quinta-feira, 5 de março de 2015

DESPEJO DOS SEM-TERRA DE GOIÁS, MAIS UMA VEZ

ATÉ QUANDO A POPULAÇÃO BRASILEIRA ACEITARÁ QUE A ÚNICA FORMA DE GERAR RENDA PARA VIVER É ACEITAR EMPREGOS TEMPORÁRIOS, BAIXOS SALÁRIOS E, AGORA, EXIGÊNCIAS QUE TORNAM QUASE IMPOSSÍVEL ACESSAR O SEGURO DESEMPREGO? ATÉ QUANDO ACEITARÁ QUE AS CRISES CRIADAS PELOS RICOS SEJA ENFRENTADA COM MAIS SACRIFÍCIOS DAS VIÚVAS POBRES E OS ÓRFÃOS?

NÃO HÁ CAMINHO DE VERDADEIRA DEMOCRACIA NO BRASIL SEM UMA EFETIVA REFORMA AGRÁRIA. E UMA DAS MELHORES FORMAS DE DIMINUIR A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA, JUNTO COM TRABALHO QUE GERA RENDA, É O AUMENTO DO NÚMERO DE ASSENTAMENTOS COMO QUERIA SER O DOM TOMÁS BALDUINO: DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA, OFERTANDO DE QUALIDADE E CULTIVANDO COM CUIDADO AMOROSO A NATUREZA.

POR MAIS QUE PAREÇA AINDA MAIS DIFÍCIL DEPOIS DE MAIS ESSE DESPEJO, SE QUISERMOS QUE A TERRA NOS NOS EXPULSE DELA PRECISAMOS EXIGIR A TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA DA PROPRIEDADE DE TERRA E O APOIO COM RECURSOS PÚBLICOS SOMENTE DA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA.

NOTA SOBRE O DESPEJO DO ACAMPAMENTO DOM TOMÁS BALDUÍNO

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra do Estado de Goiás – MST/GO – vem a público denunciar a grave injustiça que ocorre nestes dias 04 e 05 de março, com o despejo das três mil famílias do Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Corumbá de Goiás. As famílias estavam ocupando, desde o dia 31 de agosto, uma pequena parcela do imenso latifúndio de propriedade do senador Eunício Oliveira (PMDB/CE).

O Estado Burguês, a serviço do arcaico latifúndio colocou as famílias em uma condição de tragédia anunciada: o despejo forçado, com uma força policial de cerca de 2 mil homens. Essa ação foi capitaneada pelo juiz da Comarca de Corumbá, dr. Levine Artiaga, e, lamentavelmente, não foi enfrentada nem pelo governo estadual, nem pelo governo federal.

Ao longo desses seis meses, as famílias construíram nesta ocupação os elementos de uma reforma agrária popular, que interessa ao povo do campo e da cidade. Conseguimos demonstrar para a sociedade a imoralidade e ilegalidade de uma propriedade construída a partir da expulsão de centenas de famílias camponesas, por meio da força e de recursos financeiros de origem suspeita. Construímos a produção de alimentos saudáveis, em quantidade, diversidade e preço acessível. E garantimos a educação de crianças, jovens e adultos.

A tragédia do despejo forçado só foi evitada, no entanto, pela consciência, responsabilidade e clareza que as famílias do MST tiveram ao entender que este é um momento de recuo, mas sem desistir do objetivo central que é transformar esse latifúndio em um grande assentamento. Essa decisão é fruto também da solidariedade de inúmeras pessoas, organizações, movimentos e instituições, com os quais nos comprometemos em retribuir com a geração de postos de trabalho e a produção de alimentos saudáveis. Reconhecemos também a decisiva disposição de diálogo, até o limite estabelecido pela decisão judicial, do comando da operação militar.

Os elementos determinantes para essa decisão das famílias do acampamento Dom Tomás Balduíno estão nos compromissos assumidos pelo Governo Federal. Todas as famílias serão cadastradas e assentadas a partir do seguinte cronograma: i) em 60 dias a apresentação de, no mínimo, 10 áreas destinadas para reforma agrária, totalizando pelo menos 18 mil hectares; ii) vistoria do comprimento da função socioambiental do Complexo Agropecuário Santa Mônica e; iii) levantamento da cadeia dominial de todo o latifúndio. Também conquistamos o direito de poder colher toda a produção que hoje cresce na área ocupada, no período adequado de colheita de cada lavoura.

Temos a convicção de que a luta popular, que articula indignação e sabedoria, não retrocederá. Ao contrário, esta é mais uma etapa de uma longa luta que apenas terá seu êxito, em âmbito regional, no momento em que todo o latifúndio do Senador Eunício Oliveira se transformar no maior assentamento da reforma agrária do país, de caráter agroecológico; e, em âmbito nacional, quando todos os latifúndios forem desapropriados e todas as famílias sem terra puderem produzir alimento para os seus e para a cidade.

Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!

Corumbá, 05 de março de 2015

Direção Estadual do MST/GO

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