Comparar as emissões de gases de efeito estufa de uma usina hidrelétricas às de usinas termelétricas que queimam carvão ou gás pode parecer insensato. No entanto, um estudo publicado na revista científica americana Environmental Research Letters mostra que as emissões de seis das 18 hidrelétricas que o governo brasileiro ergueu recentemente, está erguendo ou pretende erguer na Amazônia poderão ser equivalentes aos de usinas que queimam combustíveis fósseis. A produção de gás metano, devido a decomposição de matéria orgânica submersa nos reservatórios das hidrelétricas, das usinas de Sinop, no Mato Grosso, e a de Cachoeira do Caí, no Pará, por exemplo, podem ultrapassar as emissões das usinas termelétricas de carvão. Desta forma, aos impactos destas grandes obras - na biodiversidade e no modo de vida da população - podem ser somados elevados níveis de emissão de gases de efeito estufa que agravam as mudanças climáticas. Se estes motivos não são suficientes para convencer o governo brasileiro de que não é uma boa ideia que 85% da potência hidráulica a ser agregada ao sistema elétrico brasileiro até 2022 venha de hidrelétricas na Amazônia, é válido lembrar que o aquecimento global reduzirá a oferta de energia no mundo e que a estiagem que tem limitado a produção de energia nas hidrelétricas brasileiras será comum nas próximas décadas. Ao invés de direcionar investimentos para estas grandes obras que trazem impactos socioambientais na Amazônia e que estão sujeitas à diminuição de vazão de rios e podem estar fadadas a gerar muito menos energia do que o previsto inicialmente, o Brasil pode escolher diversificar sua matriz energética apostando em outras renováveis como a energia solar e eólica, trazendo mais segurança para seu sistema elétrico com energia limpa.
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