O documento mais importante da política econômica do século 21
foi publicado nesta semana pela IEA (Agência Internacional de Energia).
Num relatório de 224 páginas produzido
por dezenas de especialistas do mundo inteiro, a IEA traçou pela
primeira vez o mapa do caminho sobre como zerar emissões líquidas de
gases de efeito estufa em 2050. E avisa: a trilha é estreita e o abismo
é profundo.
Dois recados
principais do relatório deveriam estar causando crises de ansiedade em
planejadores de energia mundo afora. O primeiro é que quase metade das
reduções de emissões a serem obtidas daqui a 35 anos vem de tecnologias
que ainda não entraram no mercado – que estão em protótipo ou em fase
de demonstração. É o caso de baterias avançadas, sistemas de produção
de hidrogênio e captura de CO2 do ar.
O segundo
recado, não menos importante, é que nenhum projeto novo de extração de
combustíveis fósseis pode acontecer no planeta a partir de 2021. Você
leu certo: a Agência Internacional de Energia, fundada em 1974 para
ajudar a gerir estoques de petróleo, está dizendo que o óleo e o gás
remanescentes em jazidas conhecidas no mundo deve permanecer no subsolo
daqui para a frente. Será preciso combinar com países como o Brasil,
que está em plena febre de leilões de óleo e gás.
Na trajetória
desenhada pela agência, o uso de combustíveis fósseis declina de quatro
quintos da matriz energética global hoje para um quinto em 2050. Dois
terços da energia mundial seriam fornecidos por renováveis. A
capacidade instalada de solar para isso precisaria chegar a 630 gigawatts por
ano até 2030. É quatro vezes o que o Brasil tem em todo o
seu sistema elétrico.
Devido a
ganhos de eficiência, o mundo chegaria a 2050 consumindo 8% menos
energia do que hoje, mas com uma economia duas vezes maior e 2 bilhões
de pessoas a mais no planeta.
A ver como o
documento será recepcionado em novembro na COP26, a conferência do
clima de Glasgow.
Foto: Science
in HD/Unsplash
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