactos de um modelo agrícola baseado
na concentração de terra.
Tal como o despejo de Pinhão, há despejos ocorrendo em Marabá, no Pará, e também Palma Sola, em Santa Catarina.
Estas
ações não são fatos isolados. Elas são consequência do império do
mercado que financeiriza a terra e não leva em consideração a vida, a
história, a espiritualidade e a cultura dos povos. Diante dos interesses
do mercado, a vida das pessoas é secundária e descartável.
Como
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, repudiamos a ação
realizada em Pinhão. Oremos pelas famílias que foram despejadas!
Das
autoridades competentes, exigimos medidas cabíveis para reverter a
decisão que impede estas famílias de permanecerem em seu território.
Às igrejas locais, pedimos que mobilizem a solidariedade e que sejam voz profética.
Expressamos
nosso apoio e compromisso com as demais comunidades que sofrem a
pressão dos grandes grupos agrários para deixarem suas terras.
Que
nesse tempo de Natal, cristãos e cristãs possam colocar-se no lugar das
famílias despejadas e das que ainda podem perder suas terras. Sentir a
dor do outro e solidarizar-se com a pessoa próxima, a exemplo do Bom
Samaritano (Lc 10:30-37), é o que de mais próximo podemos experimentar
do sentido do Natal.
Que
o Deus da paz, revelado na manjedoura em Belém, rompa o gelo de nossos
corações. A paz apenas será concreta se os direitos humanos forem
respeitados em sua plenitude.
CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Foto: Reprodução / Central Cultura de Comunicação
Pa. Romi Márcia Bencke
Secretaria Geral
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
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